Quatro brasileiros se apresentaram no card preliminar do UFC 240 neste sábado, em Edmonton (CAN). Dois deles se enfrentaram numa autêntica "batalha" de MMA, e, se o assunto é "batalha", ficou melhor para o "Deus da Guerra", Deiveson Figueiredo, que derrotou Alexandre Pantoja na melhor luta da primeira parte do evento. As demais brasileiras em ação enfrentaram atletas da casa, e o placar terminou empatado em 1 a 1 entre Brasil e Canadá. Viviane Araújo bateu a experiente Alexis Davis por decisão unânime, mas Sarah Frota foi finalizada por Gillian Robertson.
Deiveson e Pantoja protagonizam grande luta
O paraense Deiveson Figueiredo e o fluminense Alexandre Pantoja ignoraram o fato de serem compatriotas e protagonizaram um combate que levantou o público na arena Rogers Place em Edmonton. Num duelo de muita trocação franca, golpes duros conectados e knockdowns, foi o "Deus da Guerra" que saiu por cima. Deiveson foi anunciado vencedor por decisão unânime (triplo 30-27) e se recuperou após sofrer a primeira derrota de sua carreira em março. Já Pantoja teve sua sequência de três vitórias no UFC interrompida.
Deiveson Figueiredo venceu Alexandre Pantoja por decisão unânime no UFC 240
Deiveson tomou o centro do cage desde o início, enquanto Pantoja circulava pelo perímetro. Após um minuto de pouca ação, o paraense aproveitou um ataque de Pantoja para derrubá-lo. No entanto, o fluminense mostrou uma guarda agressiva e conseguiu se levantar. Deiveson, porém, se aproveitou melhor da luta em pé e acertou um cruzado e um jab fortes na cabeça. Em desvantagem no round, Pantoja passou a buscar a luta agarrada, conseguiu uma queda e tentou dominar as costas. O paraense, todavia, se livrou das garras do compatriota e voltou a acertar mais golpes em pé.
Pantoja voltou para o segundo assalto ditando o ritmo, mas Deiveson se mostrou preparado para suas entradas de queda. O fluminense, então, o surpreendeu com um direto de direita no tempo de seu chute baixo, obtendo um knockdown. O paraense se recuperou rapidamente e se levantou. A partir daí, a luta empolgou, e os dois tiveram momentos de trocação franca. Pantoja chegou a completar uma queda, mas não segurou o adversário no chão. Quando o round parecia garantido pelo fluminense, Deiveson acertou um cruzado de direita que o derrubou, e o paraense terminou o período batendo por cima.
Deiveson Figueiredo acerta um cruzado de direita em Alexandre Pantoja — Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Deiveson agarrou Pantoja logo no início do terceiro round, levou para a grade no clinche e jogou cotoveladas na cabeça. O fluminense, que já tinha o rosto ensanguentado por cortes sofridos nos rounds anteriores, se livrou da pegada, mas sofreu um uppercut que o balançou. Deiveson tentou finalizar no ground and pound, mas Pantoja se recuperou e se levantou. Na segunda metade do período, o paraense conseguiu uma queda e chegou a montar, mas Pantoja remontou a guarda e se levantou. Deiveson chegou a abalar o oponente com mais uma cotovelada de encontro. A partir daí, cansado, passou a circular, tentando apenas garantir a vitória. Pantoja o perseguiu até o fim. Nos segundos finais, ele acertou duros cruzados que quase derrubaram o paraense, mas não houve tempo suficiente para tal.
- Eu gosto de luta! Eu amo você, Canadá! Eu amo brigar, estou aqui para dar show para o público. Eu me divirto assim, guarda baixa, me esquivando. Ele é duro, suportou meus golpes, mas eu equilibrei e venci a luta - comentou Deiveson, extasiado.
Deiveson Figueiredo sobre vitória no UFC 240: "Eu amo me divertir, eu amo brigar"
Vivi Araújo domina em pé e derrota sétima colocada do ranking
A brasiliense Viviane Araújo mostrou neste sábado que veio ao UFC para ficar. Em sua primeira apresentação no peso-mosca (estreou como peso-galo), venceu uma dura luta contra a veterana canadense Alexis Davis, sétima do ranking, por decisão unânime (triplo 29-28), e chegou à sua oitava vitória em nove lutas na carreira.
Vivi Araújo venceu Alexis Davis por decisão unânime no UFC 240
Viviane Araújo (dir.) comemora ao ser anunciada vencedora contra Alexis Davis — Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Vivi imprimiu um ritmo forte desde o início. Entrando e saindo do raio de ação de Davis constantemente, ela acertava bons jabs e diretos. Em clara desvantagem em pé, a canadense aceitou uma queda fácil ao ter seu chute marcado pela brasileira, interessada em trazer a adversária para sua guarda. Araújo, no entanto, não a seguiu ao solo e deu espaço para a atleta da casa se levantar. Ela manteve o mesmo sucesso com jabs e chutes baixos pelo resto do round, mas diminuiu o ritmo um pouco no minuto final.
Viviane seguiu com a mesma estratégia nos minutos iniciais do segundo round, mas Davis começava a acertar um pouco mais em pé. A brasileira decidiu derrubar a canadense, que aproveitou a oportunidade de fazer luta agarrada e raspou. Por cima, Davis castigou Vivi com golpes na linha de cintura e na cabeça. A brasiliense ameaçou um ataque no braço, mas não conseguiu espaço para isso.
