Books by Laurinda Abreu
![Research paper thumbnail of The Political and Social Dynamics of Poverty, Poor Relief and Health Care in Early-Modern Portugal](https://attachments.academia-assets.com/67225322/thumbnails/1.jpg)
Routledge, London & New York, 2016
By the end of the fifteenth century most European counties had witnessed a profound reformation o... more By the end of the fifteenth century most European counties had witnessed a profound reformation of their poor relief and health care policies. As this book demonstrates, Portugal was among them and actively participated in such reforms. Providing the first English language monograph on this this topic, Laurinda Abreu examines the Portuguese experience and places it within the broader European context. She shows that, in line with much that was happening throughout the rest of Europe, Portugal had not only set up a systematic reform of the hospitals but had also developed new formal arrangements for charitable and welfare provision that responded to the changing socioeconomic framework, the nature of poverty and the concerns of political powers. The defining element of the Portuguese experience was the dominant role played by a new lay confraternity, the confraternity of the Misericórdia, created under the auspices of King D. Manuel I in 1498. By the time of the king's death in 1521 there were more than 70 Misericórdias in Portugal and its empire, and by 1640, more than 300. All of them were run according to a unified set of rules and principles with identical social objectives. Based upon a wealth of primary source documentations, this book reveals how the sixteenth-century Portuguese crown succeeded in implementing a national poor relief and health care structure, with the support of the Papacy and local elites, and funded principally though pious donations. This process strengthened the authority of the royal government at a time which coincided with the emergence of the early modern state. In so doing, the book establishes poor relief and public health alongside military, diplomatic and administrative authorities, as the pillars of centralization of royal power.
![Research paper thumbnail of ABREU, L., Public Health and Social Reforms in Portugal 1780-1805](https://attachments.academia-assets.com/53853022/thumbnails/1.jpg)
United Kingdom: Cambridge Scholars Publishing., 2017
Public health and social reforms in Portugal (1780–1805) presents an innovative analysis of a uni... more Public health and social reforms in Portugal (1780–1805) presents an innovative analysis of a unique period for social and public health policy in Portuguese history. With a firm basis in archival research, the book examines a lesser-known facet of one of the most fascinating and controversial figures in the late Ancien Regime in Portugal: Diogo Inácio de Pina Manique, the Intendant-General of Police from 1780 to 1805. By combining the resources of the Intendancy with those of the Casa Pia, an institution for welfare provision and social control that he set up just a month after being appointed, Pina Manique attempted to introduce a variety of projects designed to create a prosperous, healthy, well-educated, informed, clean and hard-working country less inclined to vice and immorality, in which the people would be obedient and the upper classes more magnanimous. One of his greatest achievements was perhaps to understand the link between ill health and poverty and therefore to regard public health as a key area of governance.
![Research paper thumbnail of ABREU, L., O poder e os pobres. As dinâmicas políticas e sociais da pobreza e da assistência em Portugal (séculos XVI-XVIII)](https://attachments.academia-assets.com/47766531/thumbnails/1.jpg)
Lisboa: Gradiva., 2014
O livro demarca-se das abordagens mais tradicionais aos fenómenos da pobreza, da assistência e da... more O livro demarca-se das abordagens mais tradicionais aos fenómenos da pobreza, da assistência e da saúde. No período moderno, a assistência era um factor de coesão social e assim era percepcionada pelas autoridades, centrais e locais, frequentemente abertas a processos de interacção e negociação, que tiveram um inegável valor sociopolítico. Quais foram os campos de intervenção privilegiados pela Coroa portuguesa no que concerne às questões da assistência e da saúde pública e quais as estratégias que empregou em relação a cada uma delas? Como atraiu os diferentes agentes para a implementação das suas directrizes e de que forma os fez participar no respectivo esforço financeiro? Como foram partilhadas as responsabilidades assistenciais entre a sociedade civil e a Igreja? Como é que a sociedade operacionalizou as orientações do emergente Estado Moderno? Como interagiram os diversos actores para a distribuição e uso dos recursos disponíveis? Estas são algumas das questões em análise ao longo desta obra, cujo principal objectivo é o de observar, nas tendências de longa duração, os mecanismos de resistência e de adaptação da norma geral aos interesses dos indivíduos ou dos grupos.
Lisboa: Gradiva., Oct 2013
![Research paper thumbnail of ABREU, L; PARDAL, R., A memória histórica do convento da Cartuxa de Santa Maria Scala Coeli através da sua documentação](https://attachments.academia-assets.com/49919453/thumbnails/1.jpg)
Évora: Fundação Eugénio de Almeida., 2011
No dia 16 de Abril de 1602, D. Teotónio de Bragança, Arcebispo de Évora, fazia escrever, em Valla... more No dia 16 de Abril de 1602, D. Teotónio de Bragança, Arcebispo de Évora, fazia escrever, em Valladolid, o terceiro e último codicilo ao seu testamento. Ao contrário dos dois codicilos anteriores, e até do testamento, efectuado a 15 de Março de 1599 , perpassa pelo documento redigido pelo licenciado Manuel de Figueiredo, um dos vários acompanhantes do prelado na sua viagem a Castela, o sentimento de que D. Teotónio de Bragança estava consciente de que não voltaria a Portugal. Expressa-o os termos em que manda cumprir promessas de redução de dívidas que não tinha lembrança, os “ajustes” que faz com a sua própria memória a propósito de compromissos não cumpridos, a insistência colocada na destruição dos “papéis” pessoais, com o intento de preservar a sua intimidade, e, acima de tudo, a preocupação em assegurar o regresso dos seus criados a Portugal .
Um mês depois da redacção deste documento, o Mosteiro da Cartuxa de Évora solicitava a Filipe II que lhe fosse passada uma certidão comprovativa da posse de sessenta e uma propriedades doadas pelo Arcebispo de Évora . Em 5 de Julho de 1602 a pretensão recebia despacho favorável . No dia 24 do mesmo mês D. Teotónio de Bragança morria, em Valladolid, e a 5 de Agosto procedia-se à abertura do seu testamento em Évora .
Continuam por esclarecer as circunstâncias que rodearam a execução das deliberações testamentárias do Arcebispo de Évora, fundador do Mosteiro de Nossa Senhora Scala Coeli da Ordem da Cartuxa. Fragmentos dispersos, que aqui se resumem, insinuam processos nada pacíficos que envolveram pareceres jurídicos sobre o conteúdo do testamento e a escritura em que os cartuxos tinham confirmado a aceitação das cláusulas contratuais impostas por D. Teotónio de Bragança . Certo mesmo é que só em 1611 se encontra a Cartuxa de Évora a usufruir plenamente do legado do seu fundador, comprando propriedades, rendas e foros, permutando outros, apostando forte no mercado creditício. A primeira grande aquisição a que procederam foi a da Herdade da Raposeira, conjuntamente com uma renda na Herdade de Valongo, comprada a 18 de Janeiro de 1611 a D. Violante de Noronha, mulher de Manuel Teles de Meneses, recolhida no Mosteiro da Anunciação de Nossa Senhora da Esperança. Um investimento de 2 500 cruzados, acrescido, no mês seguinte, de 140$000 réis para aquisição, à mesma vendedora, de dois foros consignados numas casas em Évora e no pomar da Raposeira...
