Ian McKellen, aos 85 anos, diz que agora escolhe cada papel como se fosse o último e revela se faria Gandalf mais uma vez em novo 'O Senhor dos Anéis'

"Você sabe, a vida não dura para sempre", brincou o experiente intérprete durante a entrevista. Sob tanta minúcia, os maiores fãs de 'O Senhor dos Anéis' fica com a terrível dúvida: Ian retornaria para o novo projeto adaptando os livros de J. R. R. Tolkien?

Antecipado até demais, o projeto (sem data de lançamento) 'A Caçada a Gollum' é motivo de ansiedade para os fãs da franquia desde o último filme, 'O Retorno do Rei', em 2003. Com trailers fanmade, elenco imaginário, fake news de todos os tipos e muito caos, o quarto capítulo que adapta a obra de Tolkien poderia finalmente ir às grandes telas. E sem Gandalf e sem Ian McKellen, não há 'O Senhor dos Anéis'.

O britânico tranquiliza os fãs, afirmando ter uma única condição para colocar a roupa icônica e alongar os cabelos brancos: que esteja vivo. "Não tem roteiro, não teve oferta, não teve plano nenhum. Mas se eu estiver vivo...". Portanto, não há motivo nenhum para pânico: seja aos 85 ou bem mais velho, o eterno Gandalf sempre continuará apto a retornar à Terra Média, para o alívio de todos nós.

Nascido em 1939, Ian McKellen é uma lenda do cinema. Começou bem cedo, ainda no colégio. Sendo orientado por um dos mais respeitados nomes do teatro britânico, chegou rápido aos palcos dos grandes teatros do Reino Unido e interpretou ícones da dramaturgia, um seguido do outro. Fundou uma companhia de teatro com a ajuda de alguns amigos, mas logo foi parar na invejável Royal Shakespeare Company, onde brilhou por muitos anos.

Venceu inúmeros prêmios do meio: foram alguns Laurence Oliviers e o seu único Tony Award (o Oscar do teatro britânico e americano, respectivamente) por sua versão do protagonista da peça da Broadway, 'Amadeus', Antonio Salieri.

As aparições no cinema também vieram cedo, começando ainda na década de 1960, quando já brilhava no teatro. Em 1970, estrelou a versão em filme para a TV da peça 'A Tragédia de Richard II', de Shakespeare. Inclusive, mesmo no cinema, McKellen interpretou muitos protagonistas shakespearianos -- são muitos mesmo: Hamlet, Macbeth e a lista continua (é óbvio, porque fazia parte da companhia Royal Shakespeare). Fosse em cima do palco (sua especialidade) ou na frente das câmeras, o britânico de Lancashire sempre era o destaque.

No cinema, ganhou notoriedade ao interpretar o Rei em 'Richard III'; uma releitura da peça shakespeariana (que por si só, é baseada no verdadeiro cruel Rei da Inglaterra, que viveu no século XV, após a Guerra das Rosas), que traz para os anos 1930 os fatos escritos por William Shakespeare há quase 500 anos. Foi indicado ao BAFTA (uma espécie de Oscar britânico).

Seu trabalho seguinte, 'Deuses e Monstros' (1998), rendeu a McKellen sua primeira indicação ao Oscar. No filme, o britânico interpreta um personagem real, James Whale, diretor do clássico 'Frankenstein' da década de 1930. Vivendo como um pintor, ele resolve pagar o jardineiro para posar para ele como modelo.

O estouro definitivo logo apareceu, um após o outro: em 2000, interpretou o antagonista de um dos primeiros filmes da Marvel, 'X-Men - O Filme', em que encarnou o maligno (e moralmente ambíguo) Magneto.

No ano seguinte, deu início àquele que seria seu maior personagem no cinema, o Gandalf, do universo fantasioso de J. R. R. Tolkien, 'O Senhor dos Anéis'. Aos 62 anos, Ian McKellen interpretou o amável Istari, que tem extrema relevância na narrativa que acompanha o protagonista Frodo, ao decorrer dos três filmes (não por acaso Gandalf também está na outra trilogia, 'O Hobbit').

'O Senhor dos Anéis' é um verdadeiro ícone da cultura pop. É claro que, lançado no início dos anos 2000, teve que dividir a atenção com outro sucesso da fantasia (mais focado para o público infanto-juvenil, é claro), 'Harry Potter'. Ainda assim, a saga de Frodo e do misterioso e poderoso 'Um Anel' não conseguiu ser ofuscado, nem um pouquinho. Ao todo, a trilogia que foi lançada entre os anos de 2001 e 2003 arrecadou aproximadamente um bilhão de dólares nas bilheterias.

O sucesso não foi apenas comercial, é claro. 'O Senhor dos Anéis' rendeu ainda quase 800 indicações a diferentes prêmios, incluindo 28 ao Oscar -- com o próprio McKellen sendo indicado a Melhor Ator Coadjuvante em 2002, por 'A Sociedade do Anel', primeiro capítulo da trama. Não é necessário dizer que, no final, a obra adaptada por Peter Jackson virou selo icônico do mundo do cinema, e é até hoje condecorado como um dos maiores feitos das superproduções de fantasia.

Assista aos trailers dos filmes da trilogia 'O Senhor dos Anéis', que contou com Ian McKellen no papel de Gandalf e Peter Jackson na direção.

*Com edição de Luís Alberto Nogueira