A pizza é uma das comidas favoritas do Brasil, que pode ser experimentada em mais de 112 mil estabelecimentos espalhados pelo país, segundo estimativa da Associação Pizzarias Unidas do Brasil (Apubra). Apesar da variedade de escolha, a experiência de fazer o alimento em casa pode ser divertida e deliciosa. “Fazer pizza é como uma terapia e um processo para mim”, opina Matheus Ramos, responsável pela massa da QT Pizza Bar, em São Paulo.
Apesar disso, as etapas exigem calma. Por isso, para o chef da A Pizza da Mooca (SP), Fellipe Zanuto, é importante estar disposto a tomar os cuidados necessários e aceitar que talvez a massa não fique perfeita de primeira para que o processo valha a pena e seja proveitoso.
Essa foi a primeira variedade desenvolvida da maneira como conhecemos hoje – a clássica da culinária de Nápoles tem massa fina, bordas altas e crocantes e recheio mais leve, e tem ganhado espaço no Brasil. Confira!
Escolha dos ingredientes
A sugestão dos chefs é que sejam escolhidos produtos de qualidade, que façam sentido com o tipo de massa. Para a napolitana, a indicação é que seja usada uma farinha 00 italiana, mais fina e resulta em uma massa mais leve. Além disso, use o fermento fresco – nada de tentar usar o mesmo que utiliza em bolo!
No recheio, a qualidade deve se manter. “Quando falamos de ingredientes da cobertura da pizza, aconselho sempre a buscar produtos italianos ou de produtores artesanais locais”, complementa André Guidon, chef da Leggera Pizzaria, também em São Paulo.
Misturando os ingredientes
Na hora de misturar os ingredientes, a sugestão de Fellipe é usar uma batedeira com gancho. Enquanto isso, Matheus acredita que, para quantidades menores, usar mão é o suficiente.
Atenção a fermentação
Uma boa fermentação é um dos pontos mais importantes na pizza napolitana. “A fermentação é uma etapa primordial para se obter uma pizza com características sensoriais agradáveis. Neste período acontecem processos bioquímicos que, após a massa ser assada, serão ressaltadas pelo cozimento, por meio da mastigação fácil, crocância, aroma e friabilidade”, explica André.
Fazer a massa de uma pizza que será consumida no mesmo dia não é o ideal. “Não dá para fazer uma boa pizza em pouco tempo. São necessárias, no mínimo, 24 horas para a massa descansar”, pontua Fellipe.
O recomendado é descansar 1 hora em temperatura ambiente e cerca de 23 horas na geladeira. Lembre-se de tampar o recipiente onde a massa ficará para não ressecar. Fellipe ainda ressalta ser possível armazenar a massa da pizza na geladeira por até 72 horas – depois disso, ela pode começar a escurecer.
Cuidado para não matar a borda
Depois que o período de descanso foi respeitado, chegou a hora de abrir a pizza. Neste estilo da redonda, nada de usar rolo para massa – ela deve ser aberta com a mão: “De dentro para fora para que o ar fique na borda”, explica Matheus. Evite apertar as beiradas, a fim delas crescerem e ficarem aeradas e crocantes.
“É interessante abrir a massa com a farinha sêmola, pois garante uma coloração mais dourada e solta mais fácil”, complementa Fellipe.
Adapte a receita ao seu tipo de forno
A pizza napolitana tradicional é feita em fornos que alcançam temperaturas de 350 °C ou mais, porém, um forno convencional dificilmente chega a esse nível. Ainda, a pizza é assada em pedra de lastro.
Para quem tiver um forno a lenha em casa, não exite em usá-lo. Caso contrário, os chefs sugerem algumas adaptações, como pré-assar e reduzir a hidratação da massa.
O processo de pré-assar fará com que a massa não fique crua e evita que os recheios queimem. Diminuir a quantidade de hidratação, que, em geral, varia de 60% a 70% em relação à farinha, também torna o processo de assar a massa mais rápido e eficaz em forno convencional.
Além disso, é importante conhecer o comportamento do forno. “É essencial brincar: testar o forno e entender o tempo do assamento”, diz Fellipe. “Nem sempre é só temperatura, precisamos estar atentos ao equilíbrio de calor do equipamento”, complementa André.
Ainda, o chef da Pizza da Mooca complementa ser possível saber se a pizza está boa pelo olho – com o recheio derretido e a borda levemente queimada. “Quando colocar para assar, lembre de prestar atenção ao forno”, complementa.
Use a criatividade no recheio
Fellipe conta que, tradicionalmente, a pizza napolitana é conhecida por seu equilíbrio, por isso, não costuma ter um recheio muito pesado. Apesar da tradição, Matheus acredita que não há problema em inovar – sendo possível escolher os sabores que mais gosta, até mesmo os mais exagerados.
Receita de massa de pizza napoletana
Aprenda a receita adaptada para o forno de casa com rendimento de quatro porções, sugerida por Matheus, da QT Pizza Bar:
Ingredientes
Pré-fermento (Poolish)*
- 115 g de farinha italiana 00;
- 115 g de água;
- 3,5 g de fermento fresco.
Massa principal
- 526 g de farinha italiana 00;
- 269 g de água;
- poolish*;
- 19 g de sal.
Modo de preparo
Pré-fermento (Poolish)
- Em um pote pequeno, coloque toda água e dilua o fermento nela.
- Após estar completamente diluído, coloque a farinha e misture até que fique uniforme.
- Deixe descansar por 1 hora. Após esse tempo, a receita terá dobrado de tamanho e será usada na massa principal.
Massa principal
- Adicione toda a farinha em um bowl. Acrescente a água aos poucos e mexa sem sovar (para que não se quebre a camada de glúten).
- Após ficar uniforme, adicione o poolish e continue mexendo.
- Depois dos ingredientes serem integrados e absorvidos, coloque o sal.
- Deixe descansar por 1h em temperatura ambiente.
- Separe em quatro bolinhas de 250 g. Descanse na geladeira por 24h.
- Depois, é só abrir, escolher a cobertura que quiser e colocar no forno a 280 °C.