Setúbal: Santa Casa da Misericórdia de Setúbal., 1990
Edited Books by Laurinda Abreu
![Research paper thumbnail of ABREU, L., Health Care and Government Policy](https://attachments.academia-assets.com/59834566/thumbnails/1.jpg)
ABREU, Laurinda (ed.). Health Care and Government Policy. New edition [online]. Évora: Publicações do Cidehus, 2019 (generated 19 juin 2019). Available on the Internet: <http://books.openedition.org/ cidehus/8271>
Government policy refers primarily to the actions planned and implemented by the executive branch... more Government policy refers primarily to the actions planned and implemented by the executive branch of a state to meet its society’s needs. One of the most demanding areas both for policy makers and in terms of people’s expectations is health, which social analysts and historians place among the most dynamic sectors over the last century. This is the focus of this book. It includes examinations of two of the most pressing issues facing national healthcare services today – ‘Health systems at the stage of complexity: the need for collaborative intelligence’ by Constantino Sakellarides et al. and ‘Longer and
better lives: the European fountain of youth’ by Patrice Bourdelais – alongside historical analyses covering both earlier periods – ‘Not just one countryside: life chances in preindustrial Sweden’ by Jan Sundin and ‘Health care and poor relief in Portugal: an historical perspective’ by Laurinda Abreu – and more recent times – ‘The roots of the
health reform in Spain’ by Enrique Perdiguero-Gil and Josep M. Comelles.
Oxford: Peter Lang., 2013
Lisboa: Colibri/CIDEHUS/UE, 2008
Bilbao: Servicio Editorial de la Universidad del País Vasco., 2007
![Research paper thumbnail of ABREU, L.; BOURDELAIS, P. ; ORTIZ-GÓMEZ, T.; PALACIOS, G. (eds.), Dynamics of health and welfare: texts and contexts. Dinámicas de salud y bienestar: textos y contextos](https://attachments.academia-assets.com/58690226/thumbnails/1.jpg)
Lisboa: Colibri/CIDEHUS/UE., 2007
The book that is now being presented is a result from work
developed in the scope of a project w... more The book that is now being presented is a result from work
developed in the scope of a project within the Alfa Programme
(Exchange Programme between Universities of the European Union and
Latin America), integrated into EuropeAid – Cooperation Office Latin
America Directorate, and financed by the European Commission,
between 2005 and 2007. Entitled Graph – Graduate Programme in the
Social Dynamics of Health, the members of the project were the École
des Hautes Études en Sciences Sociales (Patrice Bourdelais), the Colegio
de México (Guillermo Palacios), the universities of Évora (Laurinda
Abreu), Granada (Teresa Ortiz-Gómes), Nacional de Luján (José Luis
Moreno), La Habana (Mariana Ravanet Ramírez), Linköping (Jan
Sundin), Mannheim (Martin Dinges), Peruana Cayetano Heredia
(Marcos Cueto), the Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo
(Denise Bernuzzi de Sant’Anna) and the Asociación Médica Argentina
(Vicente Enrique Mazzafero Martín).
Designed as a textbook especially destined for post-graduate
students, the main purpose of this book is to make access easier to a
diversified set of documents considered of great significance to illustrate
relevant content in terms of health and welfare dynamics. The book is
organized into three parts (Health and Welfare; Perspectives on Gender
and Health; Migration, Urbanization and Health), that start with a
general introduction to the subject, followed by a small presentation, and
in some cases, problematization, of the documents. Each chapter ends
with a bibliographic list of the most recent and/or most important titles,
according to the chapter authors’ perspective, for the subject in analysis.
Issues in Europe and Latin America are the focus of the book.
The linguistic diversity of the project partners was assumed as an
added-value that we wanted to preserve, not only taking into account the
book’s potential public-target – students, researchers and professors of
diverse countries, with expertise in several languages – but also as a way to
escape from the imposition of a singlely language for science, without
obviously denying the importance of the English as an international
language.
We would like to express our gratitude to everyone who contributed
for this book.
The editors
Portugaliae Monumenta Misericordiarum, vol. 5, Reforço da interferência régia e elitização: o governo dos Filipes, José Pedro Paiva (coord. cient.), 2006
Hungria: Compostela Group of Universities., 2006
Lisboa: Edições Colibri/CIDEHUS/UE., 2004
Santiago de Compostela: Compostela Group of Universities., 2004
Papers by Laurinda Abreu
Revista Portuguesa de História – t. LV (2024) – p. 135-160 , 2024
Construído na praia do Meio do Alto, destinado a acolher quarentenários procedentes
de Espanha p... more Construído na praia do Meio do Alto, destinado a acolher quarentenários procedentes
de Espanha pela via fluvial, não sujeitos aos regulamentos de sanidade marítima, o lazareto de Vila Real de Santo António foi o último lazareto terrestre estabelecido em Portugal. Aberto ao público a 15 de julho de 1885, foi, também, o derradeiro a ser encerrado, a 22 de abril de 1886, e, com ele, a versão mais rigorosa dos meios tradicionais de combate às epidemias em Portugal. É sobre este lazareto, e os condicionalismos ligados à sua criação, que se debruça o presente texto. Em análise estará igualmente o processo de repatriamento dos pescadores algarvios retidos na Isla Cristina durante a designada “segunda temporada colérica” do surto iniciado em 1884.
![Research paper thumbnail of Cólera em Portugal na segunda metade do século XIX: os lazaretos terrestres//
Cholera in Portugal in the second half of the 19th century: the terrestrial lazarettos](https://attachments.academia-assets.com/107317873/thumbnails/1.jpg)
Revista Portuguesa de História, t. LIV, p. 145-174, 2023
Emerging in Europe during a century considered revolutionary for science and medical achievements... more Emerging in Europe during a century considered revolutionary for science and medical achievements, and in the competitive environment of industrial, commercial, and colonial expansion, cholera pandemics were not only a public health problem but also sparked international tensions and domestic conflict in the political, social, and even professional spheres. Despite the growing interest of Portuguese researchers in the study of epidemics, there are still many primary sources that are practically unexplored and a vast range of potential ways to deepen existing knowledge. This is the case of the role played by terrestrial lazarettos during the pandemic crisis of 1884-1886, the subject of this article. Its main objective is to shed light on the circumstances that led one of the most progressive Portuguese governments of the 19th century to combat the threat of epidemics through traditional quarantine measures, which had long been strongly criticized both at home and abroad.
