Capas

Tadeu Schmidt, que foi atleta amador, não consegue conceber a vida sem esporte. Fernanda Garay, campeã olímpica, vive o esporte intensamente mesmo na vida pós-atleta. Juntos, o apresentador e a ex-jogadora de vôlei vão levar esta paixão para a Central Olímpica, programa que é o carro-chefe da Globo na cobertura dos Jogos Olímpicos de Paris, de 26 de julho a 11 de agosto, estreando junto com o evento. “Sou um contador de histórias, sempre fui. Quero falar de uma maneira simples que mesmo quem não acompanhe determinado esporte entenda como é interessante”, diz Tadeu.

Estes são os primeiros Jogos em que o número de atletas homens e mulheres é exatamente o mesmo – 5.250 de cada sexo, competindo sob a bandeira de mais de 200 países e a dos refugiados, e incluindo os atletas individuais neutros. A simbologia não passa despercebida na apresentação da Central. “Isto é um feito muito grande, é muito representativo, e não tem como os veículos não estarem em sintonia com esse movimento. A diversidade e a paridade dos gêneros está no topo da lista em termos de prioridade, de preocupação, de cuidado, e a TV Globo está alinhada com isso”, diz Fe.

Aceitei esse desafio para dar o meu melhor, sabendo que tudo isso vem junto comigo. É fundamental ver uma mulher negra ali - (Fe Garay)

Mulher e negra, ela sabe a importância da representatividade. “Eu tenho total consciência do meu pacote. Quando me proponho a fazer alguma coisa, quando vem esse convite, sei tudo que está englobando e a responsabilidade”, afirma. “Aceitei esse desafio para dar o meu melhor, sabendo que tudo isso vem junto comigo. É fundamental ver uma mulher negra ali, e no programa vai ter também Karine em Paris, então são duas mulheres negras na Central”, conta.

Tadeu Schmidt — Foto: Globo/Leo Rosário
Tadeu Schmidt — Foto: Globo/Leo Rosário

Karine Alves trará direto da capital francesa os bastidores dos Jogos nas ruas, e a Central Olímpica terá um quadro com Marcelo Adnet, além de Galvão Bueno, também de Paris, comentando o principal fato do dia. De segunda a sábado, de forma leve e com uma dose de humor, a Central vai mostrar o que de mais importante acontece no evento - a Globo terá uma cobertura multiplataforma, com 16 equipes de reportagem em Paris e uma no Taiti, onde acontecerão as disputas do surfe.

Tadeu e Fe assumem que não têm a pretensão de guardar na ponta da língua todos os detalhes dos 32 esportes, em 48 modalidades, presentes na competição. Mas estão de olho em tudo relacionado ao tema, de convocações e cortes a questões como dopping e a exclusão da Rússia e Bielorússia dos Jogos, passando pelo debate sobre atletas trans - que tem de ser olhado com muito carinho, como frisa Tadeu, pai de uma jovem queer.

“Meu consumo de esporte é diário, mas não sou um especialista em todas as modalidades”, diz o apresentador. “Tenho uma carga grande de experiência no esporte, comecei minha carreira como jornalista esportivo. Mas não estou ali para opinar sobre desempenho ou resultados. A ideia é se, por exemplo, um jogador de vôlei quebrar a antena [da rede], a gente fazer algo como qual o saque mais rápido, o do vôlei ou do tênis?”, explica ele, que participou da criação do programa desde a estaca zero.

O apresentador de 49 anos tem uma relação com o esporte pouco comum a alguns de seus colegas. Irmão de Oscar Schmidt, um dos maiores nomes da história do basquete brasileiro, é tio de Bruno Schmidt, que foi medalha de ouro no vôlei de praia nos Jogos do Rio, em 2016, e ele mesmo jogou basquete e vôlei pensando em se profissionalizar. Quando vê um atleta nas Olimpíadas, sente admiração profunda.

Fe Garay — Foto: Globo/João Cotta
Fe Garay — Foto: Globo/João Cotta

"Eu queria ter tido essa vida, mas não consegui porque não tive talento”, diz Tadeu, que aos 17 aos foi cortado da seleção brasileira infanto-juvenil de vôlei e foi fazer Comunicação. “Queria ser o Oscar do vôlei ou então não valia a pena; já comecei essa caminhada de maneira equivocada, né? Hoje em dia vejo que a melhor coisa que eu fiz foi parar. Quando via a seleção jogando, pensava ‘e se eu tivesse continuado?’. Mas a verdade é que jamais seria o jogador do nível que eu queria, jamais chegaria ao nível olímpico”, explica.

