Biologia

Por Redação Galileu

A fluorescência é um fenômeno que pode ocorrer quando os seres vivos possuem determinadas moléculas que absorvem raios ultravioleta (UV) e os reemitem como cores visíveis. No ambiente marinho, a característica já foi observada em águas-vivas, corais de recife e anêmonas -- que brilham no escuro graças à presença de proteínas fluorescentes. Agora, um novo estudo registrou fluorescência em 27 espécies marinhas inéditas, jamais descritas pela ciência.

Os registros aconteceram durante mergulhos noturnos no mar de Banda, na Indonésia, e no mar Vermelho, no Egito, entre fevereiro de 2019 e setembro de 2022. Divulgadas em um artigo publicado nesta quarta-feira (12), no períodico PLOS ONE, as imagens foram capturadas com ajuda do microscópio óptico de fluorescência THUNDER Imager, da marca sueca Leica.

A equipe conseguiu descrever o fenômeno de forma inédita em espécimes das ordens Octopoda, que reúne espécies de polvos, e Ascidiacea, que inclui as seringas-do-mar. Dentre as espécies reportadas, estão o pequeno polvo Abdopus aculeatus, um caranguejo boxeador Lybia tessellata e o Corythoichthys intestinalis, uma espécie de peixe. A maioria dos achados envolve espécies de peixes, como você pode ver nas imagens a seguir.

Fluorescência em peixes do Mar da Banda: Antennatus coccineus com fluorescência verde e laranja (A, B), Bothus pantherinus com fluorescência verde (C) e diversos indivíduos fluorescentes de Corythoichthys intestinalis (D-F). — Foto: Poding, LH, et al PLOS ONE (2024)
Fluorescência em peixes do Mar da Banda: Antennatus coccineus com fluorescência verde e laranja (A, B), Bothus pantherinus com fluorescência verde (C) e diversos indivíduos fluorescentes de Corythoichthys intestinalis (D-F). — Foto: Poding, LH, et al PLOS ONE (2024)

Na lista de achados, há animais com fluorescência em apenas uma parte do corpo, como o peixe-rã escarlate (Antennatus coccineus). Nesse caso, a espécie exibia fluorescência verde em todo o corpo, mas brilhava no tom laranja somente em pontos específicos, o que cria um padrão manchado.

Também foi possível investigar a presença dessa característica nos nudibrânquios, uma subordem de moluscos gastrópodes marinhos que inclui, por exemplo, as lesmas-do-mar. Antes, acreditava-se que os seres desse grupo adquirissem fluorescência com a ingestão de uma alimentos. Contudo, os pesquisadores puderam encontrar nudibrânquios que brilhavam sem ter consumido nenhum alimento específico.

De acordo com os pesquisadores, o mecanismo exato por trás dessa "emissão" de luz pelos animais ainda não é conhecido. No entanto, há indícios que podem sugerir uma função biológica para essa característica.

Segundo o estudo, uma espécie de caracol marinho consome uma alga que, após ser excretada, deixa uma fraca fluorescência. Ao observar o comportamento desses caracóis, os pesquisadores descobriram que os peixes evitavam comê-los. Já o peixe-rã escarlate exibe uma fluorescência que se mistura com o ambiente, indicando que essa característica pode ser usada para camuflagem.

Fluorescência em peixes: Pleurosicya mossambica com fluorescência vermelha (A e B), Scorpaenopsis possi (C e D), diferentes morfologias de Soleichthys heterorhinos com fluorescência laranja (E e F), espécies indefinidas de Lutjanidae (G) e Brachysomophis henshawi com cabeça fluorescente vermelha (H). — Foto: Poding, LH, et al PLOS ONE (2024)
Fluorescência em peixes: Pleurosicya mossambica com fluorescência vermelha (A e B), Scorpaenopsis possi (C e D), diferentes morfologias de Soleichthys heterorhinos com fluorescência laranja (E e F), espécies indefinidas de Lutjanidae (G) e Brachysomophis henshawi com cabeça fluorescente vermelha (H). — Foto: Poding, LH, et al PLOS ONE (2024)

Novas pesquisas sobre o assunto podem, no futuro, ajudar explorar a ocorrência do fenômeno. Além disso, a equipe acredita que investigar locais onde não há muitos dados de diversidade marinha com a ajuda de luzes UV pode revelar ainda mais espécies brilhantes.

“Este estudo, portanto, amplia a paleta de fluorescência em espécies marinhas. Isso mostra que a fluorescência provavelmente é um fenômeno comum e que sua diversidade não se limita aos cnidários [como as águas vivas]”, afirmam os pesquisadores no artigo. “Novas pesquisas ajudarão a compreender os diversos papéis que a fluorescência pode desempenhar nos ecossistemas marinhos."

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