• Redação Galileu
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Astecas (Foto: Wikimedia)

Pintura representa invasão espanhola do Império Asteca (Foto: Wikimedia)

Principal responsável pelas mudanças climáticas do século 21, a humanidade também teve responsabilidade por alterações na temperatura do planeta há alguns séculos. O motivo para isso, entretanto, foi ainda mais trágico: de acordo com uma pesquisa da instituição britânica University College London (UCL), a morte de dezenas de milhões de pessoas que viviam nas Américas após a chegada dos colonizadores europeus causou um grande desequilíbrio ambiental que impactou o ciclo de carbono e causou um resfriamento na Terra.

Para chegar a essa conclusão, os cientistas analisaram o período conhecido como "Pequena Idade do Gelo", que se estendeu entre os séculos 13 e 19 e causou diminuições na temperatura global. Entre os anos de 1577 e 1694, contudo, houve uma notória queda nos termômetros de todo o planeta: o período coincide com um dos momentos mais críticos da colonização das Américas, quando milhões de habitantes originários morreram por conta da violência e das doenças trazidas pelos europeus. Como as populações locais não tinham entrado contato com essas variedades de vírus e bactérias, o sistema imunológico não estava preparado para combater os novos agentes causadores de doenças.

De acordo com a nova pesquisa, o extermínio de milhões de pessoas causou mudanças drásticas na natureza: terras que eram dedicadas à agricultura ficaram abandonadas e deram lugar à vegetação natural, que absorve maior quantidade de gás carbônico (CO2) da atmosfera. Com uma concentração menor de CO2, as temperaturas de todo o planeta caíram drasticamente. 

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Para chegar à conclusão, os pesquisadores analisaram depósitos de carvão que datam daquela época para detectar a presença do CO2. Ao realizar um exame mais detalhado, constataram que houve uma diminuição no uso do fogo para manejar terras agricultáveis e, consequentemente, ocorreu um aumento geral na vegetação natural. Ao investigar núcleos de gelo na Antártida, os cientistas também notaram uma queda no carbono atmosférico no período.

A abordagem inovadora ainda será melhor analisada por outros pesquisadores. Mas os números que indicam o extermínio das populações nativas durante a colonização europeia são incontestáveis. O Império Asteca, por exemplo, considerado um dos mais avançados das Américas viu sua população diminuir em 15 milhões de pessoas — aproximadamente 80% do total — após o contato com a bactéria responsável pela salmonelose. 

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