Saúde

Por Redação Galileu

A osteomielite fúngica é uma condição rara causada por uma infecção popularmente conhecida como “fungo negro”. Em humanos, ela causa necrose nos ossos e, na maioria dos casos, atinge o sistema nervoso central do paciente, causando a morte de forma rápida.

Embora rara, a doença apareceu na região do maxilar de um morador de São Lourenço do Oeste (SC) em 2017. Ricardo Fratin, hoje com 41 anos, foi atendido no Instituto Zétola, em Curitiba (PR). Lá, ele foi submetido a um tratamento inovador, que utilizou as próprias células-tronco do paciente.

A terapia foi um sucesso, e chamou a atenção da comunidade internacional. Uma parte dos estudos envolvendo o caso viraram um artigo publicado em 2022 no Journal of Contemporary Diseases and Advanced Medicine . Em breve, uma nova pesquisa, focada na regeneração óssea por células-tronco e após a colocação das próteses no paciente, deve sair na mesma revista científica.

Em comunicado, o cirurgião maxilo-facial André Zétola, responsável pelo caso, explica que a doença é extremamente rara e agressiva. “Em um primeiro momento, conseguimos debelar a infecção fúngica, preservando a vida do paciente. Posteriormente, reconstruímos o osso maxilar dele usando células-tronco. Casos assim reforçam a importância de um diagnóstico precoce, além de ação imediata do cirurgião”.

Estima-se que quase 10 mil novos diagnósticos da condição surjam por ano no mundo, com uma taxa de mortalidade que pode chegar a 46%. As informações são do Centro Nacional de Informações sobre Biotecnologia dos Estados Unidos (NCBI).

A nível nacional, um levantamento do Ministério da Saúde referente a janeiro de 2018 e junho de 2021 registrou 157 casos de "mucormicose" no país. A estatística não considera só de casos no maxilar, mas todos os tipos de infecções do fungo negro por vias nasais e mucosas orofaciais.

Tratamento inovador

As mucormicoses podem surgir após a ingestão indevida do bolor de pães, vegetais e frutas em decomposição. O seu consumo raramente afeta pessoas saudáveis, mas indivíduos com imunidade comprometida (como aqueles com diabetes, HIV ou em tratamento quimioterápico) são mais suscetíveis à infecção.

Também existe uma relação da disseminação do fungo em pacientes imunossuprimidos por questões psicológicas. Este foi o caso de Fratin, que, na época, vivia um episódio depressivo.

Há 7 anos, quando chegou ao Instituto Zétola, o homem apresentava sintomas de dor e amolecimento nos dentes. Fazia apenas 21 dias que ele tinha feito uma cirurgia para desvio de septo e sinusite crônica.

Logo no atendimento inicial, o médico já constatou pelo menos 10 milímetros de perda óssea no dente central e necrose no maxilar. Foi feita, então, uma cirurgia para retirada do osso, e o material foi enviado à análise para verificar qual o tipo de osteomielite acometia o paciente.

Em poucas semanas, o resultado da biópsia apontou para a osteomielite fúngica. A infecção progrediu rapidamente, destruindo o osso maxilar e o assoalho nasal, comprometendo todos os dentes superiores.

Desta forma, o cirurgião André Zétola ordenou uma nova cirurgia de emergência para remover o tecido infectado. Durante o procedimento, ele foi acompanhado pelo otorrinolaringologista Marco Cesar Jorge dos Santos.

Para salvar a vida do paciente, médicos rasparam todo o osso maxilar, pois o fungo necrosou o osso até próximo da cavidade nasal — Foto: Divulgação/Instituto Zétola
Para salvar a vida do paciente, médicos rasparam todo o osso maxilar, pois o fungo necrosou o osso até próximo da cavidade nasal — Foto: Divulgação/Instituto Zétola

Todo o osso maxilar foi removido até a altura do assoalho do seio maxilar e o assoalho nasal, para preservar a vida de Ricardo, uma vez que o fungo chegou muito próximo da cavidade nasal. Sem sustentação óssea, as bochechas do paciente “entravam” na boca, e o nariz ficou caído.

Após a cirurgia, o paciente foi encaminhado à Unidade de Terapia Intensiva do Hospital VITA Batel, onde o médico intensivista Rafael Deucher passou a ministrar oantifúngico Anfotericina. Foram dias de internação em tratamento intravenoso.

Erradicada a infecção, Zétola utilizou um fator de crescimento que atraiu células-tronco do próprio paciente para promover a regeneração óssea do maxilar. Em um período de seis a oito meses, o osso da face se reconstruiu sozinho, o que permitiu, na sequência, a colocação de implantes dentários.

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