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Por Mônica Magnavita — Para o Valor, do Rio


Marina Grossi, presidente do Cebds: “Ganhamos no preço. O mercado regulado pode alavancar isso” — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo
Marina Grossi, presidente do Cebds: “Ganhamos no preço. O mercado regulado pode alavancar isso” — Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

A crise climática que ameaça o planeta evidencia a necessidade urgente da criação de um mercado regulado de carbono como um dos instrumentos eficazes para contenção do aquecimento global. A questão ganhou destaque em debates sobre o tema durante a Glocal Experience, conferência sobre sustentabilidade que reuniu especialistas no Rio de Janeiro na semana passada, tendo em vista as projeções desafiadoras da ONU para as próximas décadas. O mundo só conseguirá evitar aquecimento superior a 1,5º C se os países não emitirem mais de 500 bilhões de toneladas de carbono até 2100. O limite é ambicioso e preocupante, já que hoje o volume gira em torno de 60 bilhões de toneladas. Para atingir tal meta, o planeta precisará manter emissões negativas a partir de 2050.

Pressa, portanto, é palavra-chave dessa agenda, na qual Brasil tem papel relevante. “Somos o quinto maior emissor mundial, mas a maior parte vem pelo mau uso da terra”, diz Tasso Azevedo, coordenador geral do MapBiomas e debatedor de um dos painéis. Ao contrário dos quatro primeiros países da lista, que têm em suas matrizes energéticas as principais fontes de emissão, o Brasil possui uma das matrizes mais limpas do mundo, credenciais que o qualificam como protagonista no mercado global de carbono, a ser criado. Isso, claro, se houver rapidez na regulação do sistema de créditos e adoção de medidas efetivas de preservação de suas florestas.

As vantagens competitivas serão visíveis e o país precisa aproveitar tal oportunidade. “Se colocarmos preço no processo de produção de uma garrafa fabricada no Brasil, veremos que a mesma garrafa vinda da China usou energia suja [combustíveis fósseis] e nós energia limpa [fontes renováveis]. Ganhamos no preço. O mercado regulado tem possibilidade de alavancar isso”, diz Marina Grossi, presidente do Cebds, instituição que reúne cerca de cem empresas em torno dessa agenda.

Azevedo, do MapBiomas: “Somos o quinto maior emissor mundial, mas a maior parte vem pelo mau uso da terra” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Azevedo, do MapBiomas: “Somos o quinto maior emissor mundial, mas a maior parte vem pelo mau uso da terra” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

A urgência na regulação desse sistema também foi enfatizada por Bruno Aranha, diretor do BNDES, banco que incluiu a descarbonização em sua atuação. “O Brasil tem oportunidade única porque produzir aqui é mais limpo. A competitividade muda”, diz. O BNDES tem incentivado empresários a fazerem inventário de carbono de seus negócios, em função da crescente onda verde global.

Cada vez mais companhias tomam decisões de investimentos com base na pegada de carbono de seus parceiros e dos países. O BNDES vem apoiando projetos de captura de carbono, comprará créditos de carbono no mercado voluntário e atua na organização desse mercado, no qual o Brasil pode representar cerca de 40%. “Devemos acelerar a implementação do decreto 11.075, lançado em maio”, diz Aranha.

Na mesma linha, João Accioly, diretor da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), observa que a participação no mercado regulado aumenta o valor das empresas, tendo em vista a crescente preocupação do consumidor em adquirir produtos fabricados sem agressões à natureza. As negociações, entretanto, ficarão fora do guarda-chuva da CVM, conforme o decreto, uma vez que os créditos de carbono foram classificados como ativo financeiro, podendo ser adquiridos por fundos de investimentos e contabilizados nos balanços das empresas.

De olho no potencial do mercado brasileiro, o governo do Estado do Rio de Janeiro assinou memorando de entendimentos com a bolsa Nasdaq e a Global Environment Asset Plataform (Geap) para realizar estudos com vistas à criação de uma plataforma/bolsa privada de negociação dos créditos de carbono.

“Entregamos o projeto no início de junho e aguardamos para esta semana de julho a resposta”, diz Nelson Rocha, secretário de Planejamento do Estado, em painel sobre o tema. A seu ver, o Rio tem potencial para se tornar um grande hub mundial de finanças verdes. “Colocamos ativos dos Estados para ser negociados, como o IPVA. Se o carro for menos poluente, ele receberá descontos em créditos de carbono para que o proprietário possa utilizar a plataforma para fazer o mercado girar”, diz Rocha.

Apesar das iniciativas e vantagens comparativas, o Brasil, de acordo com a avaliação de Patricia Ellen, sócia da consultoria internacional Systemiq, ainda está fora do mapa de descarbonização global, alijado do que ocorre no mundo.

Mas além de agilidade nas ações, o país deverá fazer escolhas capazes de assegurar uma transição climática justa que combine redução de gases poluentes com crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), geração de emprego, bem-estar e saúde. “É preciso uma mudança mais profunda dentro de um projeto de país. Não adianta só deixar de emitir”, conclui Walter De Simoni, do Instituto Talanoa.

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