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Urtiga-do-mar

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A Urtiga-do-mar (Chrysaora quinquecirrha), conhecida como urtiga-do-mar-do-Atlântico ou urtiga-do-mar-da-Costa-Leste,[1] é uma espécie de Medusa, encontrada no oceano Atlântico e no oceano Índico, como também pode ser encontrada no oceano Pacífico Ocidental. Ao longo da Costa Leste dos Estados Unidos, esta espécie é abundante no sul da Nova Inglaterra até ao sul do Brasil.[2]


Como ler uma infocaixa de taxonomiaUrtiga-do-mar

Estado de conservação
Espécie não avaliada
Espécie não avaliada
Não avaliada
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Cnidaria
Classe: Scyphozoa
Ordem: Semaeostomeae
Família: pelagiidae
Género: Chrysaora
Espécie: C. quinquecirrha
Nome binomial
Chrysaora quinquecirrha

As Medusas existem desde 500 à 700 milhões de anos, de acordo com os cientistas. Já existem muito antes do aparecimento dos dinossauros. Historicamente, esta espécie já foi confundida com outras medusas, mas atualmente é reconhecida como uma espécie única- Chrysaora quinquecirrha.[3]

Características e anatomia

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Urtiga-do-mar (chrysaora quinquecirrha)

É um animal gelatinoso, por seu corpo ser 90% constituído por água. A sua umbela tem forma de campânula. Mede em média 50 centímetros de comprimento, e tem uma envergadura média de 25 centímetros.[4]

O seu corpo é composto por uma epiderme externa, uma camada de gastroderme interna e tentáculos com as extremidades pregueadas, que podem atingir 50 centímetros. O corpo em forma de domo tem aproximadamente 25 centímetros de largura e tem 8 lóbulos recortados em forma de pétalas de flores, dos quais os tentáculos se estendem.[5]

Cada octante carrega cerca de 7 a 10 tentáculos revestidos por nematocistos, que são organelas urticantes especializadas.[6]

Tem 4 braços orais longos e em forma de fita que se estendem no meio da umbela.[7]

São transparentes, mas nota-se que têm coloração branca opaca, com listras ou pontos vermelhos visíveis através da cabeça e dos tentáculos.[8]

Dieta

Zooplâncton

As contrações ritmadas da umbela e o movimento dos tentáculos permite-lhe capturar o alimento.[9] Usa os seus braços orais para trazerem o alimento até à boca, que é a única abertura que leva ao sistema digestivo. A sua boca é revestida por milhares de poros bucais.

A sua dieta é carnívora e composta por Zooplâncton, Ctenóforos, outras Medusas como a águas-vivas-de-pente, pequenos crustáceos, ovos ou larvas de peixes e mosquitos, ovos de anchova e peixes jovens.[10]

Devido ao seu método de caça eficaz, a chrysaora quinquecirrha raramente passa fome.[11]

Predadores

As tartarugas-marinhas, mais especificamente a Tartaruga-de-couro, o Peixe-lua, o Caranguejo-aranha e outros peixes são os seus predadores.[12]

Função

São importantes para o ecossistema marinho, pois são alimento de vários animais e controlam populações de medusas, peixes e crustáceos.[13]

Ao se alimentarem de Ctenóforos, a população das larvas planctônicas florescem. Esse plâncton é alimentado por crustáceos e peixes. Populações maiores de plâncton formam populações maiores de peixes e crustáceos.[14]

Uma urtiga-do-mar abrigando peixes jovens

Também servem de abrigo para alguns jovens peixes.[15]

Hábitos

A urtiga-do-mar navega pelo mar, movendo-se verticalmente e nadando quase constantemente. As distribuições de colunas verticais e os padrões de natação mudam em correlação direta com a densidade de presas. A urtiga-do-mar consegue determinar a presença de luz ou não, e consegue determinar a sua determinação e alinhamento na água. Tendem a nadar contra a corrente. Os seus padrões de natação não são aleatórios e são altamente direcionados. Podem concentrar-se em grandes números, o que torna-lhes coincidentemente coloniais.[16]

