Capas

Mônica Martelli é uma cronista contemporânea. Desde 2005, quando estreou Os Homens são de Marte.. E é pra Lá que eu Vou!, vem compartilhando as dores, questões e amores da mulher, com base na sua própria experiência, no que entendeu ser sua missão de vida. “Gosto de escrever sobre o que estou passando e vivendo. Entendi que tenho que botar para fora, escrever todas as minhas alegrias, tristezas, angústias, questionamentos, medos e vulnerabilidades”, diz.

O espetáculo deslanchou a carreira da atriz, diretora e escritora quando ela já caminhava para os 40 anos. Hoje, aos 55 , roda o país com a peça Minha Vida em Marte. No palco, Fernanda, seu o alter ego, luta contra o medo da separação, da solidão, de envelhecer, entre outros temas calcados na experiência de sua criadora – temas caros a uma infinidade gerações femininas.

Em uma conversa de uma hora e meia por vídeo, Mônica fala a palavra feminista uma única vez, mas não precisa de mais: defende que, em ano de eleição, se apoie candidatas mulheres; lembra o machismo sofrido na carreira e na vida pessoal; e a jornada de ser mãe “praticamente solo” de uma filha adolescente, Julia (da relação com o produtor musical Jerry Marques), de 14 anos, em um país “onde a gente morre por ser mulher”. "É super difícil você virar e falar 'olha, minha filha, você usa a roupa que você quiser, você é dona do teu corpo', mas, na hora que a sua filha está saindo de casa com shortinho curtinho para pegar um Uber, seu coração aperta", assume. “Então é você passar os valores, as lutas, o que a gente deseja, mas ter um bom senso da realidade”, pontua.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

Em São Paulo, onde vive com a menina, Mônica tem a companhia da mãe, Marilena Garcia, que foi professora, sindicalista e vereadora e recentemente passou pelo terceiro câncer de pulmão, seu sexto. A finitude da vida faz parte das conversas das duas. "É muito difícil, porque dá uma sensação que está sempre se vivendo um pré-luto. Não existe preparação. Eu tenho muito medo de perder o olhar que a minha mãe tem sobre mim e que só ela tem", diz.

Na cidade também mora o empresário Fernando Alterio, 16 anos mais velho, com quem ela começou namorar justamente na entrada da menopausa, mais um assunto "tabu" sobre o qual fala abertamente. O relacionamento é definido pela liberdade e confiança. “Não fico esperando que uma relação salve a minha vida. Entrei em uma relação respeitando as individualidades. Não tem mais alma gêmea e eu não quero ser um só. Eu sou eu e faço questão de nunca perder a minha individualidade””, explica.

Bem-sucedida na carreira, está escrevendo dois filmes, com direção de sua irmã, Susana Garcia: o primeiro com Ingrid Guimarães, sobre duas mulheres na faixa dos 50 e suas filhas adolescentes; o segundo Minha Vida em Marte 2 , no qual Fernanda ressignifica a vida após a perda do amigo Paulo Gustavo. Há ainda Mônica Total, um projeto pessoal - "de vídeos questionando todos os temas que me interessam, tudo que eu quero falar". Ela vê com esperança o atual cenário cultural.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

"Depois de anos de massacre estamos voltando. É uma grande vitória e uma satisfação ver a retomada dos investimentos em cultura, que é importante na formação pessoal, moral e intelectual das pessoas e no desenvolvimento da sua capacidade de relacionar-se com próximo", pontua. "O olhar para a diversidade cultural do Brasil que eu considero nossa maior riqueza", diz.

Realizada também na vida pessoal, Mônica tem nas muitas inseguranças o empurrão para ir adiante e não se acomodar, mas vem procurando ser mais generosa ao olhar para ela mesma. “Tento ser mais carinhosa comigo e me dar mais valor, porque isso me traz calma, serenidade. 'Cara, olha que maneiro tudo que você construiu, olha que coerência’", diz. "Eu tenho uma vida coerente e admiro muito pessoas coerentes, que fazem e pensam aquilo que pregam. Estou conseguindo isso com a minha vida”, afirma, contando que está sempre em desconstrução e procurando, ativamente, viver com verdade. "O envelhecer é justamente isso, é você não querer perder tempo com o que não te faz feliz", ensina.

