• Redação Galileu
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Ilustração de um Diegoaelurus vanvalkenburghae (Foto: Diegoalerus-with-fossil-All photos should be credited to San Diego Natural History Museum)

Ilustração de um Diegoaelurus vanvalkenburghae (Foto: Diegoalerus-with-fossil-All photos should be credited to San Diego Natural History Museum)

Pesquisadores do Museu de História Natural de San Diego, nos Estados Unidos, descreveram um dos primeiros mamíferos carnívoros da Terra, o dente-de-sabre Diegoaelurus vanvalkenburghae. A descoberta foi registrada nesta terça-feira (15) no jornal PeerJ.






A nova espécie é o mais antigo predador felino conhecido na América do Norte e seu fóssil foi encontrado na década de 1980, em San Diego, no sul da Califórnia. O animal viveu há 42 milhões de anos, no período Eoceno, quando a região era coberta por florestas tropicais povoadas por pequenos e incomuns roedores, marsupiais, primatas e mamíferos com cascos.

A mandíbula do felino, reconstituída pela equipe em 3D, está alojada no museu da cidade desde 1988. O fóssil oferece informações sobre a evolução do animal que comia só carne — uma capacidade chamada de hipercarnivoria.

“Tigres fazem isso, ursos polares podem fazer isso. Se você tem um gato doméstico, pode até ter um hipercarnívoro em casa. Mas há 42 milhões de anos os mamíferos estavam apenas descobrindo como sobreviver apenas com carne”, conta Ashley Poust, um dos autores do estudo, em comunicado.

Ashley Poust, pesquisador no Museu de História Natural de San Diego, descreveu carnívoro do tamanho de um lince que viveu cerca de 42 milhões de anos atrás (Foto: San Diego Natural History Museum)

Ashley Poust, pesquisador no Museu de História Natural de San Diego, descreveu carnívoro do tamanho de um lince que viveu cerca de 42 milhões de anos atrás (Foto: San Diego Natural History Museum)

Um grande avanço evolutivo do D.vanvalkenburghae foi, inclusive, desenvolver dentes especializados para cortar carne. Apesar disso, o predador fazia parte de um extinto grupo de animais chamado Machaeroidines, que não são diretamente ligados aos carnívoros de hoje.

Com o tamanho de um lince, o felino tinha um queixo ossudo virado para baixo para proteger seus longos dentes-de-sabre superiores. “Nada como isso existia em mamíferos antes”, diz Poust. “Alguns ancestrais mamíferos tinham presas longas, mas Diegoaelurus e seus poucos parentes representam a primeira abordagem felina a uma dieta de carne, com dentes de sabre na frente e dentes de tesoura cortantes chamados carniceiros nas costas”, detalha.

Fóssil de mandíbula de Diegoaelurus vanvalkenburghae está na coleção do Museu de História Natural de San Diego desde1988 (Foto: Credited to San Diego Natural History Museum)

Fóssil de mandíbula de Diegoaelurus vanvalkenburghae está na coleção do Museu de História Natural de San Diego desde1988 (Foto: Credited to San Diego Natural History Museum)






O fóssil também pode ajudar os pesquisadores a entenderem melhor os Machaeroidines, ainda pouco conhecidos por cientistas. Até então, não se sabia da existência de várias espécies do grupo em um período em comum. “Esta descoberta fóssil mostra que os machaeroidinos eram mais diversos do que pensávamos”, salienta Shawn P. Zack, principal autor da pesquisa.

De acordo com o especialista, já se sabia que um Machaeroidines de grande porte, chamado Apataelurus, viveu ao leste do estado norte-americano de Utah. “Agora temos esta forma menor, que viveu aproximadamente na mesma época. Isso levanta a possibilidade de que haja mais por aí para encontrar”, ele supõe.