Arqueologia

Por Redação Galileu

Durante uma pesquisa a 90km da costa do Mar Mediterrâneo, uma empresa de gás natural identificou centenas de ânforas (vasos) intactas a uma profundidade de 1,8km. Alertada, a Autoridade de Antiguidades de Israel (IAA, Israel Antiquities Authority) visitou o local e confirmou um naufrágio, conforme divulgado pela instituição nesta quinta-feira (20).

O estudo dos achados indicou se tratar de uma embarcação do final da Idade do Bronze (por volta de 3.300 a 3.400 anos atrás). Em comunicado compartilhado no Facebook, a IAA relata que o navio parece ter afundado em crise, seja por decorrência de uma tempestade ou até por uma tentativa de ataque pirata.

Trata-se do navio mais antigo do mundo já encontrado em águas profundas. A embarcação é também a primeira e mais antiga já descoberta nas profundezas do Mar Mediterrâneo Oriental e, como tal, sugere novas informações sobre a história da região.

“Esta descoberta nos revela as capacidades de navegação dos antigos marinheiros cananeus [habitantes da antiga Canaã], capazes de atravessar o mar sem linha de visão para qualquer costa”, explica Jacob Sharvit, chefe da Unidade Marinha da IAA. “Deste ponto geográfico, apenas o horizonte é visível ao redor. Para navegar, eles provavelmente usaram os corpos celestes, obtendo avistamentos e ângulos do sol e das posições das estrelas”.

Como foi feita a descoberta?

“Como parte da nossa atividade contínua de busca e extração de gás natural do fundo do mar, realizamos pesquisas que verificam diferentes parâmetros, utilizando um robô submersível avançado para vasculhar o fundo do mar”, conta Karnit Bahartan, chefe da equipe ambiental da Energean, empresa responsável por localizar o naufágio. “Foi assim que, há cerca de um ano, tivemos a visão incomum do que parecia ser uma grande pilha de jarros amontoados no fundo marítimo”.

À luz da importância desta descoberta, a companhia cedeu uma de suas equipes para trabalhar com os especialistas da IAA na investigação do barco. Os técnicos da empresa planejaram uma operação única e complexa e ainda construíram uma ferramenta especial para permitir a extração dos artefatos com risco mínimo de danos.

A presença de centenas de ânforas (vasos) foi identificada no fundo do Mar Mediterrâneo, a uma profundidade de 1,8km — Foto: Divulgação/Israel Antiquities Authority
A presença de centenas de ânforas (vasos) foi identificada no fundo do Mar Mediterrâneo, a uma profundidade de 1,8km — Foto: Divulgação/Israel Antiquities Authority

“O mapeamento do local feito por robôs esclareceu que se tratava de um navio naufragado de 12 a 14 metros de comprimento que transportava centenas de vasos, dos quais apenas alguns eram visíveis acima do fundo lamacento do oceano. As vigas de madeira do navio também pareciam estar enterradas na lama”, descreve Sharvit.

Ao longo de dois dias de trabalho em alto-mar, a equipe extraiu duas ânforas, cada uma de uma das extremidades do navio. Segundo os especialistas, provavelmente, eram transportados produtos na embarcação relativamente baratos e produzidos em massa, como azeite, vinho e itens agrícolas, como frutas.

Durante dois dias de missão, a equipe conseguiu resgatar dois vasos do fundo do Mar Mediterrâneo — Foto: Divulgação/Israel Antiquities Authority
Durante dois dias de missão, a equipe conseguiu resgatar dois vasos do fundo do Mar Mediterrâneo — Foto: Divulgação/Israel Antiquities Authority

Novos achados, novas noções sobre a história da região

Apenas outros dois naufrágios com carga são conhecidos do final da Idade do Bronze no Mar Mediterrâneo: os barcos Cabo Gelidonya e Uluburun. Ambos, porém, foram encontrados relativamente próximos da costa turca e eram acessíveis por equipamentos de mergulho regulares.

Por isso, a suposição até então era de que o comércio na época não ia tão longe, deslocando-se em segurança de porto em porto. A descoberta deste novo navio muda toda compreensão das antigas capacidades dos marinheiros, pois é o primeiro a ser encontrado a uma distância tão grande, sem linha de visão para qualquer massa de terra.

“Há aqui um enorme potencial para investigação, pois o navio está preservado a uma profundidade que a sua estrutura e contexto da embarcação não foram perturbados pela mão humana (mergulhadores, pescadores, etc.) nem afetados por ondas e correntes, como normalmente atingem naufrágios em águas mais rasas”, destaca Sharvit.

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