Estamos no Mês da Mulher. Se você pudesse dar um único recado para elas, qual seria?
Nós temos que celebrar as conquistas. Estamos sempre falando da luta, que não para nunca. Mas temos que olhar para trás e entender as conquistas. Perceber e reverenciar todas as mulheres fortes que vieram antes abrindo os caminhos. Estamos em um momento muito oportuno, é ano de eleição e precisamos continuar lutando muito porque o país tem um índice enorme de feminicídio. A gente morre por ser mulher.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

Apesar dos avanços.
Olha, percebo o machismo o tempo inteiro em todos os lugares que eu vou. Como é ano de eleição, não podemos ter medo de nos envolver, não de uma forma partidária, mas no sentido de apoiar que mais mulheres sejam candidatas. Tudo começa na base; se a gente quer uma política pública que ajude as mulheres a sofrerem menos violência doméstica, isso vai depender do perfil de prefeito e vereador que você eleger. Nós somos a maioria da população deste país, somos a força concreta dessa sociedade. Temos que nos unir cada vez mais, uma levantando a outra, cada vez mais ocupando os cargos os públicos e privados.

E o que você falaria para a Mônica dos 20, 30 anos?
‘Meu amor, vai na tua, se ouve, acredite em você, respire e ouça a sua inspiração’. Nós não somos estimulados a ouvir nada de ‘dentro’. Tudo que nos é estimulado é para fora, do consumo, do que está acontecendo ‘fora’. Quando a gente tem uma inspiração, desconfia, fala 'será?'. Eu ouvia muita gente ‘ah, você não devia fazer isso, isso aqui está ruim’. Sempre fui muito insegura, mas essa minha insegurança me empurra para frente, faz com que eu corra atrás, questione, e nunca esteja satisfeita 100% com uma situação. Sempre pode melhorar, no sentido de estar bem com a gente mesma.

A impressão, olhando de fora, é que você é uma mulher muito bem-resolvida, muito segura de si e confortável na sua pele, com quem você é....
Mas não sou. Tenho muitas inseguranças, muitos medos. Tenho insegurança na maternidade, sobre que ser humano que eu estou criando para o mundo, no que minha filha está se transformando – e ela é uma menina superbacana, está dando certo. Tenho inseguranças por ser mulher no Brasil, insegurança de envelhecer no país que enaltece a juventude, porque o nosso padrão de beleza não é ser alto, baixo, louro, moreno, nosso padrão de beleza é a juventude. Eu tenho milhões de inseguranças, mas elas me dão força para continuar vivendo. O que me dá insegurança é o que me interessa e o que me interessa vira trabalho, vira fala, vira conteúdo. O que gente tem que fazer é não ter medo dos medos, porque coragem não é ausência de medo, coragem é ir com medo mesmo.

"Tenho inseguranças por ser mulher no Brasil, insegurança de envelhecer no país que enaltece a juventude"

E no trabalho, também é insegura?
Eu sou insegura na profissão, mas tenho muito definido o caminho que quero para minha carreira há muito tempo. Gosto de escrever sobre o que estou passando e vivendo. É uma missão de vida. Desde Os Homens São de Marte..., que foi um antes e depois na minha vida, entendi que tenho que botar para fora, escrever todas as minhas alegrias, tristezas, angústias, questionamentos, medos, vulnerabilidades. Isso me cura e afeta a vida do outro, curando o outro também. Às vezes, fico um tempo quieta, preciso de um distanciamento para escrever aquilo que eu já vivi. Sabe aquela frase que tem que sair da ilha para olhar a ilha de fora? É meio isso. Quando escrevi sobre crise de casamento, eu já estava separada há quatro anos e consegui olhar minha separação de fora.

Uma mulher bem-sucedida, como é o seu caso, é mais protegida do machismo?
Eu acho que por eu ser uma mulher branca, de classe média, eu já sou privilegiada. Eu pude estudar, eu não precisei trabalhar na época de escola. Eu posso trabalhar no que eu amo. Deve ter aberto, sim, algumas portas a mais por ser branca, privilegiada. Mas são situações diárias nas quais você percebe o machismo presente o tempo inteiro.

Por exemplo?
Eu sou mãe solo praticamente. Eu sou filha de mãe desquitada. Eu vi minha mãe passar por todos os machismos e eu também passo pelos machismos, porque é uma questão de gênero: é ser mulher. E é o tempo inteiro. É desde você descobrir que aquele cara que trabalha com você está ganhando mais a estar no restaurante e o garçom te tratar melhor porque você está com homem na mesa. É a festinha que você leva sua filha e tem o grupo dos casados, porque a mulher quando tem um marido, um esposo do lado, ela é mais valorizada na sociedade.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

Por muitos anos existia uma certa rejeição da mulher no humor, caso das personagens "gostosonas" ou "burras". Você sentiu uma certa dificuldade ou relutância do mercado em aceitar uma mulher fazendo humor com questões da mulher contemporânea como sexo, traição, autoestima?
Eu passei toda essa fase do humor machista. Eu vivi isso tudo. Eu comecei minha carreira em um programa de humor em que eu era a gostosona jogada lá no canto para fazer piada de mulher gostosa, porque mulher ali ou era gostosa ou feia, ou gorda, com todo o preconceito em cima da mulher gorda, ou preta, com todas as qualidades inferiores que se dão às mulheres negras. Eu venho desta época, eu vivi isso na pele. Eu tentava com o diretor levar projetos meus e inventava personagens, nada colava. Ele falava 'ah, Mônica Martelli, ó, se contenta, querida, com aquela pilastra lá que é a sua’. Colocavam uma fita crepe embaixo do peito para ele ficar bem em cima, era uma coisa louca.

