• Redação Galileu
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Na lua Europa, as formações aparecem como cortes na superfície, com cristas chegando a quase 300 metros (Foto: Justice Blaine Wainwright/ Stanford News)

Na lua Europa, as formações aparecem como cortes na superfície, com cristas chegando a quase 300 metros (Foto: Justice Blaine Wainwright/ Stanford News)

A lua Europa, um dos satélites de Júpiter, é uma forte candidata à vida extraterrestre em nosso Sistema Solar, por ter um oceano profundo de água salgada. Acontece que, acima desse oceano, há uma crosta de gelo que pode ter dezenas de quilômetros de espessura, dificultando uma amostragem da água líquida. O que cientistas da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, estão tentando comprovar é que essa camada pode ser potencialmente habitável por si só.

Os pesquisadores notaram que as formações chamadas de “cristas duplas” na lua pareciam extremamente semelhantes a uma versão menor da mesma característica na superfície do manto de gelo da Groenlândia. Na Terra, a camada de gelo é abundante em bolsões de água líquida na superfície. A hipótese publicada na Nature Communications nesta terça-feira (19) é a de que o mesmo ocorra em Europa.

“[Isso pode ocorrer] Por estar mais perto da superfície, onde você obtém substâncias químicas interessantes do espaço e de outras luas. Existe a possibilidade de vida se houver bolsões de água na crosta”, afirma o geofísico Dustin Schroeder, da Universidade de Stanford, em comunicado. “Se o mecanismo que vemos na Groenlândia é o mesmo em funcionamento na lua Europa, isso sugere que há água em todos os lugares.”

Lua Europa é a principal candidata a abrigar vida extraterrestre (Foto: Divulgação/ NASA)

Lua Europa é a principal candidata a abrigar vida extraterrestre (Foto: Divulgação/ NASA)

A explicação de como as cristas duplas se formam é tão complexa que não poderia ter sido concebida sem um análogo na Terra. “O mecanismo que apresentamos neste artigo teria sido muito audacioso e complicado de propor sem ver isso acontecer na Groenlândia”, completa Schroeder.

Na lua Europa, as formações aparecem como cortes na superfície, com cristas chegando a quase 300 metros, separadas por vales com cerca de 800 metros de largura. Os cientistas sabem sobre essas características desde que a superfície da lua foi fotografada pela espaçonave Galileo na década de 1990, mas não conseguiram conceber uma explicação definitiva de como elas foram formadas.

Outra possível característica sustentada pela hipótese do estudo é que, em vez de se comportar como um bloco de gelo inerte, a concha de Europa parece passar por uma variedade de processos geológicos e hidrológicos. Uma crosta de gelo dinâmica suporta a habitabilidade, pois facilita a troca entre o oceano subterrâneo e os nutrientes dos corpos celestes vizinhos acumulados na superfície.

“As pessoas estudam essas cristas duplas há mais de 20 anos, mas esta é a primeira vez que conseguimos observar algo semelhante na Terra e ver a natureza fazer sua mágica”, disse o coautor do estudo Gregor Steinbrügge, cientista planetário da Nasa. “Estamos dando um passo muito maior na direção de entender quais processos realmente dominam a física e a dinâmica da camada de gelo da Europa."