Política

Por Redação Marie Claire


Manifestação golpista em Brasília  — Foto: Getty Images
Manifestação golpista em Brasília — Foto: Getty Images

Em um acontecimento inédito na história do país desde a redemocratização, as sedes dos Três Poderes foram invadidas, vandalizadas e saqueadas no domingo (8), em Brasília, por hordas de terroristas de extrema-direita. A perícia não foi finalizada ainda, mas imagens que circularam pelas redes sociais mostram salas completamente destruídas, um quadro do Di Cavalcanti esfaqueado e até mesmo um homem, de calças abaixadas, que simulou defecar em um gabinete do Palácio do Planalto.

Ainda que a tentativa de golpe por parte dos milhares de apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) que viajaram até a capital do país tenha fracassado, o movimento de extrema-direita sai fortalecido. Esse é o diagnóstico da antropóloga Rosana Pinheiro-Machado, pesquisadora da adesão ao autoritarismo nas classes populares e professora titular da University College Dublin, na Irlanda.

“Foi um feito absolutamente extraordinário e conseguiram construir imagens muito fortes, que saíram na capa do jornal New York Times”, afirma Rosana. Para a pesquisadora, os próximos quatro anos de governo do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), serão de muitos protestos e motins. Resta saber o quão grave serão. “Isso dependerá do grau de repressão que for feita agora, tem de ser séria e sem anistia”, pontua.

Segundo balanço feito pelo ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta terça-feira (9), até agora 209 pessoas foram presas em flagrante e outras 1300 foram detidas e estão sendo ouvidas pela polícia.

"A ideia principal das pessoas que estavam ali era de uma intervenção militar que questionasse os resultados das eleições e fizesse um governo transitório. Muitas também queriam demonstrar poder, continuar incomodando, mostrar que não vão dar trégua. Uma tentativa de heroísmo patriota está na base da motivação de muitos, mesmo os que não acreditam na possibilidade de uma intervenção militar, mas agem para não resistir ao que acreditam ser fraude das urnas e o que chamam de governo comunista", explica Rosana.

Ainda de acordo com a pesquisadora, o perfil dos extremistas é diverso, mas majoritariamente de classe média baixa e média, branco, "que foi se radicalizando e encontrou um sentido de vida ali".

Rosana Pinheiro-Machado  — Foto: (Arquivo Pessoal)
Rosana Pinheiro-Machado — Foto: (Arquivo Pessoal)

Segundo a pesquisadora, é preciso entender que o movimento é descentralizado, ainda que possua lideranças, como políticos, comunicadores e empresários. “São muitos coordenadores de grupos de WhatsApp e Telegram, pessoas comuns que encontraram poder e uma maneira de existir. São várias lideranças, de diversas ordens, tanto de pessoas absolutamente comuns e fanáticas, quanto da conexão disso com políticos e de um ecossistema muito forte e grande do bolsonarismo”, expõe.

Ao comparar com o episódio acontecido nos Estados Unidos, em 6 de janeiro de 2021, quando o Capitólio foi invadido por apoiadores do ex-presidente Donald Trump, Rosana diz que os movimentos de extrema-direita do mundo se articulam entre si. "Os EUA exportam táticas, exportam o fascismo. Era óbvio que no Brasil tentariam mais alguma coisa [após a eleição de Lula], o que acho mais crítico aqui é a fragilidade das nossas instituições”, argumenta.

“Por um lado, diferentemente do golpe de 1964, as nossas instituições saíram mais fortes ontem, com os Três Poderes juntos em defesa da democracia. Por outro lado, vimos a ação ou inação da polícia diante do atentado. Isso é muito difícil de ver em democracias mais avançadas. Não podemos apenas dizer que estamos copiando os EUA, se pensarmos que em países em desenvolvimento as consequências desses processos são muito mais sanguinárias e drásticas”, continua.

Após os atentados ocorridos no Brasil nesse domingo, parlamentares dos EUA, como a deputada Alexandria Ocasio-Cortez, vieram a público defender a extradição do ex-presidente Bolsonaro, que atualmente está na Flórida. Rosana, no entanto, acredita que isso não vá acontecer porque dificilmente conseguirão associá-lo como mandante dos protestos.

Quadro com imagem do senador Renan Calheiros destruído por manifestantes em Brasília — Foto: Getty Images
Quadro com imagem do senador Renan Calheiros destruído por manifestantes em Brasília — Foto: Getty Images

Sobre o que podemos esperar nos próximos dias, a pesquisadora aposta no caos: “Barrar as refinarias é o próximo passo e vão tentar provocar todas as crises possíveis: energética, de circulação, em aeroporto, caminhoneiros. Tudo o que puder ser feito, será. Não se trata de um líder ou outro, mas uma rede pulverizada de diversos níveis. Essa rede se comunica e se organiza de tal maneira que conseguiu destruir Brasília”.

“É fundamental que se tenha uma ação enérgica de todas as forças do país para mostrar que terrorismo não é aceitável”, conclui.

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