A atriz que foi rejeitada para o papel da namorada de Sylvester Stallone em 'Rocky' por ser bonita demais

Em 'Rocky, Um Lutador', o personagem título é quem passa o tempo todo em tela -- é claro. Mas ainda que fosse Sylvester Stallone quem protagonizasse a franquia, houve bastante tempo para que outros personagens pudessem roubar para si algum tempo em frente às câmeras.

Os primeiros que vêm à mente sempre são quase sempre Apollo Creed, Ivan Drago ou os amigos de Balboa, Mickey e Paulie. Mas é Adrian quem tem um dos maiores destaques da trama.

Logo nos primeiros encontros de Rocky com ela, a química entre os dois fica clara. A moça trabalha em um pet shop, onde o protagonista visitava de vez em quando para comprar ração para sua tartaruga de estimação. Aos poucos, Rocky vai criando coragem para chamar a atendente para sair.

A timidez dela, conjunta a do próprio Balboa, cria uma tensão agradável para quem acompanha E assim, um dos casais favoritos do cinema americano nasce: a partir do elemento essencial da personagem, o charme da introversão, que casou muitíssimo bem com o perfil de Shire.

Mas antes que 'Rocky' pudesse ser rodado, escolher uma atriz que pudesse interpretar o interesse romântico do protagonista foi bem complicado. Foram várias opções, e nenhuma delas combinava bem: Cher era até que uma boa atriz, mas era uma das grandes estrelas da TV -- famosa demais para um papel focado no minimalismo.

O semelhante era discutido a respeito de Bette Midler, uma estrela do teatro musical cujo talento não tinha absolutamente nada a ver com o silêncio. Carrie Snodgress também não ficou de fora, e na verdade, foi a exata primeira opção de John G. Avildsen.

Já que a personagem de Adrian foi escrita como uma mulher de origem irlandesa, não havia opção melhor que a atriz de 'Quando Nem Um Amante Resolve'.

Já indicada ao Oscar, Snodgrass era a atriz mais bem estabelecida dentre as possibilidades. Talvez por isso negou participar do longa. A razão dada pela atriz era o valor baixíssimo do cachê.

Logo, surgiu Susan Sarandon entre tantos "nãos" de outras estrelas. A atriz estava vivendo um ótimo começo de carreira, à época. Em 1975, estrelou aquele que daria um pontapé certeiro para o início de sua carreira: 'Rocky Horror Picture Show'.

O musical que conta com o brilhante Tim Curry no papel da travesti espacial e cientista maluca Frank-N-Furter, e algumas das melhores canções já apresentadas nas telonas.

Não por acaso, é até hoje um ícone da cultura LGBTQIA+, e representa uma geração inteira de entusiastas e artistas do teatro musical. É referência óbvia dentro da cultura pop, e foi o filme que introduziu Sarandon a Hollywood.

No musical, a então jovem estrela interpreta Janet Weiss, a adorável namorada de Brad Majors. Após assistirem à cerimônia de casamento de seus amigos, o jovem casal se perde no meio da estrada durante uma forte chuva.

Buscando abrigo, acabam no castelo da maléfica Frank-N-Furter e de seus companheiros nada comuns. Ao decorrer do filme, Janet e Brad são surpreendidos com a ideia de que, talvez, a atração sexual seja muito mais complexa e muito mais divertida do que eles mesmos estavam acostumados.

Em primeiro momento, a timidez da personagem de Janet parece se assemelhar com a de Adrian. Ambas são moças meigas, inocentes e charmosas. Mas logo se percebe a disparidade entre as duas.

Enquanto Adrian é o retrato de uma moça real, Janet é a caricatura dela. Não é à toa, portanto, que a personagem de 'Rocky Horror' acaba tão sensual quanto o próprio clã do castelo quase ao final do filme.

Também tinha outro problema, e esse foi o responsável por tirar qualquer possibilidade de Susan Sarandon estrelar o papel da futura esposa de Rocky Balboa: a atriz de 28 anos era "bonita demais" para o papel.

Quem afirmou isso foi Burt Young (1940-2023), o próprio Paulie da franquia de Stallone, em seu site oficial.

A atriz que se tornou ativista cresceu, mesmo depois de não ter feito 'Rocky, Um Lutador' em 1976. Foi indicada ao Oscar cinco vezes, e venceu uma, em 1996, por 'Os Últimos Passos de Um Homem', dirigido por Tim Robbins e estrelado também por Sean Penn.

O papel da calada garota do pet shop do bairro foi, então, mesmo para Talia Shire, que já havia brilhado, anos antes, em 'O Poderoso Chefão' e 'O Poderoso Chefão - Parte II', no papel da irmã Connie Corleone, filha do Don Vito, que se casa em uma cerimônia luxuosa no início do primeiro filme, que quase contou com a participação do próprio Sylvester, antes da fama.

Detalhe: os filmes sobre a máfia mais importantes do cinema são dirigidos pelo irmão de verdade da atriz: Franci Ford Coppola

Diferentemente de Connie, Adrian era uma mulher muito mais calada, mais simples. Shire conseguiu o papel após uma audição ocorrida pouquíssimos dias antes do início das produções.

Não deu outra: a química entre ela e Stallone, conjunta a sua interpretação de uma moça solitária e sonhadora acabou ganhando o mundo.

Shire foi indicada ao Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante em 1977 e ficou marcada na história do cinema como uma das mais adoráveis parceiras de todos os tempos.

Talia Shire continuou interpretando Adrian Pennino até 'Rocky 5', em 1990, até deixar a franquia. Em 'Rocky Balboa', o sexto filme, o protagonista explica que Adrian acabou morrendo de câncer e sua personagem é presente, mesmo sem que ela apareça em cena uma só vez, nem mesmo em flashbacks.

Relembre Talia Shire e Sylvester Stallone em seu primeiro beijo como Adrian e Rocky, em 'Rocky, Um Lutador' (1976).

*Com edição de Luís Alberto Nogueira