Eu, Leitora

Por Depoimento A Kizzy Bortolo


Aos 56 anos, Maria Regina deu à luz Jean Lucca — Foto: Arquivo Pessoal
Aos 56 anos, Maria Regina deu à luz Jean Lucca — Foto: Arquivo Pessoal

“Meu primeiro casamento durou cerca de oito anos. Quando pensei em ter um filho, ele não quis. Quando ele quis, eu já desejava o divórcio. Com isso, não pensei mais em me casar, nem sequer ter um filho. Após a separação, passei 14 anos trabalhando muito, estudando, me dedicando à minha carreira como arquiteta e urbanista, viajando e curtindo a vida.

A vida de solteira estava ótima, mas em 2011 me apaixonei pelo Osmar, um fruticultor vizinho do sítio dos meus pais. Em um sábado fui comprar figos e ele me ofereceu mirtilos que iria descartar. Em troca pediu que fizesse uma torta para ele. Não só o presenteei como fui ainda mais ousada: o convidei para um jantarzinho na minha casa. A partir dali, estreitando nossos laços de amizade e ele passou a vir com certa freqüência ao meu escritório. Até então, tudo na base da amizade.

Naquela época, estava passando por momentos estressantes. Minha mãe tinha sofrido um acidente e teve que passar por algumas cirurgias na coluna. Após sua recuperação, resolvi viajar para Montevidéu, no Uruguai, para tirar um tempo só para mim. Para minha surpresa, Osmar pediu para ir junto. Neguei, mas ele insistiu. Quinze dias antes de embarcarmos, em maio, todo romântico, Osmar me pediu em namoro. Meses depois, ele me confidenciou que seu maior sonho era um dia se casar, com direito a cerimônia e tudo, com a mulher vestida de noiva, arranjo, festa... Noivamos no Natal de 2011 e nos casamos em abril do ano seguinte.

Depois de dois anos, vivendo ainda em plena lua de mel, Osmar cogitou a ideia de termos um filho. Eu, que nem cogitava mais ser mãe, me vi pensando sobre o assunto. Meses depois, estávamos procurando a ajuda médica de um profissional em fertilidade.

Já nas primeiras consultas, os médicos falaram que seria improvável eu ter uma gravidez de forma natural, pois já estava prestes a completar 50 anos. Com isso, procuramos clínicas de fertilização in vitro. Minha primeira tentativa foi em 2014 e a segunda no ano seguinte. Ambas sem sucesso. Depois disso, resolvemos dar um tempo.

Em 2018 nos animamos de novo e reiniciamos em uma nova clínica, com um novo médico. Tive que me submeter a mais e mais exames, fiz também algumas intervenções cirúrgicas até a implantação do embrião. Foi tudo bem tranqüilo e, após 12 dias, meu exame ‘beta hcg’ deu positivo. Mal acreditei! Eu estava grávida! No entanto, logo veio a frustração. Após 25 dias, o embrião parou de se desenvolver e a gravidez não prosseguiu. O sentimento de frustração foi enorme. Além disso, tivemos muitos problemas familiares que nos abalou muito emocionalmente. Até pensamos em desistir.

Maria Regina e Osmar à espera do primeiro filho — Foto: Arquivo Pessoal
Maria Regina e Osmar à espera do primeiro filho — Foto: Arquivo Pessoal

Em julho de 2019, quando Osmar e eu retornamos das férias na Polônia e Israel, estávamos descansados e resolvemos retomar os tratamentos com a esperança renovada. Em agosto, eu já com 55 anos de idade e Osmar com 49 anos, tivemos a melhor notícia das nossas vidas: estávamos grávidos!

Doze dias após a transferência do embrião o exame deu positivo. Eu seria mãe. Mal acreditava no que lia naquele exame, pois não sentia absolutamente nada. Nada de estranho parecia estar acontecendo com o meu corpo. Duvidava que estivesse grávida e, semanalmente, por conta própria, repetia os exames de sangue para saber se o embrião estava mesmo ali se desenvolvendo. E ele estava, até a primeira ecografia. Ao fazer este exame, tive um dos momentos mais emocionantes da minha vida, que foi escutar os batimentos cardíacos do meu bebê. Também fiquei muito emocionada ao fazer a ecografia morfológica.

Até a 12º semana da minha gestação, não havíamos falado ainda para ninguém da minha gravidez, nem para as nossas famílias. Porém, no dia 12 de outubro de 2019, presenteamos minha mãe, irmãos, cunhada e sobrinhos com um belo bolo com a revelação que a nossa família estava crescendo. Foi emocionante! Todos choraram ao saber a notícia.