![Research paper thumbnail of A polícia em Portugal no século XVIII: ambiguidades e equívocos](https://attachments.academia-assets.com/103641741/thumbnails/1.jpg)
Ler História , 82 | -1, 101-124, 2023
O alvará de 25 de junho de 1760, que criou o cargo de Intendente-Geral da Polícia da Corte e do R... more O alvará de 25 de junho de 1760, que criou o cargo de Intendente-Geral da Polícia da Corte e do Reino, e não uma Intendência-Geral da Polícia como comummente é referido, tem sido apresentado como uma importante inovação do governo do conde de Oeiras, um instrumento do estado de polícia que se começava a formar. Sem questionar a dimensão das transformações políticas em curso, defende-se neste texto que o documento em causa, ancorado num quadro legal circunscrito e pouco inovador, não provocou os efeitos disruptivos que lhe têm sido atribuídos, nem colocou Portugal, no que à polícia concerne, ao lado das "cortes mais polidas" que no dito diploma o governo afirmava querer emular. Defende-se, ainda, que mudanças substantivas na atuação da polícia da corte e do reino só terão ocorrido a partir de 1780, num ambiente de contestação, mas, também, de persistência da indefinição das competências do seu intendente.
História, Ciências, Saúde – Manguinhos, Rio de Janeiro, v.28, n.4, out.-dez. 2021, pp. 1-20
This article contributes to knowledge on medical training and careers at a time of change driven ... more This article contributes to knowledge on medical training and careers at a time of change driven by Enlightenment ideas, but also a time of conflict between age-old structures and new legal frameworks. By analyzing an individual trajectory in interaction with other individuals and institutions, the contradictions of the historical context that constrained the life of José Pinto de Azeredo are brought to light. The circumstances surrounding his professional activity are analyzed an aspect of this physician's trajectory that was until now unstudied. Some hypotheses are formulated to explain why he did not reach the objectives he set for himself.
Uploads
Books by Laurinda Abreu
Um mês depois da redacção deste documento, o Mosteiro da Cartuxa de Évora solicitava a Filipe II que lhe fosse passada uma certidão comprovativa da posse de sessenta e uma propriedades doadas pelo Arcebispo de Évora . Em 5 de Julho de 1602 a pretensão recebia despacho favorável . No dia 24 do mesmo mês D. Teotónio de Bragança morria, em Valladolid, e a 5 de Agosto procedia-se à abertura do seu testamento em Évora .
Continuam por esclarecer as circunstâncias que rodearam a execução das deliberações testamentárias do Arcebispo de Évora, fundador do Mosteiro de Nossa Senhora Scala Coeli da Ordem da Cartuxa. Fragmentos dispersos, que aqui se resumem, insinuam processos nada pacíficos que envolveram pareceres jurídicos sobre o conteúdo do testamento e a escritura em que os cartuxos tinham confirmado a aceitação das cláusulas contratuais impostas por D. Teotónio de Bragança . Certo mesmo é que só em 1611 se encontra a Cartuxa de Évora a usufruir plenamente do legado do seu fundador, comprando propriedades, rendas e foros, permutando outros, apostando forte no mercado creditício. A primeira grande aquisição a que procederam foi a da Herdade da Raposeira, conjuntamente com uma renda na Herdade de Valongo, comprada a 18 de Janeiro de 1611 a D. Violante de Noronha, mulher de Manuel Teles de Meneses, recolhida no Mosteiro da Anunciação de Nossa Senhora da Esperança. Um investimento de 2 500 cruzados, acrescido, no mês seguinte, de 140$000 réis para aquisição, à mesma vendedora, de dois foros consignados numas casas em Évora e no pomar da Raposeira...
Edited Books by Laurinda Abreu
better lives: the European fountain of youth’ by Patrice Bourdelais – alongside historical analyses covering both earlier periods – ‘Not just one countryside: life chances in preindustrial Sweden’ by Jan Sundin and ‘Health care and poor relief in Portugal: an historical perspective’ by Laurinda Abreu – and more recent times – ‘The roots of the
health reform in Spain’ by Enrique Perdiguero-Gil and Josep M. Comelles.
developed in the scope of a project within the Alfa Programme
(Exchange Programme between Universities of the European Union and
Latin America), integrated into EuropeAid – Cooperation Office Latin
America Directorate, and financed by the European Commission,
between 2005 and 2007. Entitled Graph – Graduate Programme in the
Social Dynamics of Health, the members of the project were the École
des Hautes Études en Sciences Sociales (Patrice Bourdelais), the Colegio
de México (Guillermo Palacios), the universities of Évora (Laurinda
Abreu), Granada (Teresa Ortiz-Gómes), Nacional de Luján (José Luis
Moreno), La Habana (Mariana Ravanet Ramírez), Linköping (Jan
Sundin), Mannheim (Martin Dinges), Peruana Cayetano Heredia
(Marcos Cueto), the Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo
(Denise Bernuzzi de Sant’Anna) and the Asociación Médica Argentina
(Vicente Enrique Mazzafero Martín).
Designed as a textbook especially destined for post-graduate
students, the main purpose of this book is to make access easier to a
diversified set of documents considered of great significance to illustrate
relevant content in terms of health and welfare dynamics. The book is
organized into three parts (Health and Welfare; Perspectives on Gender
and Health; Migration, Urbanization and Health), that start with a
general introduction to the subject, followed by a small presentation, and
in some cases, problematization, of the documents. Each chapter ends
with a bibliographic list of the most recent and/or most important titles,
according to the chapter authors’ perspective, for the subject in analysis.
Issues in Europe and Latin America are the focus of the book.
The linguistic diversity of the project partners was assumed as an
added-value that we wanted to preserve, not only taking into account the
book’s potential public-target – students, researchers and professors of
diverse countries, with expertise in several languages – but also as a way to
escape from the imposition of a singlely language for science, without
obviously denying the importance of the English as an international
language.
We would like to express our gratitude to everyone who contributed
for this book.
The editors
Papers by Laurinda Abreu
de Espanha pela via fluvial, não sujeitos aos regulamentos de sanidade marítima, o lazareto de Vila Real de Santo António foi o último lazareto terrestre estabelecido em Portugal. Aberto ao público a 15 de julho de 1885, foi, também, o derradeiro a ser encerrado, a 22 de abril de 1886, e, com ele, a versão mais rigorosa dos meios tradicionais de combate às epidemias em Portugal. É sobre este lazareto, e os condicionalismos ligados à sua criação, que se debruça o presente texto. Em análise estará igualmente o processo de repatriamento dos pescadores algarvios retidos na Isla Cristina durante a designada “segunda temporada colérica” do surto iniciado em 1884.
Um mês depois da redacção deste documento, o Mosteiro da Cartuxa de Évora solicitava a Filipe II que lhe fosse passada uma certidão comprovativa da posse de sessenta e uma propriedades doadas pelo Arcebispo de Évora . Em 5 de Julho de 1602 a pretensão recebia despacho favorável . No dia 24 do mesmo mês D. Teotónio de Bragança morria, em Valladolid, e a 5 de Agosto procedia-se à abertura do seu testamento em Évora .