"Entendi que se eu não fosse a dona da minha vida, da minha história, eu ia naufragar, porque não tinha espaço para mim"

Como você rompeu esse ciclo?
Eu não tinha lugar ali e foi aí que eu resolvi começar a escrever a minha história. Estava triste, veio a minha mãe e falou para mim: 'O que você está esperando da vida, que alguém tenha olhos para você? Não espere, minha filha, pega um caixote e vai para praça, sobe em cima e fala seu texto para o mundo, mostra para o mundo quem você’.

E você foi.
Entendi que se eu não fosse a dona da minha vida, da minha história, eu ia naufragar, porque não tinha espaço para mim. Só que eu era inconformada, eu ficava ali parada, 'gente, eu sou mais inteligente que isso, não é possível que eu vou ficar aqui numa pilastra, falando uma piadinha de mulher gostosa'. E eu nem matava a piada, ela passava por mim! Aquilo me causava inquietação, 'não é possível que não tenha caminho'. Aí inventei um caminho para mim. Meu caixote foi o Teatro Cândido Mendes, quando estreei Os Homens São de Marte. Comecei a escrever as minhas desilusões amorosas e descobri uma forma minha de contar histórias.

No geral, acha que estamos melhor em relação ao machismo?
Olha, a gente quer a igualdade de direitos, igualdade de salários, ocupar os cargos públicos e privados, respeito pelo que a gente usa, respeito por ser mulher. É muito complicado. Retrocedemos uns anos atrás, muitas políticas públicas a favor da mulher foram destruídas. Por isso falei da importância da eleição. Nós temos 5.500 municípios nesse país. Tudo começa ali, na base, a vida se passa no dia a dia na cidade. Se você elege quem não tem um olhar para mulher, não adianta ficar esperando o Congresso, Brasília. Por isso que é tão importante as mulheres na política. E eu tive uma mãe na política a vida inteira, tem que ser muito corajosa para abrir mão da sua vida e batalhar pelas causas sociais, pelas lutas femininas.

E nos últimos anos parece que as pessoas passaram a ter orgulho de mostrar que são machistas, homofóbicas, transfóbicas...
Quando se tem uma liderança que enaltece isso [este tipo de comportamento], as pessoas têm a coragem de colocar isso para fora, e abriu-se esse ralo. Todas as agressões que nós mulheres passamos são no campo de difamar moralmente, sempre. Minha mãe, quando foi candidata, era chamada de sapatão. É sempre a questão sexual e o campo da loucura. A mulher que é forte, que bate na mesa, ela é louca. O homem que é forte e bate na mesa é firme, assertivo. É uma luta que não termina. Quantas mulheres já morreram neste nosso papo?

Acredita que as mulheres estão mais solidárias umas às outras e que sororidade é real?
Sim, mas tudo na vida é um processo. Ainda tem muita mulher derrubando mulher. Quando eu falo que tem que ter mais mulher nos representando é mulher consciente do papel feminino, porque muitas reproduzem o patriarcado na íntegra. Mas, existe, sim, uma rede de apoio, uma consciência de despertar um olhar com mais amorosidade para outra mulher. Eu sempre fui acolhida. Só que há um mundo machista em volta que tenta colocar uma rivalidade que não existe. E a gente também tem que todo dia acordar e falar ‘só por hoje não serei machista’, se policiar para não falar 'mas também ela fez isso ou aquilo'. É que nem o racismo: é um letramento. É uma tomada de consciência recente.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

"A mulher que é forte, que bate na mesa, ela é louca. É uma luta que não termina"

Você e Ingrid Guimarães têm um projeto de um filme para ressignificar a mulher de 50 anos. Essa é uma fase que não dá para perder tempo e não viver com verdade?
Olha, mas a idade não te dá isso, o que te dá isso é você construir, ir de encontro aos seus desejos e a quem você é nesse momento de vida, porque quem eu sou hoje não é Mônica de cinco anos atrás. Não sou a mesma mulher de há um ano. Isso não se dá só pela idade, existe muito velho insuportável por aí, que não enxerga um palmo na frente, que só piora tudo de ruim na vida.