Araújo voltou ao que estava dando certo no terceiro e último round: bater e circular. Ela acertou muitos jabs e diretos, e Davis logo tentou derrubá-la no single leg. A brasiliense defendeu bem e permaneceu em pé. A canadense a surpreendeu com um bom chute no corpo e um soco rodado. Mesmo visivelmente cansada, Viviane continuou conectando mais, e Davis apelou para uma queda de sacrifício, tentando cair por baixo para raspar. A brasileira defendeu a entrada e deu espaço novamente para que a canadense se levantasse. Davis grudou em Araújo nos segundos finais e encerrou a luta acertando joelhadas nas pernas.
Empolgadíssima com a vitória, Viviane Araújo mandou uma mensagem às mulheres vítimas de violência doméstica.
Após vitória sobre Davis no UFC 240, Vivi Araújo deixa recado para mulheres brasileiras
- Acredite, vocês não estão sozinhas. Todas nós temos muita força dentro de nós - disse a lutadora.
Gillian Robertson domina Sarah Frota e impõe segunda derrota à brasileira
Gillian Robertson acerta as cotoveladas que encerraram a luta contra Sarah Frota — Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Subir ao peso-mosca não foi a resposta para Sarah Frota encontrar o caminho das vitórias no UFC. A lutadora goiana, revelada no Contender Series Brasil, foi dominada pela canadense Gillian Robertson e sofreu sua segunda derrota na carreira, a primeira por nocaute técnico, aos 4m13s do segundo round. Foi o segundo triunfo consecutivo da lutadora da American Top Team.
Gillian Robertson venceu Sarah Frota por nocaute técnico no UFC 240
Robertson não demorou a conseguir o que queria: derrubar Sarah Frota com um single leg. A brasileira, porém, parecia confortável por baixo, mesmo na meia-guarda. Enquanto a canadense tentava golpear no ground and pound, Sarah progrediu bem no solo e ameaçou fechar chave de perna e triângulo invertido. A goiana, todavia, perdeu as posições, e Robertson capitalizou com uma cotovelada que abriu um corte no supercílio esquerdo da adversária.
A canadense derrubou Sarah novamente no primeiro minuto do segundo assalto. A brasileira inicialmente mostrou uma guarda agressiva e deu bons golpes de baixo para cima, mas Robertson evoluiu à meia-guarda e à montada, de onde castigou a brasileira com cotoveladas até conseguir o nocaute técnico.
Hakeem Dawodu vira luta e nocauteia estreante Yoshinori Horie
Hakeem Dawodu (dir.) acerta chute alto em Yoshinori Horie no UFC 240 — Foto: Jeff Bottari/Getty Images
O canadense Hakeem Dawodu conquistou sua terceira vitória seguida no UFC ao nocautear o japonês Yoshinori Horie, estreante na organização, com um chute alto aos 4m09s do terceiro round. A movimentação intensa de Horie dificultou para que Dawodu o encontrasse no primeiro round. O japonês acertou bons golpes limpos, incluindo um direto de direita que levou o canadense a knockdown. Dawodu, no entanto, começou a entender melhor a aproximação de Horie a partir do segundo round, e foi capaz de acertar bons contragolpes. O canadense cresceu a partir daí e dominou o terceiro round. Um golpe na linha de cintura dobrou Horie, e Dawodu foi para cima. O japonês aguentou uma série de joelhadas e cotoveladas sem cair. Ele só sentou com um chute alto no minuto final.
Gavin Tucker finaliza Seung Woo Choi no terceiro round
Gavin Tucker (dir.) comemora a vitória sobre Seung Woo Choi (esq, caído) pelo card preliminar do UFC 240 — Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Lutando em casa, o canadense Gavin Tucker se recuperou da primeira derrota de sua carreira ao vencer o sul-coreano Seung Woo Choi por finalização (mata-leão) aos 3m17s do terceiro round, no card preliminar. Mais baixo e menos comprido, Tucker investiu na luta agarrada para tentar controlar Choi. Ele teve sucesso no primeiro round, e ia mais ou menos na mesma toada no segundo assalto, mas teve um ponto deduzido por acertar um golpe ilegal (joelhada na cabeça quando o adversário estava sobre três apoios). Choi tentou pressionar no último round, e surpreendeu ao quedar o canadense na metade do período. Tucker, todavia, devolveu a queda, pegou as costas e finalizou a luta.
Erik Koch vence Kyle Stewart em primeira luta no meio-médio
Erik Koch joga um chute alto na luta contra Kyle Stewart que abriu o UFC 240 — Foto: Jeff Bottari/Getty Images
Em sua estreia no meio-médio, o americano Erik Koch venceu o compatriota Kyle Stewart na abertura do card preliminar por decisão unânime (30-27, 29-28, 29-28). Koch não temeu a trocação e manteve a característica agressiva de quando lutava em categorias mais leves. Stewart apostou na luta agarrada para segurar o ímpeto do adversário, e cresceu na segunda metade do primeiro round. O cenário se inverteu a partir do segundo round: Stewart passou a ser melhor na trocação e acertou duas bombas que dobraram os joelhos de Koch, mas o ex-peso-leve reagiu usando o wrestling e o jiu-jítsu. Ele chegou à montada nos segundos finais da luta, que terminou batendo no "ground and pound".
RESULTADOS DO CARD PRINCIPAL
Max Holloway venceu Frankie Edgar por decisão unânime (50-45, 49-46, 48-47)
Cris Cyborg venceu Felicia Spencer por decisão unânime (triplo 30-27)
Geoff Neal venceu Niko Price por nocaute técnico aos 2m39s do R2
Arman Tsarukyan venceu Olivier Aubin-Mercier por decisão unânime (triplo 29-28)
Krzysztof Jotko venceu Marc-Andre Barriault por decisão dividida (29-28, 28-29, 29-28)
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