Comportamento
 


"Hoje, elas estão com sete meses — fortes, saudáveis e lindas", declarou, orgulhoso, Jonathan Bastos de Paula (@jbastos22.1), de 32 anos, do Rio de Janeiro. Quem o vê com suas trigêmeas, não imagina sua história. A mãe das meninas, Angélica, morreu aos 33 anos apenas um dia após o parto das filhas. Infelizmente, ela partiu antes mesmo de ter as meninas nos braços.

No total, foram onze anos de relacionamento — "namoramos, noivamos, casamos e estávamos realizando o sonho de ter filhos", conta Jonathan. Em depoimento exclusivo e emocionante à CRESCER, ele relembrou detalhes da chegada das trigêmeas Maria Laura, Maria Clara e Maria Júlia. "No dia em que fui ao céu com a chegada das minhas filhas, conheci o inferno com a partida repentina da minha esposa e mãe das meninas. Por um momento, achei que também fosse perder uma das minhas filhas, Maria Clara", lembra.

Jonathan com suas trigêmeas — Foto: Arquivo pessoal
Jonathan com suas trigêmeas — Foto: Arquivo pessoal

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"Estávamos juntos há onze anos. Nesse tempo, namoramos, noivamos, casamos e tínhamos muitos planos. Nosso casamento aconteceu em janeiro de 2023, apesar de já morarmos juntos. Em paralelo, começamos a tentar engravidar. No mesmo mês, ela teve um atraso menstrual de quase um mês, e foi a primeira vez que achamos que ela estava grávida. Mas, segundo ela, foi por conta da ansiedade e tensão do casamento.

Mas não demorou até o teste positivo. Em março, descobrimos que Angélica estava grávida. Lembro que, em um sábado, eu comprei um teste de farmácia e pedi para ela fazer, já que estava com alguns sintomas. Mas ela fez o teste e não me disse. Na segunda-feira, preparou uma surpresa — montou uma caixinha com uma carta, o teste de farmácia e uma roupinha de bebê. Tenho tudo até hoje. Foi aquela festa! Era um sonho nosso ter filhos.

Jonathan e Angélica casaram em janeiro de 2023 — Foto: Arquivo pessoal
Jonathan e Angélica casaram em janeiro de 2023 — Foto: Arquivo pessoal

Surpresa tripla

Alguns dias depois, foi a primeira consulta. Angélica foi sozinha fazer a transvaginal. No exame, ela descobriu que seriam dois bebês. Quando chegou em casa, ela escreveu uma mensagem no espelho e deixou um papel em cima da cama com duas chupetas. Quando eu olhei, não entendi nada — dizia tamanho do feto 1, tamanho do feto 2... Eu pensei: 'Caracas, dois tamanhos diferentes.' Depois, me dei conta e perguntei: 'São gêmeos?' Minhas pernas bambearam. Foi quando olhei a mensagem no espelho, que dizia: 'Papai, não somos mais três, agora somos quatro' e, mais uma vez, foi aquela euforia e felicidade!

Só quem sabia da gestação, até então, eramos nós dois. Esperamos até a décima segunda semana para contar para familiares e amigos, e todos ficaram muito felizes com a gravidez de gêmeos. Até que chegou o dia da translucência nucal. A primeira pergunta do médico foi: 'Vocês sabem quantos bebês são?', e nós dissemos que, sim, eram dois. Ele deu parabéns e, depois de um tempo examinando, perguntou mais uma vez: 'Vocês sabem quantos bebês são?'. Nisso, já comecei a ficar preocupado. Eu falei de novo: 'Sim, são dois'. Mas o médico balançou a cabeça negativamente. Ainda me emociono ao lembrar, pois, na época, comecei a pensar o pior. Lembrei que, na primeira consulta, fomos alertados sobre os riscos de um dos bebês não se desenvolver na gestação gemelar.

Então, ele disse: 'Não são dois, não. São três'. Nessa hora, a moça que estava ao meu lado fazendo as anotações do médico, deu um tapa na mesa, acho que ela ficou mais espantada do que a gente. E eu me assustei com o barulho que ela fez. Eu comecei a tremer — juntou a notícia, o susto... Demorei para processar a informação e entender o que estava acontecendo.