Como você constrói essa verdade na sua vida?
Tem que querer. É uma busca para você entender o tempo em que você está vivendo, as finitudes da vida, os ciclos. Eu tenho uma mãe muito forte na minha vida, que passou por um terceiro câncer de pulmão, fez uma quimioterapia, mora comigo em São Paulo. Eu vivo isso muito nitidamente, a gente conversa muito sobre as finitudes da vida, o envelhecer, as perdas e os ganhos. O envelhecer é justamente isso, é você não querer perder tempo com o que não te faz feliz. Mas isso a idade não te traz, o que te traz isso é amadurecimento, que não tem a ver com idade.

De que forma?
É você no seu dia a dia buscar o 'eu vou optar por não fazer isso porque eu já entendi que isso não me faz bem'. São escolhas diárias que você faz. Aí tem que descobrir quem é você hoje. O que você deseja para tua vida? Para tua vida amorosa? O que que eu já vivi na minha vida amorosa? O que que eu não quero repetir? Amadurecer pode ser muito lindo no sentido de você se dar a chance de desconstruir padrões que já não te fizeram feliz.

"O envelhecer é você não querer perder tempo com o que não te faz feliz"

Hoje você é uma mulher desconstruída?
Estou me desconstruindo e em construção sempre. Até o último dia de vida a gente está em construção e desconstrução. Somos uma pedra sempre sendo lapidada. Não tem fim, porque o autoconhecimento só termina no último dia de vida. Não chega um dia que você fala 'gente, já entendi tudo, saquei qual é’. Aí vem alguém com quem se relaciona que te mostra uma outra versão sua, porque as relações amorosas também servem para mostrar para você quem você é. Eu sempre falo que no Tibete as pessoas evoluíram meditando, e aqui no Ocidente a gente evoluiu se relacionando.

Como um relacionamento poder ajudar no crescimento pessoal?
É se relacionando, brigando, dialogando. É dessa forma que você vai se entendendo, que você vai no seu caminho de autoconhecimento. Isso não muda nunca, mas aí a sua filha muda de fase, você fala 'caramba', aí você entra na menopausa, 'caramba'. É um outro corpo, é uma outra mulher. Deixa eu me entender aqui e agora. Não tem fim.

Quem são as mulheres que inspiram?
As mulheres em minha volta, principalmente minha mãe, a primeiríssima delas. Ela abriu todas as portas para mim da vida, abriu caminho com foice, 'vem'. Eu tenho uma mãe que acabou de fazer uma quimioterapia e que continua abrindo caminhos para a gente [a família], porque é uma mãe inquieta, que tem sempre um projeto de vida, uma causa, algo maior para buscar, estudar, ler, se engajar. É isso que dá vida. É isso que faz a gente ir para a frente.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

Sua mãe fez um vídeo muito bonito, quando terminou a última rodada de quimioterapia, falando dos planos, que era muito grata pela vida. Como é conviver com ela nesse momento?
Muito difícil, muito difícil, porque você fica lidando todo tempo com a ideia da finitude da vida, que é uma coisa boa, porque a única certeza que a gente tem na vida é a morte. E dela a gente não quer falar nunca. É difícil, porque dá uma sensação que está sempre se vivendo um pré-luto. Não existe preparação. Eu tenho muito medo de perder o olhar que a minha mãe tem sobre mim e que só ela tem. Eu vivo esse medo, e acho que não tem solução. Mas é uma coisa que a maturidade e a idade trazem: você vai vivendo os novos ciclos da vida dessas pessoas que são as pessoas mais importantes da sua vida.

Como é a convivência de três gerações na mesma casa? A Julia tem consciência desta finitude, deste processo?
Julia tem 14 anos, entrando na adolescência, vivendo as amigas, o sair. A convivência da Julia com a minha mãe é de fundamental importância para a criação da minha filha. Primeiro que é uma bênção ela conviver com avó dessa forma, é um presente que eu estou dando para ela. Assim que me separei, minha mãe teve o primeiro câncer de pulmão. Um dia, Julia com 3 aninhos, fomos visitar minha mãe em sua casa, na hora de ir embora, pensei ‘por que não junto essas três?'. E assim ela veio, fiz do escritório um quarto e começou a grande importância da convivência da minha mãe com a Julia.

O que mudou?
Julia, filha única de mãe mais velha, mimada, primeira coisa teve que dividir banheiro com a avó, teve uma negociação pelas gavetas do armário. Ali já começou a transformação na vida da minha filha. E há os valores sociais que minha mãe passou; estou sempre engajada em projeto social por causa dela. A minha mãe fala 'vem cá, Julia, vamos fazer doação', ‘isso, não', ‘isso não por quê?’. A minha mãe é uma educadora de colocar minha filha no lugar de enxergar o outro.

