Eu, Leitora

Por Giulianna Campos

“Era Carnaval de 2013. Eu e minhas amigas viajávamos pela primeira vez de Belo Horizonte ao Rio de Janeiro para curtir os famosos bloquinhos cariocas. No primeiro dia, fomos ao Bloco Laranjada Samba Clube, em Laranjeiras. Estávamos todas fantasiadas de noiva, com direito a vestidinho branco e tiara com véu de tule. Um conhecido da minha amiga Ana Flávia já chegou em mim nos primeiros minutos. Mas, enquanto ele me paquerava, vi um cara vestido de Chapeuzinho Vermelho, com uma cesta cheia de doces, se aproximando. Como minha amiga achava que eu estava interessada no conhecido dela, puxou assunto com o Chapeuzinho e perguntou se poderia roubar uma bala. Conversa vai, conversa vem, ela voltou para mim e disse: ‘Ele é a sua cara!’ Sim, fisicamente nos parecíamos muito. Ele era loiro, bem branquinho e tinha olhos claros como os meus. Mas não fazia tanto meu estilo de homem.

Fafá insistiu dizendo que ele era muito gente boa e que deveríamos nos conhecer. Topei. Larguei o amigo dela e fui conversar com o Chapeuzinho Vermelho. Ele se chamava Emiliano, era de Villaguay, uma cidadezinha no interior da Argentina. E, sim, ele era muito legal e um gato. Como falava português com sotaque carregado, preferimos nos comunicar em espanhol, língua que havia aprendido com uma amiga portenha, a Mariel.

Ele me contou que tinha vindo ao Brasil, no ano anterior, passar o Carnaval com a ex-namorada e se apaixonado pela folia carioca. Mas, desta vez, estava solteiro e sozinho no Rio, já que os amigos não se animaram em acompanhá-lo. Nos beijamos e ficamos o resto do bloco juntos. Eu já estava na dele e ele parecia também estar na minha. Pelas circunstâncias e pela fantasia que usava, de noiva, minhas amigas brincavam que havíamos nos casado. No fim do dia, fomos trocar telefones e Emiliano estava sem celular. Me pediu que anotasse o número no braço dele à caneta e disse que me ligaria. Mas, no meio do Carnaval, calor, suor, meu número apagou e ele não me ligou. Pelo menos foi isso que ele alegou na época.

Carnaval de 2013 no Rio de Janeiro: dia em que Babi e Emiliano se conheceram  — Foto: Arquivo Pessoal
Carnaval de 2013 no Rio de Janeiro: dia em que Babi e Emiliano se conheceram — Foto: Arquivo Pessoal

No dia seguinte, sem combinar, nos esbarramos no Bloco Volta, Alice, também em Laranjeiras, no meio de milhares de pessoas. Quando o vi, ele estava de papo com outra menina, mas mesmo assim fui lá cumprimentá-lo. Como não lembrava o nome dele, o chamei de Marido. Ele ficou todo sem jeito mas anotou novamente meu telefone. Nos outros dias, cada um foi para um canto, fiquei com outras pessoas, ele também. No último dia de Carnaval, numa terça-feira, meu telefone toca. Era Emiliano, me convidando para ir num bloco que tocava músicas do videogame Mario Kart em Santa Teresa. Quando cheguei lá, apesar de ficarmos juntos, tinha certeza de que nosso romance não iria para frente. Ele na Argentina, eu no Brasil. Não tinha como aquele amor de Carnaval subir a serra. Trocamos perfis no Facebook e Skype e ficamos de nos falar, mas sem muitas expectativas.

Na volta para casa, começamos a conversar com muita frequência. Como eu tinha mais alguns dias de férias do mestrado, pensei em fazer uma loucura. Visitá-lo em Buenos Aires, onde ele morava na época com o pai. Mas tinha medo de me precipitar. Ao mesmo tempo, algo me dizia que deveria ir, estava com um sentimento tão bom. Comprei uma passagem para ficar cinco dias por lá e menti para minha mãe dizendo que iria visitar Mariel, aquela minha amiga que havia me ensinado a falar espanhol. Ela nunca concordaria com a ideia de eu ir atrás de um homem que conheci dias atrás no Carnaval. Quando cheguei, ele quis logo me encontrar e me levou para descobrir a cidade. Ficamos juntos todos os dias. Ele sendo um ótimo anfitrião e eu adorando conhecê-lo melhor. Nas últimas horas antes de voltar ao Brasil, encontrei pela primeira vez com Mariel na viagem. Fizemos várias fotos juntas para enviar para minha mãe e dar mais veracidade à mentira que tinha inventado. Até troca de roupas em pontos turísticos, para parecerem dias diferentes, rolou.

