Tibouchina granulosa
Quaresmeira | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Tibouchina granulosa (Desr.) Cogn. | |||||||||||||||
Sinónimos | |||||||||||||||
Melastoma granulosa Desr. Pleroma granulosa Pleroma granulosa Don Lasiandra fontanesiana DC. Melastoma fontanesii Spreng |
A quaresmeira (Tibouchina granulosa / Pleroma granulosum) é uma árvore de médio porte nativa do Brasil. Trata-se de uma espécie pioneira presente na Mata Atlântica, principalmente na floresta ombrófila densa da encosta atlântica.[1] Devido à presença de um sistema radicular pivotante, consiste em uma planta bastante apta à prática de arborização urbana, não causando danos em calçadas e pavimentos.
Sua floração é abundante, marcante e duradoura, tendo predomínio entre os meses de janeiro e abril, normalmente coincidindo com o período da quaresma cristã. Alguns espécimes apresentam uma segunda florada, de menor intensidade, entre junho e agosto.[1]
Embora a maioria das árvores apresentem florações compostas por pétalas com intensas tonalidades arroxeadas, existe também uma variedade denominada Kathleen, a qual produz flores rosadas.[2]
Ocorrência
[editar | editar código-fonte]Sua ocorrência se dá especialmente na Mata Atlântica da Bahia e do sudeste do Brasil, principalmente em matas secundárias.[3]
Ocorre também em matas galerias do cerrado brasileiro, em áreas de florestas estacionais decíduas em São Paulo, Minas Gerais e Goiás.[4]
Pontualmente também registram-se espécimes em matas da região sul do Brasil, sobretudo nas localidades de menores altitudes, as quais apresentam invernos mais brandos quando comparadas às áreas mais elevadas das serras.[5]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A quaresmeira foi assim denominada por normalmente florescer no período que precede a época da Quaresma e, principalmente, em decorrência da característica da maioria das árvores desta espécie de apresentar tonalidades roxas em suas flores, as quais remetem à Paixão de Cristo e às vestimentas adotadas pela Igreja Católica durante esse período do ano.[6]
Características
[editar | editar código-fonte]Os frutos são duros e secos em forma de taça, marrons, deiscentes, com aproximadamente 1 cm de diâmetro e sementes minúsculas,[7] ocorrendo de abril a maio e de outubro a novembro.[1] Por ser originária da mata atlântica, esta espécie aprecia o clima tropical e subtropical, tolerando bem o frio, desde que ocorra de forma moderada.[1]
Como seus frutos apresentam grande número de minúsculas sementes, estas são facilmente dispersadas pelo vento a grandes distâncias da árvore de origem.[8]
Trata-se de uma árvore de porte geralmente mediano, podendo atingir de 8 a 12 metros de altura.[9] Seu tronco pode ser simples ou múltiplo, com diâmetro variando entre 30 e 40 cm. A quaresmeira tem um período de vida de até 70 anos.[10]
As folhas desta planta são simples, elípticas, pubescentes, coriáceas, com nervuras longitudinais paralinérvias bastante aparentes, apresentando margens inteiras. Essas folhas têm coloração verde-escura, apresentam leve brilho quando saudáveis, apresentando textura pilosa. As folhas apresentam, em geral, de cinco a sete nervuras bem demarcadas, as quais ficam significativamente destacadas quando comparadas ao verde-escuro do fundo.[11]
A floração ocorre duas vezes por ano, de janeiro a abril e de agosto a outubro, havendo variações no período exato de ocorrência conforme o clima. Durante a fase de floração sobressaem-se abundantes flores pentâmeras, simples, com até 5 cm de diâmetro, de estames longos e corola arroxeada, embora na variedade Kathleen estas se apresentem róseas, em razão de uma mutação.[12]
Mesmo quando não está em flor, a quaresmeira é ornamental.[13] Sua copa é densa com cor verde-escura e formato arredondado, lhe dando um aspecto desejável à prática do paisagismo urbano.[14] Sua folhagem pode ser perene ou semidecidual, dependendo da variação natural da espécie e do regime climático predominante no local onde a planta se encontra.