Acha isso difícil para a geração da sua filha?
A gente vive em um mundo hoje onde ninguém enxerga o outro. As crianças estão no celular, no TikTok, se comparando um com o outro, é consumo, consumo. Eu falo para ela 'Ju a mamãe hoje tem um reconhecimento profissional, tem um poder aquisitivo maior, mas a batalha continua, não para nunca'. Então ela vê essa mãe estudando, mas no meio disso tudo isso tem uma confusão de um glamour, de entra e sai maquiador. E Julia é muito pé no chão.

Você também é?
Eu nasci em outro contexto, nasci em Macaé, filha de uma professora classe média sindicalista. Julia nasceu no Leblon, filha de uma atriz já conhecida. Já muda. Mas tem uma raiz ali que puxa ela. Eu sempre falo para ela 'pinheiro de Natal é seco porque não tem raiz, você volta sempre para sua essência'. Estou sempre lembrando de onde eu vim para entender a minha trajetória e todas as conquistas, senão a gente banaliza tudo, né, 'ai, foi pra Nova York, normal’. Eu valorizo tudo, na minha época viajar era coisa de rico, minha avó falava 'fulano foi para o estrangeiro', e eu 'caramba, sério?'.

Como é criar uma menina de 14 anos no Brasil?
É assustador, é preocupante, mas tem que enfrentar. Então [a criação] é no dia a dia, são nas situações que a gente está vivendo, nas pequenas coisas que a gente vai passando. É superdifícil você virar e falar 'olha, minha filha, você usa a roupa que você quiser, você é dona do teu corpo', mas, na hora que a sua filha está saindo de casa com shortinho curtinho para pegar um Uber, seu coração aperta. Então é você passar os valores, as lutas, o que a gente deseja, mas ter um bom senso.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

É duro.
É a realidade. Não é de acordo com o que você sente, que você gosta, mas vamos entender em que mundo a gente está vivendo. Eu tenho uma sobrinha superfeminista, viaja o mundo inteiro, mochileira. Ela mapeou o globo e metade do mundo ela - só por ser mulher - não pode viajar sozinha. O que também não quer dizer que ela esteja segura na outra metade. Então é ter essa consciência, 'ah, meu corpo minhas regras’, 'ok, amor, mas você vai lá para esse lugar andar de shortinho meia-noite?’. Não vai. É ela [Julia] avaliar o que está sentindo e entender esse bom senso de onde a gente vive. Vivemos na sociedade onde há regras machistas, racistas, misóginas, introjetadas dentro de todo mundo. É um desafio criar filho, principalmente no mundo rachado, onde o ódio faz parte da vida das pessoas, e te olham com ódio se você não pensa igualzinho a elas. Então você vai passando diariamente valores que possam formar aquele ser humano com olhar mais amoroso, mais diverso para vida.

Vocês se dão bem?
É uma fase que [adolescentes] não querem saber da gente, querem autonomia, distância. Tudo que eu falo ela diz 'hã?'. A minha filha acha que eu tenho 300 anos (risos). Eu não encaro isso como ‘desespero, adolescência’. É mais um ciclo da vida, acho até graça. Eu entro no quarto dela 'hã, fala, hã', é uma coisa blasé, negação da mãe. Ao mesmo tempo, nós somos grudadas.

"A minha filha acha que eu tenho 300 anos. É mais um ciclo da vida, acho até graça"

Como você lida com a questão da influência e impacto da internet na formação da sua filha?
Tem uma coisa muito legal na minha relação com a Julia: eu consigo educar porque temos uma ligação de confiança e admiração. Quando o filho não admira os pais, não admira essa mãe, o que vem dela não interessa. Só que o que vem de mim interessa para Julia. Eu sinto que ela quer minha opinião, e isso para mim não tem preço. Mas foi uma construção, não caiu do céu. É uma confiança, é o tempo todo falar 'Julia, mamãe está aqui para você', além da admiração que ela tem pela mulher que eu sou.

Você disse que é praticamente uma mãe solo. Como é seu relacionamento com o pai da Julia?
Nos damos super bem. O Jerry mora no Rio, a gente em São Paulo, o que já dá um afastamento territorial físico importante. Quando a Julia era muito pequenininha, ele se mudou para Nova York, e também teve esse outro afastamento. A Julia é muito acostumada a não ter o pai na rotina. Quando ele vai para São Paulo, fica hospedado na minha casa para ter mais tempo com a filha. Eu troco muito pouco da parte do dia a dia dela com ele. Mas eles se falam todos os dias, existe uma troca de carinho muito grande, e Jerry é presente da forma como pode.