Continuam por esclarecer as circunstâncias que rodearam a execução das deliberações testamentárias do Arcebispo de Évora, fundador do Mosteiro de Nossa Senhora Scala Coeli da Ordem da Cartuxa. Fragmentos dispersos, que aqui se resumem, insinuam processos nada pacíficos que envolveram pareceres jurídicos sobre o conteúdo do testamento e a escritura em que os cartuxos tinham confirmado a aceitação das cláusulas contratuais impostas por D. Teotónio de Bragança . Certo mesmo é que só em 1611 se encontra a Cartuxa de Évora a usufruir plenamente do legado do seu fundador, comprando propriedades, rendas e foros, permutando outros, apostando forte no mercado creditício. A primeira grande aquisição a que procederam foi a da Herdade da Raposeira, conjuntamente com uma renda na Herdade de Valongo, comprada a 18 de Janeiro de 1611 a D. Violante de Noronha, mulher de Manuel Teles de Meneses, recolhida no Mosteiro da Anunciação de Nossa Senhora da Esperança. Um investimento de 2 500 cruzados, acrescido, no mês seguinte, de 140$000 réis para aquisição, à mesma vendedora, de dois foros consignados numas casas em Évora e no pomar da Raposeira...
better lives: the European fountain of youth’ by Patrice Bourdelais – alongside historical analyses covering both earlier periods – ‘Not just one countryside: life chances in preindustrial Sweden’ by Jan Sundin and ‘Health care and poor relief in Portugal: an historical perspective’ by Laurinda Abreu – and more recent times – ‘The roots of the
health reform in Spain’ by Enrique Perdiguero-Gil and Josep M. Comelles.
developed in the scope of a project within the Alfa Programme
(Exchange Programme between Universities of the European Union and
Latin America), integrated into EuropeAid – Cooperation Office Latin
America Directorate, and financed by the European Commission,
between 2005 and 2007. Entitled Graph – Graduate Programme in the
Social Dynamics of Health, the members of the project were the École
des Hautes Études en Sciences Sociales (Patrice Bourdelais), the Colegio
de México (Guillermo Palacios), the universities of Évora (Laurinda
Abreu), Granada (Teresa Ortiz-Gómes), Nacional de Luján (José Luis
Moreno), La Habana (Mariana Ravanet Ramírez), Linköping (Jan
Sundin), Mannheim (Martin Dinges), Peruana Cayetano Heredia
(Marcos Cueto), the Pontifícia Universidade Católica de S. Paulo
(Denise Bernuzzi de Sant’Anna) and the Asociación Médica Argentina
(Vicente Enrique Mazzafero Martín).
Designed as a textbook especially destined for post-graduate
students, the main purpose of this book is to make access easier to a
diversified set of documents considered of great significance to illustrate
relevant content in terms of health and welfare dynamics. The book is
organized into three parts (Health and Welfare; Perspectives on Gender
and Health; Migration, Urbanization and Health), that start with a
general introduction to the subject, followed by a small presentation, and
in some cases, problematization, of the documents. Each chapter ends
with a bibliographic list of the most recent and/or most important titles,
according to the chapter authors’ perspective, for the subject in analysis.
Issues in Europe and Latin America are the focus of the book.
The linguistic diversity of the project partners was assumed as an
added-value that we wanted to preserve, not only taking into account the
book’s potential public-target – students, researchers and professors of
diverse countries, with expertise in several languages – but also as a way to
escape from the imposition of a singlely language for science, without
obviously denying the importance of the English as an international
language.
We would like to express our gratitude to everyone who contributed
for this book.
The editors
de Espanha pela via fluvial, não sujeitos aos regulamentos de sanidade marítima, o lazareto de Vila Real de Santo António foi o último lazareto terrestre estabelecido em Portugal. Aberto ao público a 15 de julho de 1885, foi, também, o derradeiro a ser encerrado, a 22 de abril de 1886, e, com ele, a versão mais rigorosa dos meios tradicionais de combate às epidemias em Portugal. É sobre este lazareto, e os condicionalismos ligados à sua criação, que se debruça o presente texto. Em análise estará igualmente o processo de repatriamento dos pescadores algarvios retidos na Isla Cristina durante a designada “segunda temporada colérica” do surto iniciado em 1884.
médicas num tempo de mudança, impulsionado pelas ideias iluministas, mas também de conflito entre estruturas centenárias e novos enquadramentos jurídicos. Analisando um percurso individual, visto em interação com outros indivíduos e instituições,
desvendam-se as contradições da conjuntura histórica que condicionaram a vida de José Pinto de Azeredo. Trata-se da análise das circunstâncias que enquadraram sua atividade profissional, uma vertente do percurso desse médico que ainda não tinha sido estudada. Formulam-se algumas hipóteses que poderão explicar as razões pelas quais
não terá alcançado os objetivos a que se propôs.
practitioners among local communities. As this was also the time when Portugal was investing heavily in its colonies, how were these policies reflected in the empire? Did health care feature in the Portuguese
government’s colonial strategies? How did the official policy to send medical personnel overseas work on the ground? Did it operate at a large enough scale to transform local practices?
Fenómenos disruptivos do quotidiano dos locais afetados, às vezes por longos períodos de tempo (Bourdelais 2003, 27-28), as epidemias, potenciadas pelas migrações (Biraben 1975, 262-286), eram um sorvedouro de vidas humanas, pondo em causa a integridade territorial dos estados, tornando-se, também por isso, uma das principais preocupações dos poderes centrais. Tendo identificado o problema, as cidades do Mediterrâneo, da Croácia e da Itália, foram as primeiras a encontrar soluções de combate e prevenção, pouco depois tomadas como modelo pelos restantes estados da Europa (Cipolla 1979; Tomic e Blažina 2015). Ao menor rebate de peste na vizinhança, termo que podia referenciar várias outras doenças, encerravam-se as portas das urbes, defendidas por homens armados, que exigiam a quem queria entrar a apresentação de uma prova escrita (carta de saúde)1 atestando que não tivera contacto com a moléstia. No caso de a doença já se ter instalado, colocavam-se bandeiras brancas nas muralhas e implementava-se uma série de medidas sanitárias tendentes a minorar o risco de contágio: embora desconhecendo a etiologia da doença, a consciência do seu carácter contagioso levava as autoridades a rapidamente assumir o isolamento e a desinfeção como o método mais eficaz de controlar a expansão das epidemias (Slack 1985).2
3Foi esta forma de proteção das cidades, assente nas quarentenas, lazaretos e cordões sanitários, que se aplicou às fronteiras, terrestres e marítimas. A defesa das fronteiras contra a invasão de um inimigo (a doença e o seu portador) que poderia pôr em causa não só a economia e a sociedade como a segurança nacional torna-se uma preocupação central para os governos, que para ela convocam, ainda que em diferentes escalas, um conjunto diversificado de instituições. No século XIX, a cólera viria questionar a utilidade dos meios de proteção tradicionais revelados impotentes perante as características da nova doença (Baldwin 1999) e o facto de as grandes potências começarem a pensar a Europa Ocidental como um espaço aberto, sem obstáculos condicionantes da livre circulação (Harrison 2013).