Por suas qualidades, ela é uma das principais árvores utilizadas na arborização urbana no Brasil, podendo ornamentar calçadas, avenidas, praças, parques e jardins em geral. Seu único inconveniente é a relativa fragilidade dos ramos, que podem se quebrar com ventos fortes, provocando acidentes.[9] Com podas de formação e controle, pode-se estimular seu adensamento e mantê-la com porte arbustivo.[13]
Deve ser cultivada sob sol pleno, em solo fértil, profundo, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente no primeiro ano após o plantio ou transplante. Apesar de preferir esses cuidados, a quaresmeira é uma árvore pioneira, rústica e simples de cultivar, vegetando mesmo em solos pobres, embora reaja com grande vigor ao fornecimento de nutrientes orgânicos. Dessa forma, é uma planta bastante recomendada para o repovoamento de áreas devastadas.[15]
Multiplica-se por sementes, as quais apresentam baixa taxa de germinação, ou por estaquia de ramos semilenhosos.[1]
Sua madeira, apesar de ser de qualidade inferior, é indicada para a construção de vigas, caibros, obra internas, postes, esteios e moirões para lugares secos. Por ser bastante leve, a madeira da quaresmeira também costuma ser utilizada na confecção de brinquedos e caixotes.[16]
Papel ecológico
[editar | editar código-fonte]Por tratar-se de uma planta pioneira de áreas da mata atlântica, a quaresmeira apresenta papel fundamental para a recuperação de áreas desmatadas, sendo bastante útil no reflorestamento de florestas degradadas. Devido ao seu rápido crescimento, essas árvores podem fornecer o sombreamento necessário para o desenvolvimento de outras espécies nativas, atuando como base na recuperação da flora e posteriormente servindo como suporte à recolonização da fauna local.[11]
Dessa forma, esta espécie de árvore é frequentemente utilizada em ações de reflorestamento, sendo combinada a outras árvores nativas para compor a vegetação que dará início à recuperação de matas ciliares e de matas degradadas brasileiras, nos setores originalmente cobertos pela mata atlântica ou pelo cerrado.[17] Devido ao seu caráter pioneiro e à capacidade de desenvolver-se em solos desestruturados e com poucos nutrientes, a Tibouchina granulosa é uma das espécies responsáveis por subsidiar o crescimento de outras plantas, contendo a erosão possibilitando a posterior brotação de sementes de outras espécies.[18]
Suas flores são atrativas para diversos tipos de abelhas e vespas nativas da mata atlântica e do cerrado, tais como as abelhas droryana, jataí, jataí-da-terra e mirim-preguiça, além da vespa mamangava[19] e outros insetos voadores. Borboletas de diversas espécies também apreciam o néctar contido em suas flores.[9]
Galeria
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Detalhe de flores de quaresmeira rosa, botanicamente denominada de Kathleen
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Flores de quaresmeira roxa
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Flores de quaresmeira roxa no Leblon, Rio de Janeiro
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Floração da quaresmeira roxa no seu ápice
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Detalhe de flores e pequenos frutos em uma quaresmeira roxa
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Tibouchina mutabilis - espécie semelhante, mas com folhas de tonalidades mais claras, não pilosas e com flores de cores variadas.
Referências
- ↑ a b c d e Lorenzi, Harri (2002). Árvores brasileiras: manual de identificação e cultivo de plantas arbóreas do Brasil, vol. 1. 4a. edição ed. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum
- ↑ «Quaresmeira - Tibouchina granulosa». Flores e Folhagens. 15 de abril de 2015. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ «Quaresmeira - Tibouchina granulosa». WikiAves.com. Consultado em 14 de junho de 2012
- ↑ «Quaresmeira, a árvore que entrega a real natureza de São Paulo | O jardineiro casual». VEJA. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ «QUARESMEIRA - Casa e Cia.Arq - Paisagismo - Portal do Conhecimento». www.casaecia.arq.br. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ «Almanaque do Campo». www.almanaquedocampo.com.br. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ «Quaresmeira Pleroma granulosa». www.arvores.brasil.nom.br. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ de Siqueira, Josafá Carlos (2017). «DISPERSÃO DE ESPÉCIES NATIVAS NA ARBORIZAÇÃO URBANA» (PDF). São Leopoldo, RS: Instituto Anchietano de Pesquisas. PESQUISAS, BOTÂNICA. ISSN 2525-7412
- ↑ a b c «A quaresmeira». Jardinagem e Paisagismo. 22 de setembro de 2020. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ «Tudo sobre【QUARESMEIRA】» Características e como plantar!». Doce Obra. 30 de junho de 2020. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ a b admin (18 de novembro de 2015). «Quaresmeira». Portal São Francisco. Consultado em 29 de novembro de 2021
- ↑ «Quaresmeira rosa». Consultado em 12 de janeiro de 2021
- ↑ a b «Quaresmeira - Tibouchina granulosa». Jardineiro.net. Consultado em 14 de dezembro de 2020
- ↑ Vilaça, Juliana (2005). Plantas Tropicais: Guia Prático para o novo paisagismo brasileiro. São Paulo: Nobel. ISBN 85-213-1305-5
- ↑ Petrópolis. «Quaresmeira e o Manacá». Prefeitura de Petrópolis
- ↑ «Quaresmeira-roxa». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 20 de janeiro de 2021
- ↑ «Quaresmeira - Instituto Brasileiro de Florestas». IBF. 15 de julho de 2010. Consultado em 18 de janeiro de 2021
- ↑ «REFLORESTAMENTO». www.arvores.brasil.nom.br. Consultado em 7 de dezembro de 2021
- ↑ «Plantas Melíferas». Sem Abelha Sem Alimento. Consultado em 18 de janeiro de 2021