Fiz quarenta anos. O que vem a seguir?

Bem, quando o avião estava prestes a decolar, olhei para o relógio e, voilà, já tinha quarenta.

Passei duas semanas na Europa. Minhas pernas ficaram cansadas com as longas caminhadas, e notei que já não tenho vontade para baladas (durmo cedo). Enquanto passeava pelas ruas, cafés e museus, absorvia que anos intensos da minha juventude haviam ficado para trás.

Tem muita coisa que eu ainda quero fazer. Estou terminando, por exemplo, mestrado em tecnologia e já planejando um doutorado em letras. Tem viagens que ainda quero realizar, como conhecer Roma. Sei também que um dia serei faixa preta em artes marciais e, de uma vez por todas, quero encontrar um tom de rosa para meus cabelos que goste. Além disso, desejo não sentir mais vergonha da palavra "calcinha" (acho íntimo e desde nova fico constrangida).

Ah! Quero finalmente experimentar aquele sorvete famoso, coberto de pistache, e ir com minha esposa em uma festa junina – todo ano falamos, mas nunca fomos.

Eu compreendo que algumas dessas metas possam parecer banais. No entanto, a verdade é que levei a vida muito a sério: estudei loucamente, trabalhei altas horas, sofri e deixei de viver em função do meu gênero. Acabei por adiar viagens, planos e sonhos – incluindo aqueles mais simples.

Parece que o tempo passou mais rápido do que eu gostaria, e talvez seja sempre assim. É por isso que, nesta nova década, eu simplesmente almejo curtir e aproveitar a vida da melhor forma que consiga.

Não sou mais garota... ao menos é o que alguns dizem.