Ciência

Por Redação Galileu

Por mais de três décadas, acreditou-se que o grifo, uma criatura mítica com cabeça e asas de águia e corpo de leão, tinha origem em descobertas de fósseis de dinossauros. No entanto, uma pesquisa recente publicada em 20 de junho, no periódico Interdisciplinary Science Reviews, com paleontólogos da Universidade de Portsmouth, desmente essa teoria popular.

O mito original foi criado pela folclorista clássica Adrienne Mayor em 1989. Ela sugeriu que nômades na Ásia Central encontraram fósseis do dinossauro de Protoceratops e os interpretaram como grifos.

Essa espécie é um parente do Triceratops, que viveu durante o período Cretáceo, cerca de 75-71 milhões de anos atrás. O animal se locomovia sobre quatro patas, tinha bicos e extensões semelhantes a franjas em seu crânio, o que alguns argumentavam poder se assemelhar às asas do grifo.

Entretanto, os pesquisadores argumentam que os povos antigos não teriam visto esqueletos pré-históricos expostos o suficiente para formar mitos complexos. Witton e Hing afirmam que os grifos são provavelmente quimeras de grandes felinos e aves de rapina, criadas na imaginação humana, sem qualquer base em fósseis de dinossauros.

Cronologia relacionada entre grifos e Protoceratops — Foto: Witton & Hing, Revisões Científicas Interdisciplinares
Cronologia relacionada entre grifos e Protoceratops — Foto: Witton & Hing, Revisões Científicas Interdisciplinares

Além disso, não há evidências de ouro perto dos locais de fósseis, desafiando a ideia de que prospectores desse metal encontraram esses fósseis. “Mesmo que tivessem sido encontrados é improvável que fossem reconhecidos como os restos de uma criatura”, explica Witton ao Archaeology Magazine.

“Há uma suposição de que esqueletos de dinossauros são descobertos meio expostos, quase como os restos de animais recentemente falecidos”, complementa ele. “Mas, geralmente falando, apenas uma fração de um esqueleto de dinossauro erodido será visível a olho nu, despercebida por todos, exceto pelos caçadores de fósseis mais atentos. Parece mais provável que os restos de Protoceratops, em grande parte, passaram despercebidos se os prospectores de ouro estivessem lá para vê-los”.

A distribuição geográfica dos fósseis do dinossauro também está errada, não correspondendo aos locais onde a mitologia dos grifos era prevalente. Os fósseis não teriam como ter se originado na Ásia Central e depois se espalhado para o oeste.

O grifo tem sido uma figura proeminente na arte e literatura mitológica desde pelo menos o 4º milênio a.C — Foto: Ilustração de L. Gruner, de Layard (1853)
O grifo tem sido uma figura proeminente na arte e literatura mitológica desde pelo menos o 4º milênio a.C — Foto: Ilustração de L. Gruner, de Layard (1853)

“Não há nada de inerentemente errado com a ideia de que povos antigos encontraram ossos de dinossauros e os incorporaram em sua mitologia, mas precisamos fundamentar essas propostas nas realidades da história, geografia e paleontologia. Caso contrário, são apenas especulações”, disse Hing.

Os autores observaram que, embora alguns detalhes da história natural do grifo e dos fósseis de Protoceratops sejam semelhantes, esses relatos não vinculam de forma convincente as duas entidades. Eles também consideraram inadequadas as comparações anatômicas entre as espécies.

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