A espera das trigêmeas

A gestação evoluiu bem e começamos a organizar o quartinho e a casa para receber as meninas. Desde o início, todos os médicos alertavam que se tratava de uma gravidez de alto risco. Minha esposa tinha sobrepeso, mas nunca teve problemas com glicose ou diabetes. Mas, durante a gestação, ela começou a ter problemas com a pressão, que passou a oscilar muito. Fizemos o pré-natal em um hospital especializado e, nas últimas semanas, ela começou a reclamar muito de dor, cansaço e já não conseguia mais dormir.

No dia 28 de outubro de 2023, com 31 semanas, acordei de madrugada e ela não estava na cama. Fui até a sala e Angélica estava no sofá chorando muito. Ela disse que não estava mais aguentando, mas queria que as meninas nascessem bem. Eu disse, então, que iria chamar uma ambulância, mas ela não quis. Quando amanheceu, insisti para que a gente fosse. Lá, depois de ser examinada, resolveram interná-la.

O parto

Quando a noite chegou, tive que ir embora e só podia vê-la nos horários de visita. No dia seguinte, subiu primeiro a irmã e a madrinha dela — a mãe de Angélica já é falecida. Depois, subimos minha mãe e eu. Lembro que ela estava muito bem assistida, com vários monitores e tomando medicações. A primeira pergunta que fiz foi sobre o parto. Ela sorriu e disse: 'Será amanhã', uma segunda-feira. Naquele momento, minha ficha começou a cair. Enfim, a gente iria realizar nosso sonho. Fiquei uma hora com ela e, quando terminou o tempo de visita, fui embora arrumar o quarto das meninas.

Naquela noite, não consegui dormir, as horas não passavam. O parto foi marcado para as 12h. Quando cheguei, troquei de roupa e fiquei conversando com o médico; ele reforçou que seria um parto delicado. Entrei no bloco cirúrgico e vivi o momento mais feliz da minha vida, que foi o nascimento das minhas filhas. Vi as três nascerem, vi as três saindo, e dei o nome para cada uma delas, conforme foram nascendo. Angélica só pode ver as filhas, mas não pode tocar nelas.

As três foram levadas para a UTI assim que nasceram — Foto: Arquivo pessoal
As três foram levadas para a UTI assim que nasceram — Foto: Arquivo pessoal

As três foram colocadas na encubadora e eu teria que acompanhá-las até a UTI neonatal. Nesse momento, Angélica me chamou, eu abaixei para escutar, e ela me perguntou três vezes: 'Você está feliz?'. Eu respondi que sim, que era a realização de um sonho. Ela olhou pra cima, deu um sorriso e disse: 'Ah, então também estou feliz. Vai lá ver onde nossas filhas vão ficar'. E eu fui. Elas nasceram no primeiro andar e a UTI fica no terceiro. Desde os ultrassons, os médicos sempre tiveram muita dificuldade para ver Maria Clara. E, quando ela nasceu, o médico explicou que ela estava com um nó no cordão e, por isso, recebeu menos nutrientes que as outras.

Quando cheguei na UTI, o médico avisou que, muito provavelmente, ela não sobreviveria. Fiquei abalado, mas entreguei nas mãos de Deus e voltei para ficar com Angélica. Quando cheguei, já não liberaram mais minha passagem — achei aquilo estranho. Disseram que estavam fazendo uma sutura, pediram para aguardar, mas estava demorando. Até que passou o médico que fez o parto. Ele já estava sem a roupa cirúrgica, mas trocou de roupa novamente e passou correndo. Nesse momento, eu pedi por favor para ele dizer o que estava acontecendo. E ele falou: 'Sua esposa teve uma complicação pós-parto e a gente está tentando reverter, mas o sangramento está grande'.