Talento, Fe Garay tinha de sobra – e para muitos poderia ainda, aos 38 anos, estar na seleção. Ela começou a jogar no colégio, aos 11, entrou na escolinha de base do Sogipa, aos 12 começou a competir pelo clube, aos 16 ganhou o Campeonato Sul-Americano Infanto-Juvenil, e aos 20 chegou à seleção adulta. Aos 26 foi para os Jogos Olímpicos de Londres, de onde voltou com a medalha de ouro.

Eu queria ter tido essa vida de atleta, mas não consegui porque não tive talento. Hoje em dia vejo que a melhor coisa que eu fiz foi parar (...)Jamais seria o jogador do nível que eu queria, jamais chegaria ao nível olímpico” (Tadeu Schmidt)

“Só entendi a dimensão de disputar uma Olimpíada ali. A Fabizinha [Fabi Alvim, ex-jogadora e hoje comentarista do SporTV] foi minha companheira de quarto e, quando estávamos chegando na Vila dos Atletas ela falou: ‘quando você colocar a credencial, vai sentir o que é estar nos Jogos Olímpicos’. E, realmente, foi nessa hora que caiu a ficha ‘sou olímpica’. É como se fosse a primeira medalha”, lembra Fe, que guardou a credencial junto com dezenas de outras de uma das carreiras mais bem-sucedidas do vôlei nacional.

Em 2016, no Rio, a seleção feminina foi eliminada nas quartas de final, mas em Tóquio, em 2021, o time levou a prata. E Fe se despediu dos Jogos, encerrando a carreira pouco depois, aproveitando sua última Olimpíada com mais leveza e sem nada definido para o futuro. Mas já com um convite da Globo para ser comentarista – o que ela não queria, mesmo tendo ouvido muitas vezes quando era uma entrevistada que se expressava bem.

Ela passou então para o outro lado, e foi repórter especial para a Globo nos playoffs da Superliga em 2022. No ano seguinte, foi repórter da comunicação do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) nos Jogos Pan-Americanos de Santiago do Chile. “Foi uma experiência incrível para mim porque eu acompanhei vôlei, boxe , ciclismo, esgrima, fui estudar esses esportes”, conta. Aí veio o convite para a Central Olímpica.

“A vida do atleta é muito curta, não tem muitos espaços para todos os atletas se encaixarem no pós-carreira, acharem uma profissão e se reencontrarem”, avalia. Sem experiência em apresentação, ela acompanhou uma gravação do Esporte Espetacular e viu na prática como funciona o posicionamento de câmera, luz, TP (teleprompter, o vídeo com o texto que será lido) e edição – em fase de treinamento para a Central Olímpica, Fe já pensa em fazer cursos no futuro e ter mais ferramentas para, quem sabe, abrir novos espaços na televisão.

Tadeu Schmidt — Foto: Globo/João Cotta
Tadeu Schmidt — Foto: Globo/João Cotta

“Não sou uma apresentadora, eu sou uma atleta de voleibol que jogou três Olimpíadas, que conquistou muita coisa e que nesse momento se desafia a apresentar um programa com Tadeu Schmidt”, pondera ela, que tem entre suas missões ao conduzir o programa "humanizar" os atletas, mostrando que suas alegrias e frustrações são como as do público em casa. “Eu tenho muitos atributos e valores que eu posso contribuir não só para essa transmissão, mas para o time que vai estar trabalhando com a gente, pela minha experiência que muitas pessoas que estão envolvidas nesse projeto não têm”, avalia.

A vida do atleta é muito curta, não tem muitos espaços para todos os atletas se encaixarem no pós-carreira (...) Não tenho dúvida de que é esse espírito de realmente me desafiar, de dar a cara, que me trouxe até a Central. (Fe Garay)

Na dobradinha no ar, a bagagem que Fe está começando a construir, Tadeu já traz de mais de duas décadas de estrada. Da Hora do Esporte do começo da carreira, na década de 1990, ao Big Brother Brasil, cujas seletivas da 25ª edição já começaram, ele passou pelo Esporte Espetacular, Globo Esporte e Fantástico. Nesse último, o apresentador interagia com os cavalinhos, comentando o futebol – e a Central Olímpica também vai ter um bichinho, o felino Petit Gatô, mascotinho do programa.