4É neste enquadramento que se posiciona este texto, cujo principal objetivo é perscrutar as políticas do liberalismo português em relação às epidemias. Para as contextualizar num tempo mais longo, começa-se por apresentar os quadros normativos e legislativos que organizaram este campo durante a época moderna. A posição geográfica do país, e, de forma particular, Lisboa, capital e principal cidade portuária, deixava-o demasiado exposto às dinâmicas do comércio marítimo; dada esta circunstância, foi, precisamente, na fronteira marítima que a coroa concentrou esforços, seguindo, de resto, os estados com idênticas condições morfológicas. No segundo ponto, acompanhar-se-á o alargamento da intervenção à fronteira terrestre com a implementação dos que terão sido os primeiros cordões sanitários militarizados (em 1800 e 1804), com o propósito de limitar a circulação de homens e de mercadorias entre Espanha e Portugal. Seguidamente, ver-se-á como, indiferente aos protestos e ameaças de desordem social, a Monarquia Constitucional persistiu nas quarentenas e nos cordões sanitários como a melhor forma de defender o país dos ataques epidémicos, facto que se demonstrará especialmente na secção 4, através da reconstituição do cordão sanitário de 1885, cordão que se procurará explicar à luz da realidade social e sanitária do país.
Abstract: The main aim of this paper is to contribute to the debate on health, sickness and treatment in colonial Brazil by examining the movements of the physicians, surgeons and apothecaries who were born, lived or worked in Portuguese America at some point in their careers. The documentary basis consists of 2,688 records on 1,325 individuals, extracted from a relational database containing 24,000 nominative records from Portuguese central archives relating to healthcare professionals in Portugal and its empire between 1430 and 1826. This exploratory research focuses on the legislative and institutional framework established by the monarchy and implemented by its agents in Brazil between 1549 and 1808.
in historical populations. The bacteriological revolution in the
early 1870s changed medical science and technologies in terms
of food production and ways in which infant populations were
fed. Even before that change, however, connections between food
and child health were being discussed in both the medical literature
and political institutions. How foundlings were fed was a
crucial issue in pre-industrial Europe. At that time, increasing
foundling numbers and difficulties in providing wet nursing,
due to the shortage of suitable women and financial constraints,
forced the authorities to take action to keep infant mortality
levels under control.
This article shows evidence of dry nursing strategies and practices
in Portugal in the late eighteenth century. It explores the relationship
between political and healthcare institutions, medical
knowledge and the living conditions of the infant population
and, more specifically, discusses the use of artificial feeding
in Portugal and the intervention of authorities such as the
Intendant-General of Police, Diogo Inácio de Pina Manique,
and his experiments with animal milk.
e do pressuposto de que o campo da caridade, assistência e saúde foi
politicamente definido desde o início do período moderno, este texto tem
dois objetivos principais: por um lado, analisar a construção do sistema
assistencial português, identificando as suas linhas de continuidade durante
todo o Antigo Regime. Por outro, avaliar as razões da maior eficácia
da Coroa de quinhentos quando comparada com os governos da segunda
metade de Setecentos, em termos de reforma das estruturas de apoio social
e implementação de um novo paradigma assistencial. Em ambos os casos
obviamente tendo em conta as diferenças entre os contextos políticos e
sociais dos dois momentos em análise.
No contexto pós-tridentino o fenómeno do Purgatório evoluiria, assim, marcado por duas tendências de sentido oposto. A primeira, pública e publicitada, traduzir-se-ia na fundação de um incalculável número de capelas de missas que, indiscriminadamente, contemplaram igrejas, confrarias, hospitais e conventos, aqui assumidos como meio de perpetuação da memória e garante da eternidade gloriosa daqueles que lhes confiavam as suas almas. A segunda, esboçar-se-ia num movimento mais silencioso, circunscrito à intimidade das Casas religiosas e da correspondência que trocaram com a Santa Sé, que foi afeiçoando o número de sufrágios instituídos às capacidades(?) de celebração de quem os recebia. Intervenções de dimensões desconhecidas, que permanecem relativamente ocultas, e mal se desvendam nas atitudes de alguns Papas, nomeadamente quando procuram recuperar as competências concedidas nesta área. Bons exemplos desta situação são dados por Urbano VIII, no decreto «cum saepe contingat», de 21 de Junho de 1625, e por Inocêncio XII, na Constituição de 23 de Dezembro de 1697, determinando a exclusividade da Santa Sé sobre as vontades pias, neste caso concreto, sobre a redução de missas3. O desenvolvimento que a questão teve – com Alexandre VII, Clemente X e Clemente XI a concederem faculdades delegadas aos conventos para executarem as suas próprias reduções, prerrogativas que Bento XIII começaria por estender aos Bispos que tinham assistido ao Concílio Romano de 1725, depois alargadas a todos os prelados que as solicitassem4 –, indicia um mundo de tensões e de difíceis equilíbrios cuja análise se torna obrigatória quando se estudam as mutações registadas nas expectativas escatológicas dos crentes5.
É um contributo para o alargamento deste tema que aqui pretendemos trazer. A nossa análise circunscreve-se, todavia, ao estudo de uma única fonte documental que, apesar de importante, é insuficiente para abarcar esta problemática em toda a sua amplitude e complexidade. Em questão estão várias centenas de documentos, depositados no Arquivo Secreto do Vaticano, onde pontuam essencialmente os Breves de Redução, o mesmo é dizer, as cartas emanadas de Roma autorizando a diminuição ou o desaparecimento das missas instituídas a favor das almas do Purgatório. Complementam-nas uma panóplia variada de informações avulsas relacionadas com os trâmites processuais dos diferentes casos em avaliação, anotações pessoais dos agentes envolvidos, denúncias anónimas ou veementemente assumidas, críticas violentas ao modo como a Igreja lidou com as últimas vontades dos crentes.
Escudados na limitação da fonte de trabalho, que propositadamente quisemos individualizar de forma a destacar o seu valor, o nosso propósito é o de demonstrar que o incumprimento das disposições dos mortos, através da redução das missas supostamente perpétuas – sem esquecer os Breves que perdoaram as missas não celebradas ou as comutavam com base na utilização dos seus rendimentos no tratamento dos doentes –, foi um processo contínuo e de longa duração, que paulatinamente terá delapidado a confiança que os católicos depositaram nos sufrágios como forma privilegiada de alcançar a eternidade em glória. Mais do que expender considerações sobre a forma como os executores das missas geriram o Purgatório, ou como a Igreja legitimou e absolveu comportamentos claramente irregulares face ao estipulado nas obras de teologia e no direito canónico, aquilo que verdadeiramente nos interessou foi apresentar os factos tal como eles se nos oferecem. Daí termos optado por uma organização cronológica e sequencial do tema, uma vez que cremos ser esta a forma mais eficaz para uma abordagem de longa duração ao fenómeno da redução de missas. Um fenómeno que outros estudos de idêntico âmbito temporal revelam ser síncrono com a própria mediatização do Purgatório através da instituição dos sufrágios perpétuos.
