Durante o Web Summit de 2023, um comentário da presidente da Microsoft Brasil, Tania Cosentino, escancarou uma dura realidade no país: apenas 2% de todo o recurso destinado ao investimento em startups alcança empresas lideradas por mulheres. O cenário de disparidade expresso na fala de Cosentino motivou Ernesto Pousada, CEO da Vibra, empresa líder no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis e lubrificantes, a lançar o programa Mulheres Empreendedoras.
Os números falam por si: apenas 10% das startups no país foram fundadas por mulheres – índice 20 vezes menor do que a taxa masculina. Startups fundadas por homens em rodadas de investimento anjo recebem um ticket-médio duas vezes maior do que as fundadas por mulheres, com essa disparidade aumentando ainda mais à medida que o estágio de desenvolvimento das startups avança. Esses dados revelam não apenas uma desigualdade de oportunidades, mas ainda um sistema que perpetua e amplifica disparidades entre os gêneros ao longo do tempo.
O programa Mulheres Empreendedoras pretende conectar startups lideradas por mulheres, proporcionando acesso a mentorias, provas de conceito, oportunidades de contratação e investimento.
“Além de impulsionar e buscar negócios, queremos também ter um papel de educar, auxiliando as empreendedoras. Estamos aqui para abrir portas e conectar, incentivar a inclusão defendendo a diversidade. O ecossistema está em evolução, mas a realidade assusta. Precisamos mudar esse cenário e avançar,” destaca Vanessa Gordilho, vice-presidente de Negócios e Marketing da Vibra.
A chamada para Mulheres Empreendedoras recebeu inscrições de todos os estados do Brasil, com destaque para São Paulo com 40% das startups inscritas, Rio de Janeiro com 14% e Minas Gerais com 8%. As verticais que concentram maior volume de startups são Sustentabilidade & ESG (12%), HR Tech (11%), Fintech (4%) e Retailtech (4%). A maioria dos negócios (60%) encontra-se no Early Stage (ou seja, Anjo a Série A), foi fundada a partir de 2020 (65%), emprega tecnologias como Inteligência Artificial (37%) e Analytics (35%), e possui como principais modelos de negócios o Business to Business (49%) e o Business to Consumer (46%).
Das 366 inscrições iniciais, 216 startups foram aprovadas para a fase seguinte do programa.
A próxima etapa incluiu capacitações com executivas referência de mercado, com sessões de orientações e oportunidades de networking. Na fase seguinte, 30 empresas foram escolhidas para participar de pitches executivos com o Vibra Co.lab e passar por uma avaliação de investimento pelo fundo de CVC da Vibra, o Vibra Venture.
Das startups envolvidas no programa, cinco já conquistaram oportunidades de negócios com a Vibra. Uma das tecnologias desenvolvidas é a Carbon Air, sistema que faz captura de carbono de até 4 toneladas. A ideia é que seja instalado em ambientes de fábrica e bases da Vibra. A Carbon Air é uma ideia que surgiu do parque tecnológico da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Outro projeto é o Indicafix, uma forma de metrificação via pesquisa do nível de engajamento de cultura e conhecimento do negócio. Os dados coletados são apresentados em paineis interativos, permitindo entender o público, cruzar informações e identificar falhas e oportunidades da área. O Indicafix foi contratado para atuar na Comunicação Interna da Vibra.
A TROCA serve para controle e geração automática dos principais indicadores de diversidade e inclusão na empresa, sugestão de metas de acordo com os resultados e plano de ação. A tecnologia será aplicada para realizar o censo de diversidade da Vibra.
O Execute Hub atua com facilitação de discovery para o entendimento dos perfis das equipes de revenda da Vibra: frentistas, gerente de pista, lubrificador e atendentes das lojas de conveniência. Através do levantamento das jornadas de cada perfil e todos os pontos de contato que a Vibra tem hoje, será elaborado o briefing para o app Bora. O objetivo após essa etapa preliminar é avançar para o desenvolvimento de um canal centralizado para acesso dos revendedores e suas equipes aos serviços, benefícios e incentivos da Vibra.
Além disso, uma das participantes, Regina Viana, que entrou no programa com sua startup de ciência de dados, foi contratada para integrar o time da Vibra.
"A Chamada Mulheres Empreendedoras é um sucesso em sua primeira edição. Nosso propósito é apoiar empreendedoras em suas jornadas de crescimento e sucesso. A partir de agora esse será um processo contínuo, a contribuição da Vibra para o fortalecimento da representatividade feminina no ecossistema de inovação”, conclui Vanessa Gordilho.