• Redação Galileu
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Na Etiópia, cientistas identificam um fóssil de lontra do tamanho de um leão (Foto: Sabine Riffaut, Camille Grohé / Palevoprim / CNRS – Université de Poitiers)

Na Etiópia, cientistas identificam um fóssil de lontra do tamanho de um leão (Foto: Sabine Riffaut, Camille Grohé / Palevoprim / CNRS – Université de Poitiers)

Uma pesquisa de colaboração internacional foi responsável por identificar uma espécie extinta de lontra na Etiópia que tinha aproximadamente o tamanho de um leão moderno. O animal viveu entre 2,5 milhões e 3,5 milhões de anos atrás e pesava cerca de 200 quilos, configurando a maior lontra já descrita.

O artigo, publicado na revista francesa Comptes Rendus Palevol na última segunda-feira (5), descreve o animal peculiar da espécie recém-descrita nomeada Enhydriodon omoensis, em homenagem ao Vale do Baixo Omo, no sudoeste da Etiópia, onde foi descoberta.

Sabe-se que as lontras povoaram a Eurásia e a África entre 6 milhões e 2 milhões de anos atrás, e o extinto gênero Enhydriodon é o mais encontrado entre seus restos. Os fósseis da nova espécie foram evidenciados por várias equipes internacionais de escavação ao longo dos últimos anos, e o novo estudo foi liderado por pesquisadores da Universidade de Poitiers, na França.

Uma das grandes descobertas é que essa espécie, diferentemente de outras lontras modernas e do gênero Enhydriodon, tinha uma dieta de animais terrestres e partilhava desse habitat. “Seus dentes sugerem que ela não era aquática, como todas as lontras modernas”, disse o coautor do estudo Kevin Uno, geoquímico da Columbia Climate School, em comunicado. “Descobrimos que tinha uma dieta de animais terrestres, também diferente das lontras modernas”.

Uno testou essa teoria analisando isótopos estáveis ​​de oxigênio e carbono no esmalte dentário do Enhydriodon omoensis que ​​podem dar uma indicação do habitat ocupado pelo animal. Enquanto os valores de uma lontra moderna são normalmente próximos aos dos hipopótamos ou de outros animais semiaquáticos, a lontra do Vale do Baixo Omo tinha valores semelhantes aos dos mamíferos terrestres, em particular grandes felinos e hienas.

Agora, os pesquisadores pretendem realizar mais estudos sobre o esmalte dentário e a estrutura dos ossos da lontra gigante, a fim de entender que lugar ocupavam em ecossistemas passados ​​e as causas de sua extinção, cerca de 2 milhões de anos atrás.