Vacinação

Por Talita Fernandes


Num exame de rotina em 2015, quando eu estava perto de completar 30 anos, fui surpreendida por uma pergunta da minha ginecologista: “Você não tomou vacina contra rubéola?” A médica me disse isso após ver o resultado de um exame de sangue que indicava que eu não tinha anticorpos para a doença.

Mesmo antes de conferir a carteira de vacinação que carrego desde criança, lembrava que, pouco mais de uma década antes, eu havia apresentado o comprovante da vacina à universidade. Sim, a Universidade Federal de Santa Catarina, onde me formei, pedia que as estudantes mulheres levassem um comprovante de que estavam imunes à rubéola.

Apesar de erradicada no Brasil desde 2015, a rubéola segue sendo foco de cuidado e atenção, sobretudo para mulheres grávidas — Foto: Getty images
Apesar de erradicada no Brasil desde 2015, a rubéola segue sendo foco de cuidado e atenção, sobretudo para mulheres grávidas — Foto: Getty images

O que descobri naquele momento foi que, por alguma razão, meu corpo tem dificuldade em produzir anticorpos para rubéola, essa doença cujos sintomas podem facilmente ser confundidos com sarampo ou caxumba (como febre, aumento de gânglios linfáticos e manchas avermelhadas) e que costuma passar sem deixar sequelas graves em adultos, com exceção das mulheres grávidas. Era de olho no risco da rubéola congênita, transmitida pela mãe ao bebê via placenta, que provavelmente a universidade em que estudei teve a preocupação de pedir comprovante de vacinação.

Contei meu caso a Cecília Maria Roteli Martins, da Comissão Nacional Especializada em Vacinas da Febrasgo (Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia), e ela disse que, ainda que raros, casos como o meu podem acontecer. É por isso que insiste que a população mantenha uma alta taxa de vacinação. Segundo a médica, isso evita a circulação do vírus e, consequentemente, que pessoas que são suscetíveis à doença se contaminem.

Ainda de acordo com a especialista da Febrasgo, a vacina contra rubéola tem eficácia em torno de 95%. A aplicação do imunizante é feita de forma gratuita nos postos de saúde do país e são necessárias duas doses, sendo a primeira administrada quando a criança completa 12 meses e a segunda, aos 15 meses.

Cecília diz que mulheres adultas que desejam engravidar podem tomar um reforço próximo aos 30 anos. A rubéola congênita é vista com preocupação pelo potencial danoso para a saúde da mãe e do bebê. Entre as consequências em caso de uma gestante contrair a doença estão aborto, nascimento prematuro ou sequelas que podem desenvolver surdez, cegueira ou problemas cardíacos no bebê.

Uma mulher que não conseguir se imunizar, como eu, ainda pode evitar o contágio por meio de cuidados adicionais, como uso de máscaras e atenção nos lugares de circulação. A rubéola é uma doença viral e é transmitida de pessoa para pessoa por meio de respiração, tosse, líquidos da boca e do nariz e compartilhamento de talheres e objetos.

Foi uma suspeita de rubéola que tirou a tranquilidade de Mônica* há 32 anos. Ela estava grávida de sua primeira filha em Brasília, onde vive, quando decidiu fazer sua primeira consulta do pré-natal em um médico com quem nunca tinha se consultado. Ela explica que decidiu procurar um profissional que atendesse pelo plano de saúde e que ele não tinha seu histórico ainda.

Ao buscar o resultado do primeiro exame de sangue, Mônica tomou um susto. O médico disse que ela tinha apresentado anticorpos para rubéola. À época aos 26 anos, ela ficou preocupada e decidiu refazer o exame para verificar, sob a orientação do médico, se aqueles anticorpos estavam ali por uma infecção recente, por vacinação ou por uma contaminação anterior.

Ela disse à reportagem não se lembrar de ter sido vacinada quando criança, mas que provavelmente teve contato com a doença quando mais nova. A paciente se sentiu desorientada e disse ter ouvido do médico que era preciso rezar. “Naquela época, eu trabalhava num laboratório que fazia virologia, mostrei para o dono [do laboratório], que viu que a contaminação era antiga. Era uma loucura o médico não saber disso.”

Mônica conta que ficou tempos aos prantos, sem conseguir dormir direito e decidiu trocar de médico. “Eu não tinha rubéola, era anticorpo antigo, minha filha nasceu supernormal, só que eu tive dor de cabeça a gravidez inteirinha por causa dessa tensão que esse médico me causou”, lembra. Ela disse só ter se tranquilizado após o nascimento da filha e o diagnóstico de que estava tudo certo com a saúde dela.

De acordo com Karla Giusti, especialista em reprodução humana do Hospital São Luiz, em São Paulo, os laudos atuais são mais elaborados e dificilmente esse tipo de confusão aconteceria hoje. Ela explica que, como trabalha com reprodução humana, costuma pedir aos pacientes exames como o de sorologia para rubéola. “O ideal é fazer o planejamento e dosar tudo, desde hepatite, HIV e sífilis no planejamento de uma gravidez futura.”

Nesses casos, quando há um planejamento, e a mulher não tenha anticorpos para rubéola, ela orienta a vacinação das duas doses e repetição da sorologia. É necessário aguardar pelo menos 90 dias para dar início à tentativa de uma gravidez para evitar riscos. A vacina contra rubéola é de vírus atenuado, por isso não é recomendada para mulheres grávidas ou pessoas imunossuprimidas.

Em 2015, o Brasil recebeu o certificado de eliminação da rubéola e da síndrome da rubéola congênita pela Opas. Porém, segundo a Fiocruz, isso só se deu graças a um esforço iniciado há mais de 20 anos, que tem como base três ações estratégicas: a vacinação, a vigilância epidemiológica e a vigilância laboratorial.

“Existe risco de o Brasil voltar a ter casos de rubéola, caso a cobertura vacinal continue abaixo da meta de 95%. A cobertura vacinal da segunda dose está em torno de 50%”, escreveu Eliane Matos dos Santos, médica da Assessoria Clínica de Bio-Manguinhos, ao ser questionada pela reportagem. No território brasileiro, os últimos casos registrados de rubéola e da síndrome da rubéola congênita ocorreram em 2008 e 2009, respectivamente. Após isso, o que apareceram foram casos importados e isolados.

Em agosto deste ano, o Ministério da Saúde anunciou uma campanha de vacinação em estados que fazem fronteira com a Bolívia (Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Rondônia) após um caso suspeito no país vizinho. Com isso, os postos de saúde foram orientados a administrar a chamada “dose zero” da vacina tríplice viral (contra sarampo, caxumba e rubéola) em crianças entre 6 e 11 meses, antes do calendário habitual, em que a primeira dose se dá apenas após 12 meses.

Para evitar a rubéola, segundo especialistas ouvidos por Marie Claire, a melhor forma é apostar em alta taxa de vacinação, na contenção de casos e no monitoramento.

* Nome fictício a pedido da entrevistada, que preferiu não se identificar

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