A arquiteta Gigi Barreto, que é cenógrafa e atual mulher do Jerry, fez sua casa em São Paulo e no Rio. É uma relação muito civilizada, o que deveria ser a norma...
É civilizado mesmo e deveria ser a norma, mas não é, porque as pessoas carregam muitos problemas de insegurança e colocam isso em cima de passado. Eu e Gigi nos damos muito bem desde o início, ela é uma madrasta superpresente, sempre tentando produzir momentos de encontro entre Julia e o pai e entre ela, Jerry, as filhas dela e a Julia. Eles vão se casar, a Julia vai entrar com o pai. Gigi trouxe uma outra possibilidade de convivência da Julia com o pai, de uma nova relação minha com Jerry. Ele deu muita sorte, duas mulheres bem-resolvidas, analisadas. Não tem competição entre a gente.

Em Minha Vida em Marte há um olhar sobre as mágoas que se acumulam em um casamento. Depois de tantos anos, como é que você vê esse tema, em um texto inspirado na sua própria separação? Mudou de opinião ou aprendeu algo novo sobre si mesma?
Eu continuo aprendendo o tempo inteiro. Quando a gente entra nas relações é com muitos sonhos e expectativas que joga para cima do outro. A Fernanda está, como eu estive, tentando salvar o casamento e tendo a coragem de romper com aquele sonho de ser família a qualquer preço. Cada vez que faço o espetáculo, tenho sempre que falar que a gente não pode passar por cima dos nossos valores e desejos para se manter em uma relação ou uma família. Tem que estar bom para os dois. Isso é uma coisa que a gente tem que levar para a vida. A outra coisa é que a gente fica vivendo uma relação falida em nome de um passado que foi bom, em nome de um futuro que planejou, mas o agora é uma merda.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

Em nome do que poderia ter sido.
Exato, do que poderia ter sido. Você planejou tudo e não quer deixar de viver aquilo. A maior dor de uma separação não é quando você separa corpos, isso é um alívio porque você está em crise já. A dor é de todo o futuro que você planejou e não vai ter mais. As expectativas são muito grandes, têm a ver com desejo, você entra em uma relação desejando coisas. Tem aquele primeiro enamoramento e depois o ser humano real chega. Será que você ama aquela criatura real? Ou só ama aquilo que idealizou? E não existe vilão, mocinho, chegamos ali juntos, a neurose está nos dois lados, a loucura está nos dois. Não estou falando de casos extremos, de abuso, de violência. A grande questão nas relações são as mágoas que a gente vai acumulando e não vai dissolvendo. Chega uma hora que aquilo ali fica insuportável. São essas mágoas que a gente tem que tomar cuidado e a única forma que eu aprendi a lidar com elas é o diálogo.

E hoje?
Eu hoje vivo uma relação diferenciada, primeiro que eu não sou casada, e a rotina de um casamento, se casar, ter filho, isso tudo já passei e não preciso mais. Relacionamento é o melhor lugar para a gente se conhecer, é onde você se aperfeiçoa e vai sendo afetado pelas crises, pelo amor, pela vida do outro. Vai melhorando, caminhando e se entendendo mais. Quando alguém fala 'ninguém transforma o outro', transforma, sim. Não da forma como a gente quer 'ah, ele vai gostar daquilo que eu quero'. Não é dessa forma, é transformar porque você se transforma através das relações.

Mas você entrou nesse relacionamento com expectativas ou já tinha aprendido a colocar o pé no freio?
Aprendi a botar o pé no freio, com certeza. Entrei com expectativas muito mais reais, vivendo todo aquele apaixonamento, que inclusive foi no início da minha menopausa e foi o que me salvou porque eu mal senti [a menopausa]. Eu sabia que uma hora aquilo [a paixão inicial] ia acalmar e virar uma outra coisa boa também. Não fico esperando que uma relação salve a minha vida. Entrei em uma relação respeitando as individualidades. Não tem mais alma gêmea e eu não quero ser um só. Eu sou eu e faço questão de nunca perder a minha individualidade. O ‘amor romântico’ vende uma coisa que é incompatível, essa falta de individualidade, de respeito a quem o outro é, ao que o outro deseja. É sobre virar um só. Esse tipo de relação que eu escolhi para mim mesma a gente é colocada na parede o tempo inteiro.