A despedida

Depois de algum tempo, ele voltou e disse que as notícias não eram boas. Ele explicou tecnicamente o que aconteceu, mas fiquei desesperado e parei de racioncinar. Ela foi entubada e transferida para outro setor. Fizeram exames que, no dia seguinte, mostraram que ela teve síndrome de Hellp. Angélica recebeu doze bolsas de sangue, e estava irreconhecível. Eles disseram que continuariam tentando, mas a situação não era boa, e abriram visitação para a família. Implorei para que tentassem de tudo; pedi para deixarem ela lutar pela vida, pois ela tinha acabado de realizar o sonho de ser mãe.

Todo mundo foi visitá-la — rezaram e passaram energias positivas. E, no dia seguinte, eu fui a primeira pessoa a subir. Cheguei no quarto e falei pra ela: 'Meu amor', foi quando o coração dela parou. Tentaram reanimá-la, mas não deu certo. As crianças nasceram com 31 semanas e 4 dias no dia 30 de outubro, e Angélica faleceu no dia primeiro de novembro, aos 33 anos. Meu mundo acabou ali. Eu conheci ela com 19 anos. Ela foi, literalmente, minha primeira namorada, meu primeiro amor. Namoramos, noivamos, casamos... estávamos iniciando nossa história.

Pai solo de trigêmeas

Mas, ali, estava começando também a minha história como pai. Eu sai de lá com uma vontade enorme de ver minhas filhas, e foi o que fiz. E, quando cheguei na UTI neonatal, o médico reforçou que provavelmente também seria o último dia de Maria Clara. Eu só pedia a Deus para poupar a vida da minha filha e, felizmente, Papai do Céu ouviu. Ela foi melhorando, evoluindo, ficando forte. As três levaram exatamente um mês até receber alta.

Maria Clara, Maria Julia e Maria Laura — Foto: Arquivo pessoal
Maria Clara, Maria Julia e Maria Laura — Foto: Arquivo pessoal

Apesar de ter minha casa, as meninas e eu acabamos indo para a casa da minha mãe. Ela pediu demissão do trabalho para me ajudar com as bebês. Eu fiquei de licença-paternidade durante cinco meses, e voltei a trabalhar. Muitas pessoas do trabalho — colegas, clientes e amigos — ajudaram com doações e fazendo vaquinha. E até hoje, continuam ajudando. E a minha rede de apoio, em relação aos cuidados com as meninas, são minha mãe e minha irmã. Ontem, foi o primeiro dia delas na creche. Elas estão com sete meses — fortes, saudáveis e lindas. Tem muito de Angélica nas meninas — uma é muito parecida fisicamente com ela, outra tem o seu temperamento e a terceira é mais parecida comigo.

Mas meu desafio é diário. Tento ser o melhor pai para elas a cada dia. Trabalho longe de casa — levo uma hora e meia, às vezes, até duas para voltar para casa, e a carga de trabalho é grande — são dez horas por dia. Muitas vezes, também acabo fazendo extras, como músico, para complementar. Quero dar para elas tudo o que eu não tive.

Recomeço

Muitas pessoas me questionam sobre ter um novo relacionamento. Conheci uma pessoa que tem sido especial demais, que tem feito bem pra mim e que gosta das minhas filhas. Muitas pessoas me criticam por isso, mesmo sem entender tudo o que passei e vivi. Eu achei que fosse a única pessoa no mundo a passar por isso. Mas conhecendo outros pais solo, vi que não sou o único e isso tem ajudado muito. Quando Angélica partiu, deixou um buraco. Essa pessoa me conheceu no pior momento e trouxe luz e paz pra minha vida, e me mostrou que não estou sozinho."

As trigêmeas completaram sete meses — Foto: Arquivo pessoal
As trigêmeas completaram sete meses — Foto: Arquivo pessoal

Síndrome de Hellp

A síndrome de HELLP é uma complicação gravíssima da pré-eclâmpsia, que é a pressão aumentada na gestação, o problema é raro. Desenvolvida por 10% das mulheres que sofrem com a elevação da pressão arterial durante a gravidez, a síndrome diminui as funções hepáticas e o número de plaquetas no sangue, além da hemólise, que é a quebra de hemácias dentro dos vasos sanguíneos, o que aumenta muito o risco de hemorragia.

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