Sexo anal ainda provoca um mix de emoções; veja um guia prático e aventure-se

Ainda assim, para a maioria das mulheres, esse é um assunto que gera muita insegurança. Primeiramente por ser um tópico considerado tabu. Infelizmente ainda há uma associação de práticas na região anal com promiscuidade, sujeira ou algo proibido. Segundo porque nossa relação com o corpo é complexa. Falta conexão e intimidade de maneira geral, especialmente em se tratando de regiões íntimas. Mesmo para quem vence essas barreiras iniciais e deseja se aventurar, ainda há o medo da dor.

É normal e genuíno que todas essas objeções existam, principalmente porque falta muita informação sobre o assunto. É isso que a coluna de hoje quer mudar. Então, vamos a um “Guia Prático para o Prazer Anal”.

Antes de começar, é importante saber que sexo anal, diferentemente do que é mostrado em filmes, ou imaginado, raramente vai acontecer de repente, de maneira espontânea. É preciso uma certa preparação e, muitas vezes, conversas sobre o assunto --para justamente vencer medos e receios. Esperar que ele simplesmente aconteça, especialmente nas primeiras vezes, pode ser frustrante e gerar desconforto. Por isso, planeje, converse sobre o desejo e alinhe expectativas.

Uma das maiores ciladas do sexo anal é ceder à pressão do desejo do outro em fazer. Isso é valido para qualquer prática sexual e fantasia. Se não for algo que desperte o seu interesse, ou que você deseja experimentar, não faz sentido e pode te gerar desconfortos e registros negativos em relação ao sexo. Não use nenhuma prática para “segurar” relação. O desejo do outro jamais deve ser maior do que a nossa integridade, e nenhuma relação na qual seus limites não são respeitados é válida.

- Lubrificação: o ânus, diferentemente do canal vaginal, não apresenta lubrificação natural, portanto é preciso investir em lubrificantes! É essencial que essa região esteja muito bem lubrificada para evitar atritos e machucados. E já adianto que saliva não é indicada. Além do maior risco de infecções, a saliva resseca a região aumentando o atrito. Anestésicos também são contraindicados, porque reduzem a sensibilidade, diminuindo sua percepção de dor, que nesse caso é bem-vinda somente como um sinal de alerta de que algo não está indo bem. Sem ela, você corre o risco de forçar estímulos que não deveria.

- Posições: eu sei, quando pensamos no assunto sexo anal, a posição de quatro é uma das primeiras que vêm à cabeça. No entanto, se você é iniciante, essa definitivamente não é a melhor opção. Escolha posições em que você tem maior controle da situação, como por cima, ou de ladinho. Isso vai te deixar mais segura e permitir que você determine a intensidade e até profundidade da penetração, o que é importante inicialmente.

-Vencendo o esfíncter: o medo da dor na relação anal é genuíno, porque ele vai acontecer se você não conseguir relaxar --e aqui, estamos falando não só de relaxar a mente, mas também a musculatura. Todos nós temos um músculo poderosíssimo chamado esfíncter, que se mantém contraído praticamente o tempo todo para evitar a perda de fezes. No entanto, do mesmo jeito que previne a saída, ele vai tentar a todo custo evitar a entrada de algo no ânus. Por isso, precisa ser “vencido”.

Isso é feito de duas maneiras: a primeira é um relaxamento voluntário, mesmo, quando você manda sinais para o seu cérebro de que quer relaxar essa região. A outra precisa de um relaxamento involuntário e, para isso, precisamos “cansar” esse músculo. Logo que você toca no ânus, ele imediatamente se contrai, e esse é o pior momento para tentar uma penetração. A dica é manter o estímulo ali por um tempo para que esse músculo relaxe e você possa prosseguir. É possível fazer isso introduzindo uma parte do dedo, um plug anal, ou deixando o pênis encostado na entrada sem penetrar incialmente.

Como já falei inicialmente, é completamente possível ter prazer com penetração anal. Além das dicas acima, alguns pontos contribuem muito para isso. Antes de partir para estímulos nessa região, o ideal é trabalhar bastante a excitação, com outras práticas que você já goste. Parta para o ânus quando tudo já estiver pegando fogo.

Além disso, estimular a vulva e o clitóris é uma maneira deliciosa de aumentar as chances de um orgasmo. Porém, só inicie esse estímulos quando o ânus já estiver mais relaxado, para evitar que a contração da musculatura provocada pelo toque impeça a penetração.

Sexo é delicioso, mas também requer responsabilidades. E, em se tratando de sexo anal, alguns pontos são importantes. Primeiro é saber que essa prática aumenta as chances de infecções sexualmente transmissíveis e, por isso, os cuidados devem ser dobrados. O uso de preservativo é imprescindível. O segundo ponto é sobre a famosa lavagem intestinal que, embora muito indicada informalmente, é contraindicada por profissionais da saúde. Lavar o reto e o anus com frequência pode gerar lesões anais, gerar um desequilíbrio de bactérias favorecendo infecções e promover ressecamento da mucosa, aumentando riscos de fissuras anais.

Então, o que fazer? Opte por uma alimentação mais leve nos dias em que pretende fazer sexo anal. Vá ao banheiro algumas horas antes, evite penetração se estiver com a sensação de que precisa ir ao banheiro e, acima de tudo, entenda que é uma prática sexual que envolve fluídos corporais e que pequenos incidentes podem acontecer. Não há nada de absurdo nisso.

Para finalizar, foque mais no seu prazer e na experiência do que nos medos. Encare como uma brincadeira de possibilidades e divirta-se. Mas, se em algum momento se sentir desconfortável, pare e procure outros estímulos de que você goste. Está tudo bem gostar de sexo anal, assim como está tudo bem não gostar. Isso não faz de você melhor ou pior, nem mais ou menos expert na cama. Respeite seu corpo acima de tudo.