Por exemplo, vocês estarem juntos há cinco anos e não morarem juntos?
Eu tenho uma filha de 14 anos, tenho minha casa, sou eu, minha filha, minha mãe, minha cachorra, tem uma gata, só tem mulher na casa. É muito claro para mim que eu não gostaria de ter nenhum homem dentro da minha casa dando ordem para minha filha. Mas, por exemplo, ele é obrigado a ir para o aniversário de 8 anos de minha sobrinha no Rio? Dentro desse modelo de amor romântico ele não indo é 'nossa, mas não veio, não é esquisito?'. Eu sou a primeira a falar 'amor, quer ir para fazenda, eu vou para o Rio’. Isso é maduro. Só que o amor romântico vende que você tem que estar grudadinho, 'ué, Mônica, não veio?'. Eu devo ser questionada o tempo inteiro também para as pessoas em volta dele, 'Mônica está em Brasília fazendo peça, Mônica, está Recife fazendo não sei o quê'. Eu tenho minha vida, meu trabalho

"Não fico esperando de uma relação que eu seja a salvadora. Não tem mais alma gêmea e eu não quero ser um só"

Seu namorado tem 16 anos a mais que você. Pensou duas vezes antes de embarcar nesse relacionamento devido à diferença de idade?
Nunca me relacionei com homem mais novo. Meu primeiro marido tinha 10 anos a mais que eu, o pai da Julia é 11 anos mais velho, e o Fernando tem 16 anos a mais. Os homens da minha geração, quando eu era mais nova. e agora também os mais novos que eu, eu achava mais imaturos. Talvez tenha sido uma coincidência mesmo. Mas, pela primeira vez na minha vida, estou vivendo uma relação em que eu tenho liberdade.

Por quê?
Se você me perguntar o que define minha relação com o Fernando é liberdade. Isso porque eu sou leal a ele, ele a mim, eu confio nele, ele confia em mim. A liberdade se dá porque Fernando é um homem seguro e, por ser um homem seguro, eu faço o que eu quero da minha vida e está tudo certo para ele.

Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues
Mônica Martelli — Foto: Julia Rodrigues

Você nunca tinha vivido isso?
Não. A gente sempre tem que estar arrastando uma correntezinha que nós somos mulheres fortes, o que causa muitos sentimentos em muitos homens. Dentro da nossa sociedade patriarcal e machista, o homem tem que ser mais. Só que Fernando é um cara muito seguro, muito bem-sucedido, não só financeiramente, mas de fazer o que ama. E como ele é um homem seguro, eu vivo pela primeira vez uma relação em que tenho liberdade. ‘Oi, amor, estou aqui no Rio’, ‘então tá, estou indo dormir’, ‘vou sair para jantar com fulano de tal’, ‘amanhã a gente se fala, um beijo’. É uma confiança que um tem no outro, e para mim isso não tem preço.

Li uma entrevista em que você falou que, como morava no Rio, se encontrava com Fernando sexta, sábado e domingo, e que transava com data marcada...
A brincadeira do final de semana é que uma terapeuta tem uma teoria de se a gente marca a hora para ginástica, por que não marca a hora para transar? Porque acha que o amor romântico dá conta disso. É você estar há 20 anos casada, na merda, na crise, discutindo o boleto da escola do filho, e achar que vai deixar um ombro de fora e o marido vai falar 'nossa, amor, que tesão' do nada. Isso não vai acontecer. O que essa terapeuta propõe é pegar um dia da semana e estipular que não vai se falar sobre trabalho, sobre filho, sobre escola e tentar resgatar uma coisa romântica que se perdeu.

E o que você pensa sobre isso?
A maioria dos casais se perde. A rotina diária massacra, você não tem tempo, é problema do filho, da escola. E quando disse que tinha dia marcado para transar, quis dizer que naturalmente quem tem namorado já faz essa prática sem precisar combinar. Até brinquei 'se pensaram em mim sexta-feira, eu estou transando', porque quem é casado chega em casa sexta-feira mal-humorado, alguma coisa deu errado no trabalho, etc, e os encontros amorosos vão sumindo, vão indo embora. Aí você vai perdendo a intimidade com seu parceiro.

Manter essa intimidade, para você, é o que dá essa harmonia na vida de um casal?
Um casal, se não tem vida sexual, é irmão. E tudo bem. Está bom para os dois? Então está beleza. O problema é quando está ruim para um e está bom para o outro. Acordo sexual e amoroso tem que estar bom para os dois.

Usar brinquedos, apimentar a vida sexual...
Óbvio! Vamos transar com outra pessoa, vamos trazer um brinquedo, não existe certo e errado dentro de um relacionamento. Existe o que é bom para os dois, se está dando prazer, e, se é bom para ambos, esse é o acordo. Só que na maioria dos casais a rotina massacra. Não sobra tempo de respirar, limpar o olhar e ver de novo a pessoa com aquele brilho, 'cadê aquele cara por quem eu me apaixonei, aquele cara charmoso, aquele cara que eu achava interessante, cadê essa pessoa, cadê?'. E aí a gente fica nos casamentos querendo resgatar essa pessoa.

