Arqueologia

Por Redação Galileu

Um fóssil encontrado na Espanha, que cientistas acreditavam há mais de um século que pertencia a um neandertal, pode ser, na verdade, de um Homo sapiens. Portanto, esse seria o indício mais antigo de presença do homem moderno já documentada na Europa.

A nova interpretação do achado foi registrada em 9 de novembro na revista Journal of Human Evolution. O osso de mandíbula foi encontrado durante atividades de extração em 1887, na cidade de Banyoles. Trata-se de um dos primeiros fósseis humanos descobertos na Espanha.

A mandíbula foi estudada por diferentes pesquisadores ao longo do século passado. Como o fóssil data cerca de 45 mil a 65 mil anos atrás — época em que o continente europeu era ocupado por neandertais — a maioria dos especialistas relacionou o fóssil à espécie Homo neanderthalensis.

Por muito tempo, o osso foi considerado de um neandertal por conta de sua idade e localização, além do fato de que "faltava uma das principais características para identificar um Homo sapiens: o queixo”, segundo conta Brian Keeling, principal autor da pesquisa, em comunicado.

Reconstrução em 3D da mandíbula descoberta em Banyoles, na Espanha  — Foto: Brian Keeling
Reconstrução em 3D da mandíbula descoberta em Banyoles, na Espanha — Foto: Brian Keeling

Por meio de técnicas virtuais, incluindo tomografia computadorizada, os autores do novo estudo reconstruíram virtualmente as partes ausentes do fóssil. Em seguida, a equipe gerou um modelo 3D do osso no computador e estudou características distintas na mandíbula que diferenciam os neandertais dos H. sapiens.

Ao contrário das hipóteses anteriores, a pesquisa mostrou que o fóssil de Banyoles não tinha traços neandertais. Contudo, o fato de não ter queixo fez os pesquisadores pensarem duas vezes antes de atribuí-lo a espécie H. sapiens, segundo relata Rolf Quam, professor de antropologia da Universidade de Binghamton, em Nova York.

Mapa da Península Ibérica indicando o local onde foi encontrada a mandíbula de Banyoles (estrela amarela) — Foto: Brian Keeling
Mapa da Península Ibérica indicando o local onde foi encontrada a mandíbula de Banyoles (estrela amarela) — Foto: Brian Keeling

Os cientistas também compararam o fóssil com uma mandíbula de um H.sapiens encontrada no sistema de galerias Peştera cu Oase, na Romênia. O fragmento ósseo tinha um queixo cheio junto com algumas características de neandertal, e uma análise de DNA antigo revelou que o indivíduo tinha um ancestral neandertal de quatro a seis gerações anteriores.

Com a ausência de características neandertais no fóssil de Banyoles, os cientistas descartaram a possibilidade de mistura entre os neandertais e o H. sapiens para explicar sua anatomia.

Os pesquisadores notaram ainda que havia queixos menos pronunciados entre alguns dos primeiros fósseis de homem moderno da África, anteriores do de Banyoles em mais de 100 mil anos. Com isso, eles levantaram duas hipóteses: ou a mandíbula achada na Espanha era de um membro de uma população desconhecida de H. sapiens que coexistiu com os neandertais, ou era um híbrido entre H. sapiens e uma espécie humana não neandertal.

No entanto, na época de Banyoles, os únicos fósseis recuperados da Europa são neandertais, tornando esta última hipótese menos provável. Os autores consideram, portanto, que o fóssil da cidade espanhola pode ser realmente um membro de nossa espécie.

Em 8 de julho, a Fundação Atapuerca divulgou que na caverna Sima del Elefante, também na Espanha, pesquisadores encontraram o osso parcial da face de um hominídeo de 1,4 milhão de anos, que seria o fóssil mais antigo de um ancestral humano já descoberto na Europa. O fragmento estava abaixo de uma mandíbula localizada em 2007, com cerca de 1,2 milhões de anos.

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