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Por Daniela Chiaretti, Valor — São Paulo


O novo levantamento do MapBiomas, divulgado nesta quinta-feira, mostra que o Brasil perdeu 96 milhões de hectares de vegetação nativa entre 1985 e 2022. É o equivalente a 2,5 vezes o território da Alemanha. A proporção de vegetação nativa caiu de 75% para 64%. A agropecuária avançou sobre os biomas brasileiros, com exceção da Mata Atlântica, o mais desmatado. Na última década, a perda de vegetação nativa foi mais rápida.

Hoje, há dois novos arcos de desmatamento em polos de expansão agrícola: na região conhecida por Matopiba (ocupando partes do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) e no oeste da Amazônia, fronteira entre Amazonas, Rondônia e Acre, região conhecida como Amacro.

Na Amacro, o uso agropecuário aumentou 10 vezes nos últimos 38 anos, chegando a 5,3 milhões de hectares — ou 21% da área do território. No nordeste do Cerrado, no Matopiba, a agropecuária aumentou 14 milhões de hectares, chegando a 25 milhões de hectares em 2022, equivalentes à 35% do território.

Na Amazônia, a área ocupada pela agropecuária saltou de 3% para 16% no período. No Pantanal essa faixa foi de 5% para 15%. No Pampa, de 29% para 44%. Na Caatinga, de 33% para 40%. Atividades agropecuárias ocupam agora metade do Cerrado – em 1985 eram pouco mais de um terço (34%). As pastagens avançaram sobre 61,4 milhões de hectares e a agricultura, sobre 41,9 milhões de hectares.

A soja avançou sobre todos os biomas. Eram 4,5 milhões de hectares em 1985 e foram 39,4 milhões de hectares em 2022. A cultua está mudando o perfil histórico do Pampa, que, assim como o Pantanal, sempre teve a pecuária sobre campos nativos como a principal atividade rural.

Esses são alguns dos dados do “Mapeamento anual de cobertura e uso da terra no Brasil de 1985 a 2022 – Coleção 8”. O MapBiomas é uma rede formada por ONGs, universidades e empresas de tecnologia que observa e analisa as transformações do território brasileiro.

O levantamento mostra como a perda de vegetação nativa se acelerou com o novo Código Florestal, de 2012. As imagens de satélite mostram que, nos cinco anos antes da nova lei (2008-2012), a perda foi de 5,8 milhões de hectares, mas nos cinco anos seguintes (2013-2018) a perda foi de 8 milhões de hectares. De 2018 a 2022 alcançou 12,8 milhões de hectares – 120% de crescimento em relação ao período de antes do novo Código.

A equipe analisou a evolução anual da perda de cobertura de vegetação nativa agrupada em períodos de cinco anos desde 1992, quando ocorreu a Rio 92, a conferência da ONU sobre meio ambiente e o desenvolvimento.

“O período de maior perda foi aquele imediatamente antes da aprovação do Código Florestal em 2012. Desde então, a perda se acelerou ainda mais, com aumento do desmatamento. Estamos nos distanciando, em vez de nos aproximar do objetivo de proteger a vegetação nativa brasileira previsto no Código Florestal e do compromisso de zerar o desmatamento até o final desta década", diz Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas, em nota divulgada à imprensa.

Outro dado revelador é que de toda conversão de vegetação nativa em cinco séculos no País – áreas verdes que deram lugar a cidades ou atividades agropecuárias--, 33% aconteceu nos últimos 38 anos. Na Amazônia e no Cerrado esse processo foi equivalente à área da França.

Esta edição do MapBiomas também traz dados sobre áreas onde a vegetação original foi desmatada e agora possuem vegetação se regenerando. A vegetação secundária, como é chamada, era de 44 milhões de hectares em 2022. Há dados para 29 classes de uso da terra, incluindo áreas de dendê e floresta alagável.

A perda de vegetação nativa aconteceu em 25 Estados entre 1985 e 2022. São Paulo se manteve estável (mas com apenas 21% da vegetação nativa) e só o Rio registrou um pequeno aumento de vegetação.

Outros destaques são as terras indígenas, que ocupam 13% do território nacional e contém 19% de toda a vegetação nativa do país e apenas 1% de perda nas três últimas décadas.

Preocupam os dados de água e campos alagados no Pantanal, diz a nota.

Em 1985 o Pantanal tinha 47% de água e campos alagados; na última cheia, em 2018, a inundação alcançou 36% do bioma e, em 2022, apenas 12% do bioma foram mapeados como água e campos alagados.

Os dados mostram ainda que 64% do país é coberto por vegetação nativa, 33% por agropecuária. As propriedades privadas concentram 41% da vegetação nativa do país.

 — Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
— Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
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