Comportamento
Por , redação Marie Claire — São Paulo (SP)


Hope Woodard, criadora do termo boysober, conta a Marie Claire Brasil 7 coisas que aprendeu com seu sabático de homens — Foto: Reprodução/Instagram
Hope Woodard, criadora do termo boysober, conta a Marie Claire Brasil 7 coisas que aprendeu com seu sabático de homens — Foto: Reprodução/Instagram

Em outubro de 2023, Hope Woodard colocou sua vida sexual e afetiva em pausa. A atriz e comediante norte-americana decidiu que, a partir dali, tiraria um ano sabático de relacionamentos e sexo com homens. O motivo? "Faço sexo desde os 13. Depois de tanto date, senti que precisava de uma purificação", explica a Marie Claire Brasil por chamada de vídeo, diretamente de seu apartamento em Nova York.

O que ela está vivendo não é um celibato, mas um boysober. O termo, cunhado por ela, é uma mistura das palavras “garoto” (“boy”) e “sobriedade” (“sober”), e significa tirar uma folga de dates, casos e sexo casual – e o burnout que a busca incansável por eles vêm nos causando – para voltar as energias para si mesma.

Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins
Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins

Se tornou uma jornada de autodescobrimento, que ela compartilha para o meio milhão de seguidores que acumula no TikTok e no Instagram, mas também a uma plateia abarrotada de mulheres e pessoas não binárias que assistem ao seu espetáculo de comédia, Boysober, em um badalado bar queer no Brooklyn, chamado Purgatory. “Ouço muitas mulheres dizerem que têm feito isso há algum tempo, mas não tinham uma palavra para definir. Tem sido divertido ver as pessoas se sentirem realmente vistas e empoderadas. Até o fim do ano, sinto que vou me conhecer muito melhor.”

A seguir, Hope compartilha alguns aprendizados que suas férias de relacionamento a proporcionaram (até agora).

É preciso saber pedir

Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins
Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins

"Tive uma ‘recaída’ e aceitei ir para casa com um cara depois de um bar. Estávamos de olho um no outro há um tempo. Quando as coisas estavam mais íntimas, ele não ficou duro. Só pedi para ele sussurrar coisas no meu ouvido que eu faria o resto. E fiz. Transformei o limão numa limonada. Contei isso no show e muitas pessoas pareceram desconfortáveis, mas pera lá: temos que pedir o que queremos. Homens fazem isso o tempo todo! A maioria de nós, sobretudo mulheres hétero, tem medo de pedir o que precisa. Esperamos que o cara saiba dar conta e ficamos mal por não sermos capazes de nos virar com o que foi oferecido."

Só uma fase

“Uma amiga minha está boysober há quatro anos, e ela realmente vê esse processo como uma forma de cortar os homens de vez da vida dela. Não acredito que isso seja útil, porque dessa forma, eu não me daria a oportunidade de me autoconhecer. Na verdade, isso me limitaria. É diferente do que quero fazer, que é me conectar comigo mesma e desmistificar o amor romântico e fazer com que tudo isso seja uma escolha, não uma necessidade.

Digamos que você queira melhorar na natação: você não sai da piscina por um ano, mas você pratica. Se eu os removesse completamente da minha vida, como isso me faria avançar? Como eu me conheceria melhor? Tentar boysober, para mim, deveria ser se permitir explorar todos os seus pensamentos e sentimentos, mas agir de uma forma nova diante deles. Quanto mais limite existir, se relacionar pode acabar se tornando uma coisa assustadora de se enfrentar.

No fim do dia, quero ser capaz de ter relacionamentos saudáveis com homens e conhecê-los melhor.”

A escolha (também) é sua

"Quando decidi me tirar da equação em termos de relacionamento, percebi que parei de esperar para ser escolhida. Quando eu estava no game, lembro que, todas as vezes em que ia para rolês, ficava pensando: Quem vai me escolher essa noite? Quem vai me mandar uma mensagem, ligar para mim ou flertar comigo?

E agora percebo que, na verdade, não estou procurando por isso. Não é esse tipo de dinâmica que quero viver – já que não estou nem inserida no game. Posso olhar ao redor e escolher por mim mesma quem quero que fique do meu lado. Ou não escolher ninguém. Em muitos lugares do mundo, mulheres podem fazer mais sexo do que nunca, sem sentirem vergonha ou serem julgadas. Pelo contrário, somos encorajadas a isso.