What I propose here is to go back to the first regulations against vagrancy and idleness in Portugal. Created and developed in crucial moments of transformation of the economic and social structures, these policies help to understand the beginning of an historical process – of European dimension – which, in a certain way, is extended to some of the present social attitudes, at global scale.
With no substantial differences to the other European States’ diplomas promulgated at the same time , the Portuguese laws against the false beggars, the vagabonds and everyone refusing to work had two particularities: they represent the thought of a central government and were conceived to be applied at a national scale, which was at that time relatively exceptional.
A more precise analysis of these normative texts gives important indications on the way the concept of vagrancy was socially defined – “the idle, the lazy and the dangerous” – and the means developed to deal with such people. The inclusion of the Roma in these texts at the beginning of the 16th century gives some light on the subjacent criteria of the identification as a group, and on the reasons why they were marginalized and controlled. Going back to the beginning of the process of controlling beggars, vagrants and Roma, offers new elements so as to make the whole process understandable.
social disorder, the interruption of everyday life and isolation are some of the different
definitions for the plague and plague outbreaks. Omnipresent in Europe
throughout three centuries ever since the Black Death first arrived in southern Italy
in 1347, the plague altered both behaviours and attitudes, ruined powerful masters
and consolidated the assets of religious institutions, destroyed the financial power
of many towns, facilitating the consolidation of royal power there, propitiated
revolts and brought about feelings of rejection and condemnation of the poor, progressively and dangerously associated with the propagation of the disease .
Phenomenon of devastating consequences that disorganized the economic and
social life of the people affected for long periods of time, the
plague epidemics also originated the development of new forms of organization in
the cities it touched, propitiating the constitution of new powers and power groups
that germinated and became stronger in an attempt to fight the disease. The Italian
model – or at least the one shared by most Italian states – for the control and eradication
of the plague based on the intervention of central governments, economically
strong and with an already constituted bureaucratic system, would be subsequently imported to England, some time later to France and
Spain, although in the last two countries the local authorities would play a main role
in the battle against the disease, preceding the intervention of the central government,
namely through the creation of the so-called ‘Health Boards’ .
What I propose in this paper, after identifying the general guidelines of the
national public assistance system, is to contemplate the Portuguese reality in the
light of the findings of a case study, focused in Évora, between 1579 and 1637.
From the point of view of social history, the main aim of this essay is to evaluate
both the impact that different forms of political interventions achieved in the battle
against the spread of the plague and the efforts to control it. Given their specificity,
once the analysis goes back to the year just before the beginning of the
Spanish rule in Portugal, the chronological scale allows the superposition of several
crisis layouts. Which means that the interventions mentioned here were done by the Crown in a context of violent outbreaks of the plague, that occurred in
moments of special difficulty for the royal power: the end of the House of Avis and
the loss of the Portuguese independence (the plague of 1579-1580); the establishment of the Habsburg House and the consolidation of the Spanish authority (the plague of 1582-1583); the crisis of the last years of the kingdom of Philip II, the
increase of the fiscal pressure and opposition against the ‘invaders’ (the plague of
1598-1603); civil risings and the preliminary steps for the Restoration (the plague of
Malaga, in 1637). Despite the fact that the present study is circumscribed to Évora,
the generalizations proposed in this text are justified by the characteristics of the
system under study.
Concretamente, tentar-se-á apurar como a coroa portuguesa organizou e foi gerindo o campo médico no Índico, entre o início do século XVI e o do século XIX. Sem perder de vista a situação de outras colónias, a análise privilegiará o diálogo com a metrópole, onde o sector era controlado pelo físico-mor do reino e pela Universidade de Coimbra.
A royal edict of November 4, 1545 ordered the restructuring of the medical curriculum to achieve excellence and innovation in medical training in Portugal and to make the University of Coimbra more attractive, especially in comparison with Salamanca. Unfortunately, the edict had conflicting results, which the Crown attempted to mitigate by setting up a scholarship scheme in 1568 for doctors and apothecaries and, in 1608, by guaranteeing employment for Coimbra medical graduates, who would be given priority over doctors licensed or accredited by the chief physician.
Any discussion of doctors and medicine in the early modern period must necessarily address the interactions between healthcare practitioners and the empire. In the Portuguese case, despite the many contemporary publications on indigenous drugs and curative methods, few studies have examined the effects of cultural exchange on medical training and practice either in Portugal or in the lands it occupied. Except in Portuguese India, the Crown did not adopt a consistent policy of imposing European medicine on its conquered territories, nor did it have the ability to do so. Even in Asia, Portuguese dominion was confined to legitimizing local medical knowledge and the hybrid medicine that arose there by incorporating them into the regulatory system emanating from Lisbon.....
Só mais de um século depois, o Hospital de Todos os Santos voltaria a ter um novo e derradeiro regimento: o Reglamento de el Hospital Real de la Ciudad de Lisboa hecho en el año de 1632 , documento actualmente custodiado no Archivo Regional de la Comunidad de Madrid. Uma adenda sobre a admissão dos praticantes de cirurgia e sangria, presumivelmente ainda do século XVII, outra de 25 de Janeiro de 1731, sobre o recrutamento de médicos e organização das visitas às enfermarias, e ainda outra de 1739, sobre a assistência dos clérigos aos moribundos , bem como a prática administrativa da instituição confirmam que o Reglamento de el Hospital Real esteve em vigor – em termos gerais, não necessariamente no rigor regulamentário – pelo menos até meados do século XVIII, quando se começou a planear a transição do hospital para o Colégio de Santo Antão
Peninsula, Portugal only set up a system of permanent lazarettos along its
border with Spain in the late nineteenth century, during the Maritime Quarantine
outbreaks of 1884–1886. Planned and rolled out by army doctors, the system
consisted of five primary sites (located at rail crossing points and river boat
stations that linked the two sides of the border) and smaller, secondary sites
(“vigilance and isolation posts”) at every railway station in the country. This
contribution will focus especially on the epidemic containment measures
(observation, isolation, and treatment of the infected) implemented in the
lazarettos and at the vigilance posts, most of which were refitted and turned
into virtual high-security prisons under military guard after the 1884 cholera
outbreak. It will also examine the interaction between these preventive
measures, which were also aimed at social control and control of
unauthorised movement, and the land border cordons sanitaires and the
sanitary inspection posts and quarantine complexes that protected the
seaports, which functioned as a permanent maritime cordon sanitaire along
the Portuguese coast.
de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa foram
unidos a 27 de junho de 1564, depois de a confraria ter
aceitado o convite do regente do reino, o cardeal infante
D. Henrique, para governar o seu esprital de todos os
sanctos da dita cidade como convem ao serviço de nosso
Senhor e ao meu (Pereira, 1998, p. 252). Dois séculos
depois, a 31 de janeiro de 1775, Sebastião José de
Carvalho e Melo proclamava a restauração e nova
fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e dos
hospitais dos enfermos e inocentes expostos (ANTT,
Ministério do Reino, Livro 376, f. 16), imprimindo a sua
marca reformadora nas duas instituições que continuavam
a dominar o panorama assistencial do país, agora
simbolicamente instaladas nos edifícios dos padres da
Companhia de Jesus: a Igreja e casa de São Roque e o
Colégio de Santo Antão o Novo.