Você diz que o namoro com Fernando a ajudou a passar pela menopausa. O assunto ainda é tabu?
A menopausa tem cheiro de final de vida, de velhice. No mundo capitalista em que a gente vive tem que produzir. E se você para de produzir filho, você acabou para o mundo, parou de produzir mão de obra para esse mercado. É quase isso. A menopausa é muito pouco falada porque a expectativa de vida da mulher era com 59, 60 anos. E ela entrava com 55, então realmente era final de vida. Só que hoje não. Eu mudei de cidade, aos 50, me apaixonei aos 50. Então é apenas do início de um novo ciclo, assim como a adolescência, a fase adulta.

Você procurou ajuda médica nesta fase?
Estou fazendo reposição hormonal e sinto muita diferença, muita (ênfase). A mulher tem como ter ajuda, não tem que passar no sangue, ter calorão, dormir mal, ter angústia, vontade de chorar, não reconhecer mais seu corpo. A palavra menopausa ainda é um tabu. As pessoas não querem falar sobre isso porque junto com a menopausa vêm algumas perdas. Ok, está tudo certo, mas tem outros ganhos também. Agora imagina se fosse homem com calorão na menopausa, estariam todas as pesquisas atrás de tudo para o pau subir, para o pau descer, para o pau não se entortar.

Você tem 1,80 metro, é um mulherão em tamanho. Quando vê sua trajetória, o que construiu, se reconhece como um mulherão também nesse sentido?
Estou tentando fazer um exercício de olhar para mim e falar ‘que mulher, que trajetória bacana a sua'. Porque eu – e a maioria das mulheres – a gente se cobra muito, e o mundo cobra muito da gente o tempo inteiro. Estamos sempre mal com alguma questão: tem que ser boa mãe, boa dona de casa, boa no trabalho, boa namorada, estar bonita, tem que estar isso, tem que estar aquilo. Então eu já entendi que eu não vou estar 100% em todos os lugares ao mesmo tempo. Mas tento ser mais carinhosa e generosa comigo e me dar mais valor. Porque isso me traz calma, serenidade. 'Cara, olha que maneiro tudo que você construiu, olha que que coerência’. Eu tenho uma vida coerente e admiro muito pessoas coerentes, que fazem e pensam aquilo que pregam. Estou conseguindo isto com a minha vida.

"Eu sou vaidosa, quero ser uma mulher bonita de 55 anos"

E quando você olha para trás...
Tenho muito orgulho da minha trajetória, de onde vim, de todas as dificuldades que eu passei, de todas as barreiras que eu enfrentei, de todos os caminhos que eu percorri. Eu tenho que falar mais isso para mim: 'Mônica, mulher maneira’. Eu lembro que quando fui comprar meu apartamento no Rio falei 'mãe, mãe, vamos comemorar, abrir um vinho, vou assinar a escritura do meu apartamento'. E aí minha mãe me mandou uma mensagem, 'meu amor, vamos comemorar a forma como você comprou este apartamento, com dinheiro de ingressos vendidos, com você 10 anos viajando esse Brasil inteiro, perdendo festas de família, trabalhando, poderia ser um contrato de um apartamento herdado de marido, herdado de pai, mas você está assinando o contrato de um apartamento que veio do seu teatro, que você escreveu e produziu’. Minha mãe sempre me lembra a mulher que eu sou.

Mas ainda assim você se cobra?
Quando eu falo que a gente tem que olhar para gente cada vez mais e nos acariciar é que a gente está sempre cobrando da gente. Eu sou muito do ‘pode melhorar, pode melhorar’. É legal se cobrar, mas tem uma hora que temos que passar mão na gente e falar ‘que maneiro'.

Como é que você lida com a passagem do tempo?
Eu sou vaidosa, quero ser uma mulher bonita de 55 anos. Eu me cuido para poder ser uma mulher que goste do que eu vejo, adequada para minha idade, jamais querendo aparentar ser mais nova. Mas não me vejo na obrigação de ter que ser nada. Deixa o cabelo branco quem quer, não faz plástica quem quer. A nossa luta é pelo direito de escolha. A partir do momento que se você cria outro ciclo hiperativo, tem que deixar as rugas, tem que isso ou aquilo, não estamos caminhando na luta. Não é sobre isso. É sobre o que é bom para você, o que eu eu quero para mim?

CRÉDITOS:
Texto:
Raquel Pinheiro (@raquelpinheiroloureiro)
Fotos: Julia Mataruna (@juliamataruna)
Styling: Lulu Novis (@lulunovis)
Beleza: Jean Ricardo (@jean13ricardo)
Edição: Ana Carolina Moura (@anacmoura)
Design de capa: Eduardo Garcia (@eduardogarda)

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