Catarina, a Grande, foi uma das líderes mais relevantes da Rússia. Ao longo de seu reinado, entre 1762 e 1796, a imperatriz modernizou o país com ideais filosóficos e em prol das mulheres. Apesar de ficar de fora das aulas de história, sua figura fascinante guia a série The Great, que, entre champanhes e vestidos extravagantes, conta sua ascensão ao poder.
Diferente de outros dramas de época, porém, a produção carrega no roteiro delicioso o humor característico de seu criador, Tony McNamara, coautor de A Favorita. “É uma comédia afrontosa. Testei coisas que nunca tinha feito antes”, diz Elle Fanning à Glamour. A seguir, a atriz e produtora executiva fala sobre feminismo, arte em tempos de crise e, claro, sua primeira série de TV, que estreia no Brasil em 18 de junho pelo STARZPLAY.
Como você descreveria Catarina, a Grande?
Foi divertido interpretá-la, não só pelo roteiro delicioso que Tony [McNamara] escreveu, mas também pelo seu desenvolvimento ao longo da série. Ela chega à Rússia otimista e romântica, idealizando um casamento com Pedro III, que se mostrou exatamente o oposto do que ela esperava. A partir daí, ela se torna uma jovem mulher que está descobrindo a sua força e o seu poder, aprendendo como usá-lo. Ela comete erros, claro, porque não é perfeita – ninguém é. Ela é uma mulher forte, e isso é inegável. Porém, no fim do dia, é um ser humano.
O que te chama a atenção na personalidade dela?
Ela é extremamente curiosa e isso, para mim, é uma das qualidades mais importantes que uma pessoa pode ter. E não importa se é com amigos ou inimigos, ela usa essa curiosidade ao seu favor, aprendendo o tempo inteiro com todo mundo. Além de estar sempre preparada com um plano B – adoraria ser tão engenhosa quanto ela.
Como acertar o tom do humor da série?
Ela é bem irreverente, né? O criador está familiarizado com esse tipo de comédia. O que facilitou muito desde o começo, ele sabia exatamente o que queria. É uma série histórica, séria, com um pouco de drama, mas também com uma comédia ultrajante. Para mim, foi bem interessante (e desafiador) brincar com esse aspecto cômico dentro de um cenário grandioso de época. Aprendi a baixar a guarda e testar coisas, era preciso se entregar completamente, sem ter medo ou se envergonhar.
Apesar de histórica, a série toca em pontos bem atuais...
Sim, ela mostra uma mulher em sua jornada até o poder, mas que nunca deixou de lado seus interesses por equidade de gênero. Catarina se incomodava com o fato de as mulheres da corte não saberem ler e não terem acesso à educação. Ela trouxe isso para a Rússia, deu às mulheres arte, ciência e literatura. Hoje, apesar de tantos avanços, ainda temos que lidar com questões como essa em nossas vidas.
Você costuma fazer bastante filme de época. O que te encanta ao mergulhar em personagens do passado?
Eu amo poder atuar em eras diferentes. É muito legal poder vestir aquelas roupas incríveis, estar naqueles mundos, é uma forma diferente de se vestir e entrar no personagem, e atuar é isso, voltar um pouco no tempo. Eu não amo os corsets, devo dizer, sei que eles fazem o visual ficar bonito, mas não é nada confortável.
Como o feminismo tem ajudado o cinema?
Há alguns anos, houve um despertar da indústria para a equidade salarial e de oportunidades entre os gêneros – sei que também são preocupações para além do cinema –, o que gerou uma reviravolta para o lado certo da luta. Podemos falar abertamente sobre os problemas que queremos resolver e o que precisamos melhorar. Tenho orgulho de fazer parte de uma geração que não vai aceitar preconceitos e desrespeito.
Quais são seus ícones feministas?
Catarina, a Grande, é uma delas. Antes da série, infelizmente, não a conhecia. Agora, posso considerá-la um ícone. Das mulheres com quem trabalhei e pude admirar de perto, Nicole Kidman e Angelina Jolie. Mas não posso esquecer de mencionar a minha avó, minha mãe, minha professora de balé.
The Great vai estrear no meio de uma crise global…
As artes sempre estiveram presentes em momentos difíceis por darem alegria às pessoas – algo bom para a nossa saúde mental. Estou feliz que a série vai ao ar agora, porque ela pode ser uma fonte de escapismo no meio do caos da pandemia.