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Por , em colaboração para Marie Claire — São Paulo (SP)


Maria Belén Silvestris faz viagem desafiadora ao Monte Everest — Foto: Divulgação
Maria Belén Silvestris faz viagem desafiadora ao Monte Everest — Foto: Divulgação

Estima-se que poucas poucas centenas de mulheres tenham escalado o Monte Everest, a montanha mais alta do mundo, a 8.848 metros acima do nível do mar. O grupo é ainda mais seleto entre aquelas que completaram um roteiro chamado Sete Cumes, que consiste em chegar aos picos mais elevados de cada continente. Em abril, uma argentina radicada no Brasil embarcou para o Nepal com o objetivo de engrossar as duas estatísticas. Maria Belén Silvestris, de 34 anos, fez uma pausa de dois meses no cargo de CMO da Procter & Gamble para subir até o topo do planeta.

O sonho nasceu em 2015, quando Maria Belén viajou de carro até a face tibetana do Everest, na China. “O acampamento base dos escaladores estava mais para cima e eu pensei: o que me divide daquelas pessoas? Eu tenho que subir essa montanha”, relembra.

Só havia um detalhe: a argentina não sabia nada sobre montanhismo. Ao voltar das férias, começou a espalhar seu novo objetivo para as pessoas ao redor e ouviu da maioria que estava louca. Mesmo assim, comprou livros, pesquisou agências especializadas e descobriu que escalar o Everest não é algo que se conquista de um dia para o outro. Era preciso treinar. Muito.

Aventuras desse quilate exigem mais do que preparo físico de atleta para subir uma trilha íngreme, sob o peso do ar rarefeito. Trata-se de expedições que levam anos de prática e planejamento. É preciso estar disposto a cozinhar, dormir e evacuar em situações precárias, passar dias sem tomar banho, lidar com frio de 40 graus negativos e intempéries como nevascas e avalanches imprevisíveis. Sem falar no risco de quedas e no mal-estar causado pela altitude – de dor de cabeça, náusea e distúrbios do sono a edema pulmonar e cerebral. Embarcar numa missão dessas sem preparo é estratégia camicase.

Tenho medos, mas eles não me paralisam”
— Maria Belén Silvestris
Maria Belén viajou de carro até a face tibetana do Everest, na China — Foto: Reprodução
Maria Belén viajou de carro até a face tibetana do Everest, na China — Foto: Reprodução

O foco e a serenidade são duas lições que a executiva levou do montanhismo para a profissão. “O trabalho era tão importante na minha vida que, se o meu desempenho não fosse nota 10 em qualquer coisa, eu me estressava”, afirma. Hoje, ela acredita reagir aos momentos de crise com calma e clareza, depois de aprender a dividir o que realmente é um problema daquilo que parece ser um.

A argentina calcula que, no esporte e na carreira, a chave do sucesso está na intersecção entre foco, disciplina e consistência. Nem sempre essa fórmula vai levar a pessoa ao cume. No meio do caminho, haverá erros e perrengues, que também servirão de aprendizados. Na montanha, diz, é preciso falhar bem, porque uma pisada em falso pode ser literalmente fatal. O conceito se aplica também a uma empresa. “ Todo mundo pode falhar, mas com cuidado. Falhe, aprenda e continue”, diz.

Maria Belén abraçou a ideia de subir os picos mais elevados de cada continente como um treino para o grand finale. Desde 2016, férias são sinônimo de montanha. Em seu primeiro treino na altitude, no Peru, a executiva descobriu um trunfo: seu organismo se adapta bem à escassez de oxigênio. No mesmo ano, encarou o mais fácil dos Sete Cumes, o Kilimanjaro, a 5.895 metros de altitude, na Tanzânia, na África. “Foi uma experiência que me deu confiança para falar: eu consigo. Fui uma das primeiras pessoas do grupo a chegar ao topo. Comecei a conhecer o meu corpo e a aprender o que significa paciência, porque eu era e ainda sou ansiosa às vezes”, afirma.

A executiva, por outro lado, deparou-se com o machismo em um esporte majoritariamente masculino. Como escaladas são feitas em equipes, a lentidão de um integrante compromete o sucesso do time como um todo. Maria Belén já percebia olhares de reprovação quando chegava ao hotel puxando uma mala de rodinhas, enquanto os homens ostentavam virilidade trazendo os pertences em mochilonas.

'Tem momentos em que você pensa: por que eu estou aqui?', diz CMO da Procter & Gamble Maria Belén Silvestris sobre aventura no gelo — Foto: Reprodução/Produção executiva Vandeca Zimmrmann
'Tem momentos em que você pensa: por que eu estou aqui?', diz CMO da Procter & Gamble Maria Belén Silvestris sobre aventura no gelo — Foto: Reprodução/Produção executiva Vandeca Zimmrmann

Nervos de aço

O porte da argentina – menos de 50 quilos para 1,56 metro – contribuía para a desconfiança dos pares. Um olhar de julgamento apressado, porém, não enxerga uma habilidade invisível da argentina: a força mental. Embora pegue pesado na musculação e no treino aeróbico, além de ser caxias na dieta, ela acredita que, no esporte e na vida, quem dá as cartas é o cérebro. " Quando você pensa que chegou ao limite, na verdade, fisicamente ainda pode gastar uns 40% mais de energia. Eu acredito que a mente comanda 70% do processo”, diz.