Recebi muito mais apoio que críticas, mas elas existiram também. 'Se você morrer, vai deixar um bebê sem mãe!' 'O que você tem na cabeça? Não teve filhos antes por quê?’' 'Já fez as contas, quando seu filho tiver 20 anos você estará 76, isso se ainda estiver viva e tomara que esteja lúcida'. E por aí vai…

Maria Regina à espera de Jean Lucca — Foto: Arquivo Pessoal
Maria Regina à espera de Jean Lucca — Foto: Arquivo Pessoal

Apesar dos prós e contras, mesmo com tamanhas críticas por todos os lados, minha gestação foi muito tranquila. Mês a mês, meu bebê estava crescendo dentro de mim e se desenvolvendo. Exibia com orgulho a minha barriguinha de grávida. Muitos não acreditavam quando contava, alguns diziam que minha barriga era falsa. Uma crueldade! Por outro lado, a empatia, a sororidade e o apoio ao próximo superam a maldade e o julgamento alheio. Tive uma gravidez muito tranquila e sem nenhum problema de saúde, graças a Deus!

Jean Lucca nasceu em 14 de maio de 2020, bem no começo da pandemia de covid, nos proporcionando a maior alegria das nossas vidas. As principais notícias eram que as mortes causadas pelo coronavírus haviam chegado a 300 mil em todo o mundo. Catorze de maio era uma data de alto pico de mortes no Brasil. Um dia triste para muitos, mas de extrema alegria para mim, mesmo com medo de pegar a doença no hospital ou de ter o meu bebê contaminado.

Devido ao covid, não pudemos fotografar, nem filmar o nascimento do nosso amado bebê, por questões de segurança. Também não pude receber a visita de ninguém, nem na maternidade e nem em casa. As lembrancinhas da maternidade estão guardadas até hoje, perderam o sentido. Foi muito frustrante não poder sair com meu filho por quase um ano e não poder receber as pessoas que torceram por mim e queriam conhecer meu menino. As fotos e notícias do meu filho eram somente via redes sociais.

Em 2021, na semana que meu filho completaria um ano, estávamos com tudo pronto para fazer sua festa, quando meu marido positivou para covid e tivemos tudo cancelado. Na semana seguinte, eu positivei. Tive muito medo do meu menino também contrair o vírus. De fato, esse foi o pior momento que passei na minha vida, nunca tive medo de morrer. Hoje em dia, tenho esse medo constantemente, pois quero ver meu filho crescer com saúde.

Em fevereiro de 2022 Jean Lucca começou a freqüentar a escola para conviver com outras crianças. Como sempre tive aversão a médicos e remédios, procuro amamentar até hoje o meu filho, quando ele está completando dois anos e sete meses. E assim continuarei, até quando ele quiser e eu tiver leite para lhe oferecer. Escutar, enquanto amamento, ‘mamãe eu te amo’, realmente não tem preço.

Por outro lado, ter energia para acompanhá-lo é outro desafio, mas até que estamos conseguindo. Eu e Osmar brincamos de superhomem, pulamos na cama elástica, entramos na piscina de bolinhas, viramos cambalhotas, freqüentamos juntos as aulas de natação, jogamos bola e fazemos demais brincadeiras e atividades infantis. Cada dia é uma aventura, uma nova descoberta, uma surpresa mais linda que a outra.

Maria Regina e Jean Lucca, nascido no início da pandemia — Foto: Arquivo Pessoal
Maria Regina e Jean Lucca, nascido no início da pandemia — Foto: Arquivo Pessoal

Ser mãe aos 56 anos é algo fantástico, que me renovou. Nem tudo é alegria, plena felicidade, têm também os dias de febre, as gripes, as viroses, as teimosias, mas temos tirado de letra até agora.

Costumo dizer que sou abençoada, assim como não tive enjôos, pressão alta, diabetes gestacional, nem nenhum tipo de doença ou contratempo durante a minha gestação, o Jean Lucca nasceu muito saudável. É um menino muito forte, atencioso, esperto e sapeca.

Quando me perguntam o que eu falaria para quem deseja ser mãe após os 40, 50, ou até 60, diria apenas que jamais desistam de qualquer sonho, tenham a idade que for. Se seu sonho é se tornar mãe, a qualquer idade, cuide da sua saúde, dos seus hábitos, da sua mente, seja positiva, procure bons profissionais, cerque-se de companhias positivas que tudo flui. O mais lindo é depois poder contar a ele o quanto foi um bebê desejado e o quanto podemos ajudar e encorajar outras mamães a realizarem o sonho da maternidade."

Maria Regina e o filho, Jean Lucca — Foto: Arquivo Pessoal
Maria Regina e o filho, Jean Lucca — Foto: Arquivo Pessoal
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