Mas quantas de nós está, de fato, satisfeita com esse sexo? Quantas de nós estão tendo boas experiências e se sentindo empoderadas por isso?”

Demolindo a muralha

Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins
Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins

“Quando interajo com homens, digo imediatamente que não estou namorando e nem transando. As reações mais comuns são: eles dizem que conhecem algum amigo que está fazendo isso (e citam a pornografia, por algum motivo), ou um muro é demolido entre nós. Vejo o mood e a energia mudar porque eles não precisam mais ser uma versão diferente de quem são na verdade. A pressão vai embora porque percebem que não têm o que perder ou ganhar, e que podem ter prazer em apenas conversar comigo.

Dia desses, fui jantar com um cara que acho interessante, e percebi que o vejo com mais clareza. Sem o sexo, meu foco vai diretamente no que ele diz e em como ele faz eu me sentir. Se estivéssemos transando, talvez o que nos une não seria nossas conversas, ou se realmente gostamos e conhecemos um ao outro.”

Antes só…

“Parte do porquê preferir dar um passo para trás é que tenho um problema profundo com validação, intimidade masculina e sexo – já usei muito essas três coisas como muleta.

Minha avó e minha mãe, por exemplo, são de gerações que realmente precisavam de homens para terem reconhecimento. Minha avó abandonou o ensino médio para se casar com meu avô, escapar dos pais e ter autonomia – algo que ela conseguiu, mesmo de uma maneira estranha. Agora, mesmo com demência, viúva e nos últimos estágios da vida, ela só pensa em homem, porque nunca viveu uma vida sem um.

Minha mãe era parecida: quando eu era caloura do ensino médio, ela me subornou com meu primeiro iPhone para que fosse ao baile com um veterano da escolha dela. Mas por que? Bem, acho que nossas mães estão procurando um homem para nós e, de alguma forma, isso também se torna uma realização para elas. Parece que sentem que o melhor que podem fazer por suas filhas é ajudá-las a encontrar um homem.

É algo enraizado porque é muito imposto, como se você tivesse que buscar por essa validação.”

Melhor sozinha

Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins
Boysober: o que a criadora do termo aprendeu ao tirar férias de relacionamentos com homens — Foto: Mayra Martins

“Sinto que as gerações antes de nós não sabem quem são sem um relacionamento. Com certeza minha avó conseguiu a independência de que precisava – em seus próprios termos, era independente e poderosa.

A questão é que ela nunca teve um senso sobre si mesma, nem que as pessoas poderiam amá-la fora do espectro do amor romântico. Da mesma forma como ela queria um homem, acho que todos nós desejamos sexo, parceria e amor.

Admito: quero um homem, ter uma família e filhos seria importante para mim, mas estou tentando ser capaz de me sustentar sozinha para que eu possa caminhar com alguém. Muitas mulheres hesitam em dizer isso porque pensam que é um sinal de fraqueza, mas não é: podemos fazer isso de uma forma em que ainda possamos entender que a amizade é importante, comunidade e nós mesmas também somos importantes.”

Espelho, espelho meu

“Passei muito tempo com raiva dos homens porque pensava que não queriam ser apenas meus amigos. Que me colocavam num pedestal ou porque os homens não amam nossas versões reais. Mas percebo agora que também faço isso: começo a duvidar se consigo ser apenas amiga dos homens, e acho que estou construindo versões deles na minha cabeça também.

O que estou tentando fazer é vê-los e entendê-los como pessoas, não como essa coisa que pode me salvar, consertar ou ajudar. Obviamente, eles não nos veem como pessoas, como humanas. A diferença é que não temos o mesmo poder a ponto de poder explorá-los como eles nos exploram, mas digo por mim: não os vejo como pessoas também. Não os entendo. Tenho muito preconceito e ressentimento sobre eles. Se não confio nos homens em geral, como vou realmente amar um de verdade ou ter um relacionamento saudável?

Vi um artigo no The Cut que diz que meninos estão se inclinando à extrema direita e as meninas, à esquerda, em todos os aspectos. Ou seja: não estamos nos entendendo e estamos nos afastando cada vez mais.”

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