A cabeça é tão poderosa que a executiva percebeu que adoecia às vésperas das viagens. Se nos acampamentos ela ficava bem, antes de pegar o avião não dormia e sentia mal-estar. Para hackear a própria mente e acabar com a autossabotagem, ela contratou um coach esportivo. Ao contrário do que esperava, a argentina não encontrou um psicólogo disposto a conversar sobre seus medos e bloqueios. A proposta do profissional era ensiná-la a controlar as emoções e pensar com clareza nos momentos críticos. Afinal, uma decisão errada na montanha pode ser fatal.

"Tem momentos em que você pensa: por que estou aqui? Eu podia estar na praia ou assistindo à Netflix no sofá. Mas estou sofrendo com frio e fome"

Maria Belén colocou os ensinamentos em prática na subida ao Monte Vinson, por exemplo. Para alcançar os 4.892 metros de altitude do pico mais elevado da Antártida, a argentina caminhou dez dias com 14 bolhas no pé. “Tem momentos em que você pensa: por que eu estou aqui? Quem me mandou fazer isso? Eu podia estar na praia ou assistindo à Netflix no sofá. Mas eu estou sofrendo com frio, fome e cansaço, há dias sem tomar banho e com medo”, conta ela. Uma das técnicas para bloquear os pensamentos negativos – e conseguir andar com os pés ardendo de dor – eram exercícios de respiração para focar no aqui e agora.

Prova de fogo — ou de gelo

Maria Belén Silvestris desafia seus próprios medos em viagem desafiadora para o cume do Monte Everest — Foto: Reprodução
Maria Belén Silvestris desafia seus próprios medos em viagem desafiadora para o cume do Monte Everest — Foto: Reprodução

As lições do coach foram ainda mais úteis em uma escalada ao Denali, o ponto mais alto da América do Norte, a 6.190 metros de altitude, no Alasca. Nessa montanha, o aventureiro não conta com a ajuda de carregadores para levar barraca, comida e água, como acontece no Everest, por exemplo. Após uma trilha extenuante, é ele próprio quem precisa trabalhar duas horas ou mais para montar acampamento. Levar a parafernália toda significava subir montanha acima com uma carga de 45 quilos. Mas como é possível uma pessoa carregar praticamente o próprio peso por horas?

Para encarar a missão, caminhava nas praias do litoral de São Paulo de bota, carregando um trenó e a mochila. A areia, de certa forma, imita a neve, por afundar a cada pisada. Para quem viu a cena, no entanto, deve ter sido algo digno da comédia Jamaica Abaixo de Zero, baseada na história verídica de atletas que treinaram na ilha caribenha para os Jogos Olímpicos de Inverno.

Nenhum treino, porém, evitou um acidente que, na melhor das hipóteses, poderia ter a machucado seriamente. Durante a ascensão ao Denali, Maria Belén caiu numa fenda e ficou pendurada a 5 metros de altura. Não despencou porque, por medida de segurança, estava presa por uma corda ao guia e a um companheiro de aventura.

A pior parte da expedição, porém, ainda estava por vir. No ataque ao cume, uma das integrantes do grupo começou a passar mal. Os colegas diminuíram o ritmo, e a trilha que deveria ter durado 12 horas demorou 17. Em um cenário semelhante ao do filme Evereste – também baseado em um caso real –, Maria Belén e os companheiros foram pegos por uma tempestade de neve, à noite, longe do acampamento.

“Nós perdemos a visibilidade. Eu não sabia onde pisava e precisava ter cuidado, porque tinha muitas fendas no caminho. Nessas horas, é fácil entrar em pânico”, conta. Para manter a calma, a executiva procurou concentrar-se em cada pisada, com o objetivo único de chegar ao acampamento. Para evitar pensamentos ruins, fazia autoafirmações, como “você pode”, “você é forte”.

Pensamento positivo

Pensamento positivo é um mantra que a executiva gosta de seguir. “As pessoas que eu vi chegar mais longe na montanha e no trabalho não perdem a positividade. Onde todo mundo vê limitações, elas enxergam oportunidades. A mentalidade de querer se superar, progredir, evoluir e aprender é fundamental para ir a qualquer lugar”, diz.

Depois do Nepal, ela, como uma pessoa de metas, é claro, já tem o próximo desejo traçado.Trata-se de um objetivo mais desafiador do que escalar ao topo do planeta: a maternidade. "Eu ainda não tive filho porque primeiro queria completar esse sonho. Mas já falei para os meus chefes que, depois do Everest, quero ser mãe.” A julgar pela sua determinação, é possível prever a chegada de um bebezinho em breve.

Maria Belén Silvestris é CMO da Procter & Gamble; para Marie Claire ela dá detalhes se sua vida que explicam seu sucesso profissional — Foto: Divulgação
Maria Belén Silvestris é CMO da Procter & Gamble; para Marie Claire ela dá detalhes se sua vida que explicam seu sucesso profissional — Foto: Divulgação
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