Reprodução

A época de reprodução ocorre nos meses de verão. A urtiga-do-mar reproduz-se sexuadamente, tanto quanto reproduz-se assexuadamente. O seu sistema de acasalamento é poligândrico. No estágio juvenil, a urtiga-do-mar é um pólipo. Os pólipos reproduzem-se assexuadamente por "clonagem" ou divisão de pólipos. No estágio adulto, a urtiga-do-mar já está completamente desenvolvida. Os pólipos são sesséis (não se movem) ou flutuam pelo mar. Podem ser solitários tanto quanto podem viver em colónias. A estrobilação do pólipo pode levar ao aparecimento de éfiras, que são pequenas geleias imaturas.[17]

Das éfiras às medusas, ocorrem 6 estágios, categorizados pela mudança da estrutura morfológica. 2 estágios são para o crescimento da éfira e 2 dos outros são para o desenvolvimento das medusas. Os restantes foram reproduzidos em laboratório, mas tiveram sucesso nos resultados. O primeiro estágio consiste na éfira recém-liberada, que tem de 2 a 3,5 centímetros de largura de ponta a ponta. O segundo estágio consiste na presença de tentáculos primários e dos braços orais da éfira. No terceiro estágio, os lappets tendem-se a dobrar sob a medusa. No quarto estágio do desenvolvimento, os tentáculos secundários aparecem entre os tentáculos primários. O quinto estágio consiste na aparição de 16 tentáculos terciários na medusa, que ao todo são 40 tentáculos e 48 lappets. No sexto e último estágio, a medusa já está desenvolvida. Os dois últimos estágios foram reproduzidos com sucesso em laboratório, como referido antes, mas outros resultados científicos indicam que os tentáculos das medusas variam e não são um caráter taxonómico confiável neste grupo de Scyphozoa (Calder, 1972).[18]

Longevidade

A sua longevidade é desconhecida.[19]

Comunicação e percepção

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Pouca informação é conhecida sobre a comunicação da chrysaora quinquecirrha, embora pareça ser uma espécie colonial.[20]

Os cifozoários liberam e reagem a produtos químicos. Devido ao material limitado sobre os sistemas nervosos dos cnidários, como esses produtos químicos são interpretados, permanecem obscuro.[21]

Comunicam-se por feromônios e os seus canais de percepção são táteis, químicos e luz polarizada.[22]

Distribuição e habitat

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Distribui-se pelos oceanos Pacífico, Índico e Atlântico.

Habita as zonas costeiras do oceano Atlântico e Índico e, no oeste do Pacífico, ao longo dos Estados Unidos desde Nova Inglaterra até ao Brasil.[23]

Nas águas da Virgínia, essas águas-vivas aparecem pela primeira vez em maio e geralmente desaparecem em setembro, mesmo por vezes permanecendo até novembro.[24]

Habitat

O seu habitat são águas temperadas e estuários do Atlântico que são de baixa salinidade. Na Baía de Chesapeake, de julho a agosto, as urtigas-do-mar são mais comumente encontradas em águas meso e polihalinas de riachos e rios abundantes.[25]

Estado de conservação

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Ainda não foi avaliado pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), mas acredita-se que a sua população não sofre grandes impactos.

  1. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  2. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  3. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  4. «Urtiga-do-mar». www.oceanario.pt. Consultado em 5 de setembro de 2024 
  5. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  6. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  7. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  8. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  9. «Urtiga-do-mar». www.oceanario.pt. Consultado em 5 de setembro de 2024 
  10. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  11. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  12. «Chrysaora quinquecirrha, Sea nettle». www.sealifebase.se. Consultado em 9 de setembro de 2024 
  13. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  14. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  15. «Chrysaora quinquecirrha, Sea nettle». www.sealifebase.se. Consultado em 9 de setembro de 2024 
  16. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  17. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  18. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  19. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 5 de setembro de 2024 
  20. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  21. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  22. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  23. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  24. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024 
  25. Lanier, Nate; Weber, Alexi. «Chrysaora quinquecirrha (Sea nettle)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 9 de setembro de 2024