Caminhoneira viraliza ao mostrar rotina na estrada e desabafa sobre machismo: 'Se levar em consideração, a gente fica louca'

Em entrevista a Marie Claire, Emily Rafaela revela como surgiu o sonho de dirigir carretas, conta como lida com os comentários machistas que lê nas redes sociais, diz que fez amizade com outras mulheres caminhoneiras e comemora o sucesso com seus vídeos realistas

Por João Maturana, colaboração para Marie Claire — Rio de Janeiro, RJ


Motorista de carreta que viralizou nas redes sociais dá detalhes sobre desafios da profissão Reprodução/@taguitaassessoria/@emilyrafams

Desde os seus dois anos de idade, Emily Rafaela já dividia a boleia com seu pai, Emerson. Foi essa experiência que começou ainda na infância que inspirou a jovem de apenas 24 anos a seguir a mesma profissão. Natural de Sorocaba, São Paulo, ela agora ganha a vida como motorista de carreta e influencia outras mulheres a seguirem a mesma trajetória com os vídeos que compartilha nas redes sociais.

Nas gravações, ela mostra detalhes de sua rotina. Em um dos vídeos, a jovem prepara o almoço em uma cozinha improvisada. Em outro, demonstra habilidade ao manobrar o veículo em uma rodovia com pouco acostamento. Rapidamente, as gravações sem filtros e registradas entre uma parada e outra conquistaram mais de 100 mil seguidores e 700 mil likes. O sucesso surpreendeu a jovem.

Mulheres na profissão são minoria

A sorocabana é uma das poucas mulheres brasileiras que têm habilitação para dirigir carretas e caminhões. Um levantamento feito pela Marie Claire, a partir dos dados divulgados pelo Ministério dos Transportes, indica que o número de caminhoneiras representa apenas uma pequena parcela dos motoristas habilitados para esta função. Enquanto os homens que exercem a atividade ultrapassam os 2,2 milhões de habitados, as mulheres são apenas 28 mil, ou 1,26% do total.

Em um universo tão reduzido, Rafaela não só encontrou outras mulheres em seu caminho como também fez amizades. A jovem conta que ela mesma se inspirava em outra motorista de carreta, Jana Caminhoneira, que também produz conteúdo para as redes sociais.

Emily Rafaela ouve frequentemente comentários machistas por ser mulher dirigindo carreta, mas escolhe ignorar — Foto: Reprodução/@taguitaassessoria/@emilyrafams

Motorista de carreta inspira seguidores por meio das redes sociais

Assim que passou a compartilhar sua rotina, os ataques também começaram a aparecer. Rafaela diz que costuma bloquear os perfis de críticas e apagar comentários ofensivos. Do outro lado, muitos seguidores a apoiam ou se inspiram com sua trajetória. "Não deixe que o medo impeça de fazer as coisas", defende ela. Com a visibilidade da motorista, seguidoras sonham com a mesma liberdade e já até iniciaram o processo para habilitação. Ela comemora.

"Não importa como você é. Você é capaz de qualquer coisa. Você quer, você consegue" - Emily Rafaela

Em uma profissão considerada masculina, o machismo está presente no cotidiano, mas não a afeta a motorista. Depois de tantos questionamentos sobre sua capacidade e competência para lidar a atividade, ela já se acostumou. "Não vejo como ofensa. Levo na brincadeira, porque se a gente for levar tudo para a cabeça, a gente fica louca", justifica.

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