G20 no Brasil
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Por — O Globo, do Rio


Beatriz Mattos: “Maior parte das emissões vêm do Norte Global, enquanto os países do Sul Global serão frontalmente atingidos” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Beatriz Mattos: “Maior parte das emissões vêm do Norte Global, enquanto os países do Sul Global serão frontalmente atingidos” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

A tradição diplomática do Brasil de usar seu histórico de boas relações com outros países para buscar consensos será posta à prova na presidência rotativa do G20, grupo das maiores economias do mundo. A tarefa não é nada fácil em meio à crescente polarização em torno de conflitos, como as guerras na Ucrânia e em Gaza, que dificultam o diálogo internacional.

O risco de as tensões geopolíticas atuais contaminarem as discussões da agenda prioritária do Brasil à frente do grupo foi um tema de destaque no “Kick-off G20 no Brasil”, primeiro encontro com autoridades e especialistas de uma série de debates previstos pelo projeto “G20 no Brasil”, uma iniciativa dos jornais Valor Econômico e “O Globo” e rádio CBN.

Para enfrentar esses possíveis obstáculos nas discussões, os participantes do evento destacaram a capacidade brasileira de promover pontes entre países, particularmente entre ricos e pobres, para alcançar pontos comuns em um comunicado após a reunião de cúpula dos chefes de Estado do grupo no Rio, em novembro.

Constanza Negri: “Vamos colocar muito esforço para que o grupo de finanças e infraestrutura seja uma das áreas com olhar integrado” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Constanza Negri: “Vamos colocar muito esforço para que o grupo de finanças e infraestrutura seja uma das áreas com olhar integrado” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Oliver Stuenkel, professor de relações internacionais da Fundação Getulio Vargas (FGV), diz que no cenário atual alcançar uma declaração final será muito mais difícil do que há cinco anos. “Estamos muito perto de termos o primeiro G20 sem uma declaração final”, afirmou. “Não dá para fingir que os conflitos geopolíticos não existem.”

Não é a primeira vez que o G20 se vê diante de um possível impasse para alcançar uma declaração final. Em 2022, na Indonésia, os líderes das nações do grupo condenaram a invasão da Ucrânia pela Rússia “nos termos mais fortes” e exigiram a retirada incondicional das tropas russas na declaração final. No entanto, o comunicado teve de ser creditado à “maioria dos membros”, sinalizando oposição da Rússia ao texto.

Henrique Frota: “Fala-se em amortização da dívida externa em troca de investimentos em saúde. E algo semelhante para o clima” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Henrique Frota: “Fala-se em amortização da dívida externa em troca de investimentos em saúde. E algo semelhante para o clima” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Em 2023, na reunião na Índia, o grupo conseguiu superar suas diferenças, mas a declaração final foi branda em relação à guerra na Ucrânia, para evitar que Rússia e China vetassem o texto. Já em fevereiro deste ano, uma nota de rodapé sobre a guerra na Ucrânia impediu que ministros do G20 chegassem a um consenso e publicassem um comunicado final no fim do encontro do grupo, em São Paulo.

No encontro dos líderes do G20 no Rio, no fim do ano, uma possível declaração final terá de passar ainda pela polarização em torno da guerra entre Israel, que tem nos EUA seu principal aliado, e o grupo terrorista Hamas na Faixa de Gaza.

Helena Nader: “Quando olhamos o Norte Global, eles não têm ideia do que é o financiamento de ciência no Sul Global” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo
Helena Nader: “Quando olhamos o Norte Global, eles não têm ideia do que é o financiamento de ciência no Sul Global” — Foto: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

Marcos Caramuru, ex-embaixador do Brasil na China e conselheiro do Centro Brasileiro de Relações Internacionais (Cebri), diagnosticou que o mundo está em um processo de transição bastante profundo: “Saímos de uma ordem unipolar para uma multipolar com a emergência de diversos países da Ásia”. Ele também avaliou que dificilmente será possível alcançar acordos estruturais no G20, mas afirmou que a imagem do Brasil “pode sair muito ampliada e dignificada”.

Mauricio Lyrio, secretário de Assuntos Econômicos e Financeiros do Itamaraty e coordenador da trilha de sherpas (negociadores) do G20, afirmou, que as declarações acordadas entre os chefes de Estado são importantes, mas defendeu que elas “não devem sequestrar as discussões do G20”.

Já no B20, o grupo de engajamento do setor privado, a presidência rotativa do Brasil é vista como uma oportunidade de acelerar os trabalhos de formulação no fórum e levar aos líderes políticos sugestões do empresariado para políticas públicas. “Queremos trabalhar em recomendações mais enxutas, sem diagnóstico. Há excesso de diagnósticos hoje”, afirmou Constanza Negri, principal negociadora do Brasil no B20 e gerente de política comercial na Confederação Nacional das Indústrias (CNI).

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