Lourenço Garro
Lourenço Garro | |
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Bispo da Igreja Católica | |
Bispo de Santiago de Cabo Verde | |
Atividade eclesiástica | |
Ordem | Ordem de Cristo |
Diocese | Diocese de Santiago de Cabo Verde |
Nomeação | 18 de agosto de 1625 |
Predecessor | D. Manuel Afonso de Guerra |
Sucessor | D. Frei Fabião dos Reis, O.C.D. |
Mandato | 1625-1646 |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 1605 |
Nomeação episcopal | 18 de agosto de 1625 |
Ordenação episcopal | fevereiro de 1626 |
Brasão episcopal | |
Dados pessoais | |
Nascimento | Tomar 1560 |
Morte | Ribeira Grande 1 de novembro de 1646 (86 anos) |
Nacionalidade | português |
Funções exercidas | -Governador de Cabo Verde (1645-1646) |
dados em catholic-hierarchy.org Bispos Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo |
Lourenço Garro (Tomar, cerca de 1560 - Ribeira Grande, 1 de novembro de 1646) foi um frei da Ordem de Cristo e prelado português da Igreja Católica, que serviu como bispo de Santiago de Cabo Verde e governador de Cabo Verde.
Biografia
[editar | editar código-fonte]Nascido em Tomar[1] por volta de 1560,[2][nota 1] sabe-se que se tornou membro da Ordem de Cristo, provavelmente por volta de 1605.[3][nota 2]
Foi ainda prior da Ordem e seu visitador.[4][5][6] Era teólogo, foi também lente de prima na Universidade de Coimbra e escreveu a obra Isagoge moral em as matérias dos Sacramentos, editada pela primeira vez em 1620 e objeto de mais oito edições.[6]
D. Frei Lourenço teve o seu nome apresentado ao Conselho de Estado para ser bispo de Santiago de Cabo Verde em 22 de novembro de 1624[7] e seu processo canônico iniciou em 14 de janeiro de 1625.[8] Assim, em 25 de abril deste mesmo ano, D. Filipe III apresenta o seu nome ao Papa Urbano VIII,[4] que, em Consistório secreto de 14 de agosto, confirma o seu nome.[9] Partiu para a Sé não antes de setembro de 1626,[10] tendo sido consagrado em fevereiro deste ano.[11][nota 3]
Caraterizou-se por uma vida modesta, beneficiando da estima dos seus diocesanos, colaborando com o Santo Ofício no combate a desvios doutrinais e à práticas tidas como escandalosas.[6] Contudo, passou por dificuldades financeiras, chegando a vender a prataria da Diocese e a viver de esmolas, pois não compactuava nem participava do comércio de escravos na ilha.[2] Durante o seu governo pastoral, enfrentou diversos problemas, como a chegada de missionários estrangeiros enviados pela Propaganda Fide,[12] além da falta de pagamentos das côngruas, tanto as suas como as dos demais cargos do clero local, além da falta de religiosos em determinadas regiões do arquipélago, em especial, dos jesuítas.[2]
Durante o seu período na ilha, aconteceu a Guerra da Restauração e D. João IV assume a Coroa Portuguesa, assim participou da sua aclamação nas ilhas em 1641,[13] sendo que o novo rei encaminhou mensagem ao bispo neste mesmo ano.[14] Também serviu como governador de Cabo Verde a partir de 7 de julho de 1645.[15][16][nota 4]
Faleceu em 1 de novembro de 1646, na cidade da Ribeira Grande.[5][17][nota 5]
Referências
- ↑ Archivio Segreto Vaticano (ASV) – Arch., Concist., Proc. Consistoriales, vol. 2, fl. 268
- ↑ a b c Brásio, op. citada, págs. 372-373
- ↑ Brásio, op. citada, pág. 62
- ↑ a b Brásio, op. citada, págs. 77-78
- ↑ a b Teles da Silva, op. citada
- ↑ a b c Rios da Fonseca, op. citada, pág. 186
- ↑ Brásio, op. citada, pág. 59
- ↑ Brásio, op. citada, pág. 60
- ↑ Brásio, op. citada, pág. 78
- ↑ Brásio, op. citada, pág. 81
- ↑ Brásio, op. citada, págs. 160-161
- ↑ Carlene Recheado (setembro de 2010). «As missões Franciscanas na Guiné (século XVII)» (PDF). Universidade Nova de Lisboa. p. 21
- ↑ Brásio, op. citada, págs. 340-343
- ↑ Brásio, op. citada, pág. 352
- ↑ Henige, David P. (1970). Colonial Governors. [S.l.: s.n.] pp. 236
- ↑ Brásio, op.citada, pág. 444
- ↑ Brásio, op. citada, págs. 482-484
Notas
- ↑ Ecclesiae Sanctissimus Dominus praefecit R. Fr. Laurentium Garro, sexagenarium, Ordinis Militiae Christi olim Generalem, cum retentione compatibilium. Citado por Brásio, pág. 78. Também em carta de 1644, cita que naquele ano contava com 84 anos, "Escreuo esta a V. Real Magestade em idade de oitenta e quatro annos, tendo escrito outras aos tribunaês a que té agora se não tem diferido." Citado por Brásio, pág. 372.
- ↑ Ad Primum, respondit se agnoscere R. P. F. Laurentiü Garro Promouendü a viginti circiter annis religiosum dicti Ordini...
- ↑ "que nestes seis mezes desde que me sagrei...'", escrito em carta ao rei D. Filipe III datada de 4 de agosto de 1626, citado por Brásio, págs. 160-161
- ↑ "Dom Frei Lourenço Garro por mercê de Deus Bispo do Cabouerde, Guiné, Serra Leoa, do conselho de S. Magestade &ª, como Gouernador e Cappitam geral que ora sou...", citado por Brásio, pág. 431. Também, em carta enviada por D. João IV ao bispo, "Hauendo uisto o que escreuestes em carta de sette de julho do prezente ano acerca da eleição que o pouo dessa jlha fez em uossa pessoa pera o hauer de gouernar, por falecimento do gouernador Joaõ Serraõ da Cunha...", datada de 22 de setembro de 1646.
- ↑ Em carta do vigário Gaspar Vogado, datada de 18 de março de 1647, escreve que "tudo consta por certidoêes do Bispo gouernador que Deus foi seruido leuar em o primeiro de nouembro...", citado por Brásio, pág. 482.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Rios da Fonseca, Jorge Manuel (dezembro de 2015). «Dom frei Lourenço Garro, bispo de Santiago, o verdadeiro autor de um texto antiesclavagista do século XVII». Lusitania Sacra (32). Lisboa. pp. 181–198. Consultado em 29 de julho de 2021
- Brásio, Padre António (1979). Monumenta Missionaria Africana. Segunda Série. África Ocidental (1623-1650). vol. 5. Lisboa: Academia Portuguesa da História
- Alegrete, Manuel Telles da Sylva, marquês de (1722). Collecçam dos documentos e memorias da Academia Real da História Portugueza. vol. 2. Lisboa Ocidental: Officina de Pascoal da Sylva
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- «Catholic Hierarchy» (em inglês)
- «GCatholic» (em inglês)
Precedido por Manuel Afonso de Guerra |
Bispo de Santiago de Cabo Verde 1625 — 1646 |
Sucedido por Fabião dos Reis, O.C.D. |
Precedido por João Serrão da Cunha |
Governador de Cabo Verde 1645 — 1646 |
Sucedido por Jorge de Araújo |