Arqueologia

Por Redação Galileu

O rio Ganges, considerado sagrado para o hinduísmo, tem mais de 2.500 km de extensão e corta os territórios de Índia e Bangladesh. Seu curso, no passado, era consideravelmente diferente, mas foi moldado por um terremoto. Um novo estudo, assinado por um grupo internacional de pesquisadores, mostrou que um abalo sísmico há 2,5 mil anos alterou de forma drástica o principal canal do Ganges. O movimento fez com que o rio fosse redirecionado em Bangladesh, onde passa a ser chamado de Padma.

Os autores do novo estudo, publicado na Nature Communications nesta segunda-feira (17), acreditam que essa é a maior mudança de curso de um rio já documentada. Se acontecesse hoje, ela poderia inundar tudo que estivesse em seu caminho, afetando 140 milhões de pessoas.

A nascente do Ganges fica na Cordilheira do Himalaia, e o rio desagua no Oceano Índico, mais especificamente na Baía de Bengala, que abrange Bangladesh e Índia. Ele forma, junto aos rios Brahmaputra e Meghna, o segundo maior sistema fluvial do mundo – ficando atrás somente do Amazonas.

O provável antigo canal principal do rio, identificado pelos pesquisadores, está a cerca de cem quilômetros ao sul de Dhaka, capital de Bangladesh. É uma área que corre quase paralela ao curso atual do rio, além de ser inundada com frequência, o que possibilita seu uso para cultivo de arroz.

Os pesquisadores exploravam a área em 2018 quando notaram uma escavação recente para um lago que ainda não havia sido preenchido com água. Ali, observaram diques de areia de cor clara que cortavam camadas de lama horizontais.

Quando ocorre um terremoto, o tremor pode criar pressão sobre as camadas de areia enterradas e levá-las para cima, passando pela lama que a sobrepõe -- o que explica o achado da equipe. Esse fenômeno cria vulcões de areia que podem entrar em erupção na superfície, chamados "sismitos".

O padrão observado nesses sismitos sugere que eles nasceram ao mesmo tempo. Já análises químicas de grãos de areia e lama mostraram que as erupções, o abandono e o preenchimento do canal aconteceram por volta de 2,5 mil anos atrás.

A pesquisa estima que o fenômeno poderia afetar 140 milhões de pessoas, se acontecesse hoje.

Os autores concluíram que esse movimento foi resultado de um terremoto de magnitude 7 ou 8, que pode ter surgido por duas razões. Uma delas envolve uma zona de subducção ao sul e ao leste, com uma placa da crosta oceânica se movimentando por debaixo de Bangladesh, Mianmar e o nordeste da Índia. A outra ideia envolve falhas gigantes na parte inferior do Himalaia, ao norte, que estariam subindo de forma lenta devido a colisão do subcontinente indiano com o restante da Ásia.

Terremotos como esse não são exclusivos de um passado distante. Um estudo de 2016 liderado por Michael Steckler, geofísico e coautor da nova pesquisa, mostrou que essas zonas estão acumulando estresse e poderiam produzir terremotos como o de antigamente

O Ganges passa por mudanças em seu curso de forma periódica. Arrastados pela correnteza, os sedimentos do rio se acumulam no canal até que o leito do rio se torna mais alto do que a planície de inundação a sua volta. Então, a água rompe o canal e segue um novo caminho. Esse processo pode levar anos e sucessivas inundações para acontecer. Já no caso de um terremoto, o movimento pode ser instantâneo.

O Ganges não é o único rio sobre deltas ativos tectonicamente. Outros cursos incluem o Rio Amarelo, da China; o Irrawaddy, de Mianmar; os rios Klamath, San Joaquin e Santa Clara, na costa oeste dos EUA; e o Jordão, que atravessa a Síria, Jordânia, Cisjordânia palestina e Israel.

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