A nova etapa na vida do hospital e da misericórdia, que o
governante quisera que coincidisse com o início do ano,
com a transferência dos doentes de Todos-os-Santos para
Santo Antão, adiada para abril devido ao atraso das obras
(ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, fs. 79-79v.;
Hospital de São José, Livro 944, n.º 5), não era, contudo,
uma reunificação, como a considerou Victor Ribeiro
(Ribeiro, 1998, p. 124), pelo simples facto de que a
confraria não tinha sido desapossada do hospital.
Era antes um momento decisivo do processo
transformador a que tinham sido submetidos após o
Terramoto de 1755, projeto concluído em novembro
seguinte, com a abolição do compromisso da Misericórdia
de Lisboa, de 1618.
Neste texto, pretende-se refletir sobre a evolução da
relação entre o Hospital de Todos-os-Santos e a
Misericórdia de Lisboa durante o governo de Sebastião
José de Carvalho e Melo. Num tempo caracterizado pelo
controlo estatal, intentamos aferir os contornos das
políticas do secretário de Estado do Reino relativas às
duas instituições e avaliar a sua eficácia. Para o efeito,
recuperam-se, de estudos anteriores (Abreu, 2013, pp. 28-
43), algumas informações sobre a organização financeira
da nova estrutura assistencial que ditou o fim de Todos-
-os-Santos e reanalisa-se, à luz da documentação
produzida pelo hospital, o Breve Memorial, da autoria do
enfermeiro-mor, Jorge Francisco Machado de Mendonça
Eça Castro Vasconcelos e Magalhães (Mendonça, 1761).
Hospital and the Misericórdia [House of Mercy] of Lisbon
were united on June 27, 1564, after the confraternity
accepted the invitation from the kingdoms regent,
Cardinal Infante D. Henrique, to govern his esprital de
todos os sanctos da dita cidade como convem ao serviço
de nosso Senhor e ao meu [All Saints Hospital in said
city as befits the service of our Lord and mine] (Pereira,
1998, p. 252). Two centuries later, on January 31, 1775,
secretary of state of the kingdom Sebastião José de
Carvalho e Melo, the future Count of Oeiras and
Marquis of Pombal, proclaimed the restauração e nova
fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e dos
hospitais dos enfermos e inocentes expostos
[restoration and new foundation of the Lisbon
Misericórdia and of the hospitals for the sick and
foundlings] (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376,
f. 16), imprinting his mark of reform upon the two
institutions that continued to dominate relief work in the
country, by then symbolically installed in the buildings
of the Society of Jesus: the church and house of São
Roque and the College of Santo Antão-o-Novo.
The new stage in the life of the hospital and Misericórdia
had been set to coincide with the beginning of the year
according to the secretary of states wishes, beginning
with the transfer of the sick from All Saints to Santo
Antão, but it was postponed until April due to delays in
the works (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376,
fs. 79-79v.; Hospital de São José, Livro 944, n.º 5).
However, it was not in fact a reunification, as suggested
by Victor Ribeiro (Ribeiro, 1998, p. 124), because the
confraternity had not been dispossessed of the hospital.
Rather, it was a decisive moment in a transformation
underway since the 1755 earthquake, a project completed
the following November, with the abolition of the
Misericórdia of Lisbons 1618 constitution.
In this article, we intend to reflect on the evolving
relationship between All Saints Hospital and the
Misericórdia of Lisbon during the government of
Sebastião José de Carvalho e Melo as secretary of state
of the kingdom. At a time characterized by state control,
we intend to outline the secretary of states policies
regarding these two institutions and evaluate their
effectiveness. To this end, we use some information from
previous studies (Abreu, 2013, pp. 28-43) on the financial
organization of the new relief structure that
dictated the end of All Saints and, in light of
the documentation produced by the hospital,reanalyse the Breve Memorial [Brief Memoir] by the chief
nurse, Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça
Castro Vasconcelos and Magalhães (Mendonça, 1761).
Numa análise feita em diálogo com a metrópole, de onde partiam as orientações normativas que enquadraram este universo, verificou-se que, tomado como um todo, na sua dispersão geográfica e diversidade cultural, o império não se apresentou como uma prioridade para a coroa portuguesa no que às políticas de saúde diz respeito. Os documentos examinados permitiram concluir que a medicina e os cuidados de saúde não foram usados pela coroa portuguesa como um instrumento político e normativo da administração colonial, ao serviço da uniformização dos espaços dominados.
Também não parece que tenham tido qualquer efeito disruptivo nos territórios onde se fizeram presentes, pelo menos até aos finais de XVIII. Entre outras razões, porque o país não produzia médicos em número suficiente para as necessidades da metrópole, onde eram absorvidos por uma procura em crescimento ao longo da época moderna. E os que existiam estavam pouco dispostos a aceitar as condições oferecidas pela coroa no ultramar (baixos salários, muitas vezes em dívida durante vários anos). Apesar de tudo, e de ter sido numericamente pouco expressiva, a busca de fortuna rápida, de prestígio que permitisse ascender na carreira ou legitimar formações de menor crédito, alimentaram um movimento de voluntariado de médicos e cirurgiões de que a coroa se foi valendo para tratar dos soldados e dos colonos que reclamavam ajuda do reino.
Em síntese, os nossos dados apontam em quatro direcções/conclusões nem sempre convergentes com os estudos já conhecidos. A primeira indica que, exceptuando o Norte de África, a iniciativa e o engenho privados foram os verdadeiros motores da existência de recursos médicos europeus no império português até ao século XVIII, o que não exclui políticas conjunturais, localizadas, com particular relevo para os períodos de guerra. A segunda conclusão salienta o reduzido número de médicos que participaram nestas aventuras, muito particularmente nas colónias africanas, o pior local na geografia das penas de degredo — em vários momentos, a oferta de cuidados de saúde esteve mesmo dependente dos cirurgiões degredados. A terceira conclusão, relacionada com a anterior, reporta-se aos cirurgiões: foram eles, independentemente da qualidade dos conhecimentos que possuíam, os verdadeiros prestadores de cuidados de saúde, qualquer que seja a colónia, à excepção, talvez, do Estado da Índia. Por fim, a certeza de que, no médio prazo, aqui balizado pelo início do século XIX, os conhecimentos colhidos no império pouco impacto tiveram na forma de ensinar medicina na Universidade de Coimbra.
