BNDES vai destinar R$ 500 mi para financiar produção de material e equipamento para o SUS

O programa "BNDES Fornecedores SUS" ficará vigente até meados de 2028 e pretende contribuir para o alcance da meta da nova política industrial, lançada em 2023, que estabelece a ampliação da participação de produtos locais para 70% do consumo de medicamentos, materiais para saúde e vacinas.

“A gente viveu a pandemia e viu a importância de ter um setor industrial fortalecido na área de saúde para ter uma dependência menor de importação e [o programa] faz parte do processo de fortalecimento da política industrial”, destacou ao Valor o diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, José Luis Pinho Leite Gordon.

A ideia do projeto é facilitar o acesso ao crédito para pequenas e médias empresas do setor, além de desburocratizar esse processo.

“Algumas linhas aqui no BNDES começam com R$ 20 milhões ou com R$ 40 milhões de valor mínimo do projeto. Para uma empresa média ou pequena, esses valores são altos. Então para um segmento estratégico ao país, onde o Brasil precisa fortalecer uma demanda do SUS, nós vamos apoiar com projetos que vão começar com R$ 10 milhões, ou seja, nós estamos reduzindo o valor mínimo de projetos para apoiar esse tipo de empresa”, disse Gordon.

O programa quer reduzir problemas da rotina das empresas desse setor, como a formação de estoques e a diversidade de compradores com diferentes estruturas jurídicas. Os recursos ofertados pelo programa serão destinados para melhorar a estrutura financeira dos fornecedores.

“É preciso renovar o parque industrial dos nossos hospitais ligados ao SUS, eles precisam de inovação. Essa linha vai ajudar na renovação de máquinas e equipamentos que estão ligados ao SUS. Então essa linha é muito diferenciada e vai facilitar o processo de financiamento de empresas desse segmento”, destacou.

Segundo a Associação Brasileira da Indústria de Dispositivos Médicos (Abimo), existem cerca de 4 mil empresas no setor de dispositivos médicos no Brasil, sendo apenas 224 do segmento de aparelhos e equipamentos.

Outros dados do setor apontam que o valor da produção de dispositivos médicos foi de R$ 21,1 bilhões em 2022, dos quais R$ 17,2 bilhões são referentes a instrumentos e materiais e R$ 3,8 bilhões relativos ao segmento de aparelhos e equipamentos para saúde. Já em 2023, o déficit do setor chegou a US$ 21 bilhões, considerando medicamentos, vacinas, insumos farmacêuticos ativos, equipamentos e materiais de uso em saúde.