Babi e Emi em Buenos Aires em 2013 — Foto: Arquivo Pessoal
Babi e Emi em Buenos Aires em 2013 — Foto: Arquivo Pessoal

No aeroporto a nossa despedida foi muito triste. Queríamos ficar juntos, mas a distância nos impedia. Ele até pensava em vir morar no Brasil, mas teria que largar um ótimo emprego numa multinacional, arranjar um trabalho por aqui e melhorar o português. Elaborei um currículo para ele e comecei a distribuir procurando por vagas de emprego para entender as oportunidades por aqui. Só que nada aparecia. Três meses depois, ele veio me visitar em Belo Horizonte por uma semana e se apaixonou pela cidade. Meus pais adoraram ele e meus amigos também. Ali, Emi decidiu que pediria demissão e viria morar comigo em Minas Gerais.

Dois meses se passaram e, numa manhã de agosto, ele me ligou dizendo que estava embarcando num voo rumo ao Brasil. Quase me matou do coração. Fiquei assustada com a rapidez e tentando processar que moraria com um homem que tinha visto poucas vezes na vida. Como ele estava desempregado e eu ainda dependia financeiramente dos meus pais, arranjamos uma república que o aluguel cabia no orçamento e fomos morar com outras pessoas. Vivíamos os dois num quarto pequeno, com todas as nossas coisas em um armarinho. Durante seis meses, passamos por muitos perrengues financeiros. Emi não conseguia emprego fixo e vivíamos com o dinheiro das aulas de inglês que ele dava e da minha bolsa de estudos do mestrado. Já estávamos meio desanimados, nos perguntando se tínhamos tomado a decisão correta, quando ele foi chamado para trabalhar numa agência de publicidade e as coisas começaram a melhorar.

Alguns anos se passaram, terminei o mestrado, depois o doutorado e surgiu uma oportunidade de fazer o pós-doutorado em Londres. Olhei para ele e disse: ‘Agora que conseguimos chegar até aqui, vamos nós dois juntos’. Só que, para conseguir o visto para morar na Inglaterra, ele teria que ter algum vínculo comigo. Decidimos nos casar. Ele me pediu em noivado em janeiro de 2016 e marcamos o casório para 7 de maio. A data não foi em vão. Foi um pedido da minha mãe. Ela queria que eu me casasse no mesmo dia e mês que ela e meu pai casaram 30 anos atrás.

Pensando como seria a celebração, resolvi que queria alguma coisa que remetesse ao Carnaval, talvez uma banda ou um bloquinho se apresentando na festa. Foi quando Ana Flávia me apresentou a história de um casal de São Paulo que tinha feito um ‘Casaval’: um casamento dentro de um bloco de Carnaval. Achei a ideia sensacional, principalmente porque não sou uma mulher tradicional, também não sou religiosa. Sempre quis algo mais descolado que tivesse alguma ligação com a nossa história.

Casamento Babi e Emi no Carnaval de BH em 2016 — Foto: Arquivo Pessoal
Casamento Babi e Emi no Carnaval de BH em 2016 — Foto: Arquivo Pessoal

Decidimos nos casar em fevereiro, durante o Carnaval, no meio de um dos maiores blocos de Belo Horizonte, o Então, Brilha. Coloquei todas as minhas amigas para me ajudar: uma fez o estandarte que levava nossos nomes ‘Babi e Marido’, a outra fez os lanchinhos para a gente comer durante a folia, a outra o buquê de flores de feltro. Contratei até uma vendedora ambulante para servir os drinques na rua. O convite pedia para todos irem fantasiados, inclusive nós, os noivos. Aproveitei a renda francesa do vestido de noiva da minha mãe e fiz um cropped. Para combinar, saia de tule e All Star branco nos pés. Emi mandou fazer um colete, short e cartola.

E foi assim, num sábado de Carnaval, dia 6 de fevereiro de 2016, que nós nos casamos às 8 horas da manhã, no meio de um bloco, numa cerimônia conduzida por uma amiga vestida de freira sensual, daminha de honra de Ariel e madrinhas fantasiadas de Siri Rica. Para simbolizar a união, trocamos alianças. Mas ao invés de ouro, elas eram feitas de cascas de coco. Para completar a festança que durou 12 horas, subimos em cima do trio elétrico e recebemos as bênçãos dos cantores e mais de 150 mil foliões por testemunhas. Em maio, como queriam meus pais, nos casamos oficialmente perante toda a família numa celebração mais tradicional.

Os noivos no 'Casaval' num bloco de Carnaval de BH — Foto: Arquivo Pessoal
Os noivos no 'Casaval' num bloco de Carnaval de BH — Foto: Arquivo Pessoal

Este Carnaval de 2023 será bem simbólico. Completamos dez anos juntos, desde que nos conhecemos naquele bloquinho em Laranjeiras. Até pensamos em voltar para o Rio de Janeiro, onde tudo começou, mas decidimos ficar em Belo Horizonte e pular nos blocos que mais gostamos. Depois de dois anos de pandemia, vamos voltar às ruas com tudo e comemorar uma década de relacionamento, curtindo com os amigos e celebrando também meu aniversário de 34 anos. Sim, eu nasci numa terça-feira de Carnaval, lá em 16 de fevereiro de 1988. É engraçado saber que tudo na minha vida acontece no Carnaval. Por isso estou ansiosa para descobrir o que este me reserva.”

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