• Redação Galileu
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Astrônomos estudam área de formação de estrelas na Via Láctea (Foto: Brunthaler et al., Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF)

Astrônomos investigam marcadores de formação de estrelas massivas na Via Láctea (Foto: Brunthaler et al., Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF)

Estrelas massivas (ou seja, que têm cerca de dez vezes a massa do Sol) são componentes importantes do Universo. Graças à própria energia, elas podem interferir na formação de novas estrelas e, assim, impactar a evolução de galáxias. Por isso, astrônomos sempre tiveram interesse em estudar esses corpos celestes, e, ao longo do tempo, essa tarefa se mostrou bastante desafiadora. Agora, parece que o cenário está mudando.

Cientistas que fazem parte de um projeto de pesquisa intitulado Visão Global de Formação Estelar na Via Láctea (Glostar, na sigla em inglês) publicaram, nesta quinta-feira (22), quatro novos artigos no periódico Astronomy & Astrophysics. Neles, os especialistas apresentam os resultados iniciais de trabalhos que trazem marcadores inéditos do processo de formação de estrelas massivas na nossa galáxia.

Os achados em alta qualidade foram obtidos com o auxílio de dois dos radiotelescópios mais potentes do mundo: o Very Large Array (VLA), da Fundação Nacional de Ciência dos Estados Unidos, e o Effelsberg, na Alemanha. Esse tipo de equipamento, segundo os pesquisadores, é essencial para permitir a visibilidade em regiões com muita poeira onde estrelas jovens se formam.

Astrônomos estudam área de formação de estrelas na Via Láctea (Foto: Brunthaler et al., Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF)

Imagem, que reúne dados do VLA e do Effelsberg, mostra um segmento da Via Láctea com marcadores da formação de estrelas massivas nunca vistos antes (Foto: Brunthaler et al., Sophia Dagnello, NRAO/AUI/NSF)

De acordo com as publicações, foram registrados indícios de estágios iniciais da formação de estrelas massivas. Os pesquisadores detectaram, por exemplo, regiões compactadas de gás hidrogênio ionizado pela radiação de estrelas jovens. Além disso, eles identificaram emissões de rádio vindas de moléculas de metanol capazes de localizar estrelas bem novas, ainda escondidas por causa das nuvens de poeira e gás onde elas nascem.

Os astrônomos encontraram também novos resquícios de explosões de supernovas, fenômenos que representam a morte de estrelas massivas. Enquanto estudos anteriores acharam somente 30% do número de vestígios de supernovas esperado para a Via Láctea, o GLOSTAR conseguiu dobrar essa quantidade utilizando apenas os dados do VLA, que indicam 80 novos possíveis resquícios.

Com as informações do Effelsberg, espera-se um aumento maior ainda. “Esse é um passo importante para resolvermos o mistério de longa data sobre os rastros perdidos de supernovas”, constata, em nota, Rohit Dokara, pesquisador do Instituto Max Planck para Radioastronomia, na Alemanha, e autor principal de um dos artigos.

“O GLOSTAR é o primeiro mapa do plano galáctico em ondas de rádio que detecta vários dos marcadores relevantes de formação estelar em uma alta resolução espacial”, afirma Dana Falser, do Observatório Nacional de Radioastronomia (NRAO), nos Estados Unidos. “A detecção de linhas espectrais atômicas e moleculares é fundamental para determinar a localização de formação de estrelas e para entendermos melhor a estrutura da galáxia”, finaliza.