Da documentação em estudo foi possível concluir que, no desempenho das suas funções, Universidade de Coimbra e o físico-mor foram mais mobilizados pelos seus próprios interesses do que por qualquer desejo de modernização do conhecimento e do ensino que tutelavam. Também por isso, se atrasaram no arranque do processo tendente à profissionalização dos médicos e cirurgiões que representavam, e que começava a fazer caminho além-fronteiras em meados do século XVIII, antes continuando absorvidos em discussões sobre as suas áreas de jurisdição e direitos centenários. Se, por um lado, ao contrário do que aconteceu em várias espaços políticos europeus, em Portugal, nem físico-mor nem cirurgião-mor conseguiram criar estruturas organizacionais de relevo, o que só veio a acontecer durante o breve período de duração do Protomedicato (1782-1808), por outro, também não se desenvolveram corporações municipais de médicos e de cirurgiões, o que em nada favoreceu as respectivas artes, que, efectivamente, não tiveram quem as representasse.
Não foram muito diferentes os constrangimentos encontrados na Universidade de Coimbra, ainda que a Coroa nunca a tenha subordinado ao poder do físico-mor/Protomedicato. Enredada nos seus próprios problemas, à beira do século XIX a universidade continuava sem conseguir cumprir o estipulado nos Estatutos de 1772, no que concerne à saúde pública. Do estudo feito, concluiu-se pela necessidade de reavaliar, sem o desvalorizar, o peso que a historiografia tradicional, e alguma mais moderna, têm atribuído à Companhia de Jesus, à Inquisição e às políticas de limpeza de sangue no declínio da Universidade de Coimbra: sendo elementos importantes, eles não explicam, contudo, todos os desregramentos relatados na documentação da universidade.
together with its financial underpinning. The main features of this system are discussed on the basis of its primary components – hospitals, misericórdias (charitable institutions) and officially accredited health professionals. This article draws on previously published
works (especially Abreu, 2018a, 2018b, 2018c), where the reader will find further details and references.
Ultrapassando o episódio filipino que ligou a fundação da Misericórdia de Lisboa à figura de Miguel Contreiras, circunstância emblemática enquanto momento de (re)criação da memória histórica , o presente texto pretende reflectir sobre as condições que contribuíram para a formação, interiorização e disseminação dos tópicos acima descritos. Tem como principal objectivo salientar a importância das misericórdias enquanto instituições criadas para organizar e administrar uma parte substancial dos recursos assistenciais das comunidades locais e conformar as práticas caritativas aos desígnios normativos e reguladores do poder central. Assenta no pressuposto de que elas foram, desde o primeiro momento, associadas a um núcleo de valores ligados ao monarca e à corte – a coroa real e os sete castelos inscritos no escudo das misericórdias, identificados como símbolos da autoridade e soberania régia , consagravam o vínculo entre o poder central e as novas confrarias –, que o poder político quis que fossem partilhados pelos diferentes grupos sociais. Nesse sentido, assumo as santas casas como parte integrante dos processos sociopolíticos que estiveram presentes na construção do Estado Moderno português, num momento em que a acumulação de riqueza proveniente do comércio ultramarino facilitava a uniformização das estruturas administrativas à escala nacional . Não é meu propósito, contudo, debater a natureza do Estado, os seus princípios teóricos e doutrinais, nem mesmo discutir os processos históricos e análises historiográficas sobre o seu desenvolvimento, assuntos sobre os quais existe abundante bibliografia especializada. Mas tão-somente, numa linha de análise que é tributária, entre outros, de Michael Braddick , salientar a importância de elementos não estritamente políticos na formação do Estado Moderno. Obviamente, sem nunca perder de vista as limitações do poder central e os constrangimentos que se colocavam ao efectivo exercício da sua autoridade. Entre outros, os que lhe eram impostos pelas elites locais, constituídas em redes de poder que a coroa não controlava integralmente, mas também os decorrentes das precárias e insuficientes formas e vias de comunicação, bem como da ausência de estruturas materiais e humanas que, de forma eficiente, representassem a monarquia na periferia.
Defendo também que embora as misericórdias se tivessem estabelecido como uma espécie de projecto comum partilhado entre o rei e as comunidades locais, o seu estudo ganha outra espessura se forem integradas no conjunto mais alargado das políticas de assistência e saúde, ...
mobilizaram vários recursos. Neste processo salientam-se, em Portugal, na síntese de Margarida Sobral Neto, a reorganização das estruturas centrais do Estado, a publicação das Ordenações Manuelinas, a reforma dos forais, o regimento das sisas e, em 1520, a criação do ofício de correio-mor. Na senda de trabalhos anteriores, reafirma-se neste
texto que a Coroa utilizou as políticas de assistência com idênticos propósitos de centralização e hegemonia do poder régio.
Partindo da documentação das misericórdias inventariada no primeiro volume dos Portugaliae Monumenta Misericordiarum, procurar-se observar a assistência e a saúde como veículos de transmissão dos signos reais e de valores e modos de proceder, que não só ajudaram a colmatar as fragilidades da incipiente burocracia como permitiram aos monarcas alcançar áreas aonde aquela dificilmente chegaria.
In June 2021, the first issue of a new medical history journal will be published: the European Journal for the History of Medicine and Health (EHMH)...
Assistência, saúde e epidemias são temas que a historiadora Laurinda Abreu investiga há perto de 30 anos mas jamais pensou que eles ganhassem de repente a atenção geral, como tem acontecido face ao novo coronavírus. A curiosidade pode estar nisto: será que a história das pandemias nos dá uma leitura mais clara do que está a acontecer? E no caso português será que a resposta das autoridades às "pestes" de outros séculos tem paralelo com a resposta atual? Em entrevista ao Observador, Laurinda Abreu, professora na Universidade de Évora e investigadora do Centro Interdisciplinar de História, Culturas e Sociedades (CIDEHUS), destaca semelhanças: quarentenas, cordões sanitários, proibição do comércio ou centralização da informação vêm desde pelo menos a Idade Média. No entanto, a historiadora sublinha não ter instrumentos para uma análise comparativa entre o passado e as medidas concretas para o coronavírus.
A interação dinâmica da teoria com situações clínicas da vida real acompanhará todo o seu percurso profissional. A literatura fornece-lhe o contexto para o estudo, seguido pela recolha controlada de dados (por exemplo, referentes a seis pacientes dos mais de 200 infetados com tifo ou os 14 casos analisados na Memória sobre a virtude tœnifuga da romeira (1822)). As suas observações são registadas de forma objetiva, um procedimento que pode ser seguido nos manuscritos que deixou relativos à sua prática clínica. Adicionalmente, apresenta o método de análise de modo a que as conclusões possam vir a ser confirmadas ou refutadas.