• Redação Galileu
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Lobo-guará no Parque Nacional da Serra da Canastra (Foto: Ferrarezi Jr./Wikimedia Commons)

Lobo-guará no Parque Nacional da Serra da Canastra (Foto: Ferrarezi Jr./Wikimedia Commons)

Os canídeos são uma família de mamíferos que engloba cães, lobos, chacais, coiotes e raposas, e a América do Sul tem mais espécies desses animais do que qualquer outro lugar na Terra. Uma nova análise genômica liderada pela Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) mostrou que toda essa variedade de canídeos, na verdade, evoluiu de uma única espécie.

Uma única população ancestral de canídeos entrou no continente de 3,5 milhões a 3,9 milhões de anos atrás, e compreendia aproximadamente 11,6 mil indivíduos. “Descobrimos que todos os canídeos existentes vieram de uma única invasão que entrou na América do Sul a leste dos Andes”, disse Daniel Chávez, professor da UCLA, em comunicado.

Para chegar a esse resultado, a pesquisa, publicada na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, sequenciou 31 genomas abrangendo todas as 10 espécies existentes de canídeos na América do Sul. Os pesquisadores, então, traçaram as relações evolutivas entre as espécies estudando os locais, a quantidade e os tipos de mutações genéticas entre elas.

Das dez espécies de canídeos que vivem hoje na América do Sul, sete são raposas e três são mais inusitadas: o cão-de-orelha-curta, o cão-do-mato e o lobo-guará. Antes dessa descoberta, os cientistas tinham apenas uma teoria sobre como a América do Sul se tornou lar de tantos tipos de animais caninos.

Inicialmente, os pesquisadores acreditavam que, quando a faixa vulcânica conhecida como Istmo do Panamá se elevou acima do nível do mar há cerca de 3 milhões de anos, os animais tiveram livre trânsito entre a América do Norte e a do Sul. Essa seria uma janela curta para tantas espécies evoluírem de um único ancestral, então, assumiu-se que várias espécies de canídeos haviam entrado pelo istmo em momentos diferentes, dando origem a espécies existentes e extintas.

Já a nova pesquisa provou que essa única população ancestral provavelmente entrou no continente antes mesmo que o istmo estivesse completamente formado. Segundo o estudo, foi através de um corredor no Panamá, que, naquela época, era apenas uma estreita faixa de savana, geralmente não navegável por grandes populações.

Esses indivíduos logo se espalharam por toda a América do Sul, adaptando-se a diferentes ambientes e tornando-se geneticamente mais distintos. A análise genômica também mostrou que as 10 espécies de canídeos que existem hoje surgiram entre 1 milhão e 3 milhões de anos atrás.