“Quando eu comecei minha carreira, eu só queria ter um emprego, me sustentar. Depois fui tendo sonhos na profissão, mas nenhum sonho que tive chega perto do que aconteceu na minha vida”, diz Tadeu. “Claro que eu tive meu mérito também, de me esforçar, de fazer, mas cheguei a muito mais longe do que imaginei”, lembra ele, que divide com Fe a personalidade focada.

Fe Garay — Foto: Globo/Leo Rosário
Fe Garay — Foto: Globo/Leo Rosário

Essa determinação faz com o apresentador também treine religiosamente, não só na academia, mas nos campos de golfe, esporte que pratica com devoção, e que faz com que a ex-jogadora de vôlei levante de madrugada para fazer ioga. Da vida nas quadras, Fe leva lições para a vida. “Não tenho dúvida de que é esse espírito de realmente me desafiar, de dar a cara, que me trouxe até a Central. Sei que vai dar frio na barriga, mas eu não seria eu mesma se não aceitasse por medo. Tenho que confiar na minha determinação, ou seja, na minha cara de pau”, afirma.

Quando eu comecei minha carreira, eu só queria ter um emprego, me sustentar (...) Cheguei muito mais longe do que imaginei (Tadeu Schmidt)

Quando pensa em Jogos Olímpicos, Tadeu lembra de Misha, o ursinho símbolo de Moscou em 1980, mas fica na dúvida se viu mesmo a lágrima escorrendo no rosto do mascote, ou se assistiu a imagem tantas vezes ao longo dos anos que acabou internalizando-a como memória. Mas outras lembranças são 100% reais e especiais: o lugar mais alto do pódio do sobrinho Bruno, alcançando o parceiro de dupla, Alison Cerutti, que ele presenciou em 2016 com a família toda reunida no Rio.

Tadeu Schmidt e Fe Garay — Foto: Globo/Leo Rosário
Tadeu Schmidt e Fe Garay — Foto: Globo/Leo Rosário

“É o momento mais emocionante da história das Olimpíadas para mim. A gente sempre considera o campeão olímpico como um super-herói, alguém inatingível e quem estava ali era o meu sobrinho que eu vi no dia que nasceu, com quem eu brinquei”, conta. “E de repente estava Bruno ali campeão: é a realização do sonho de uma família inteira”, diz.

Fe, claro, recorda cada detalhe de suas participações olímpicas e segue com atenção os passos da seleção – panorama esportivo do país, o vôlei está atrás apenas do futebol em investimentos. A disparidade entre os esportes é algo presente para quem é do meio. “Tem muitos esportes que recebem quase nada. O que a gente não cansa de ver são histórias de atletas que não vivem só do esporte, que têm outra profissão”, diz, frisando que a falta de investimento é perda de talentos no esporte amador. “É uma bola de neve”, explica.

“É difícil você ver uma forma de resolver tudo isso, né? Eu tenho muita admiração por essas pessoas [os atletas] em qualquer modalidade e quando vejo que está indo para os Jogos”, afirma Tadeu. “Não é só pelo esforço: eles são muito bons mesmo”, diz o apresentador. Para a Central, que terá vários pilotos até a estreia, ele e Fe tentaram acompanhar o máximo possível do que acontecerá em Paris. Ao todo, a Globo terá mais de 200 horas de transmissão, e o SporTV, mais de mil, além dos 40 sinais extras ao vivo no Globoplay.

Fe Garay — Foto: Globo/João Cotta
Fe Garay — Foto: Globo/João Cotta

Tadeu vai tentar curtir um pouco das Olimpíadas com a família – sua filha mais velha, Valentina, adora os jogos. Fe, que mora em Curitiba (PR), vai passar uma temporada no Rio, com o marido, Marcio Santos, vindo vê-la. “Não vai ser um sacrifício porque essa distância já era comum quando eu jogava”, conta. A ex-jogadora e o apresentador vão aproveitar as próximas semanas para afiar a dobradinha – o estúdio da Central vai ficar pronto uma semana antes do primeiro programa ir ao ar.

“Vou [adiantar e] começar os meus treinamentos [para apresentar] sozinha, o Tadeu Schmidt já está muito preparado”, brinca Fe. O apresentador diz que está ainda mais dedicado aos exercícios para não fazer feio no ar com uma (ex)atleta. "Vou estar ao lado da Fe Garay", brinca ele, que no BBB já tinha ganhado declarações empolgadas do fãs. "Adoro elogio, nunca é demais. Quer me conquistar, me tirar um sorriso, é só falar que eu estou bonito", diz.

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