Língua jingulu
Jingulu Djingili | ||
---|---|---|
Falado(a) em: | Austrália | |
Região: | Barkly Tableland, Território do Norte | |
Total de falantes: | 56 (2006) | |
Família: | Mirndi Barkly Ocidental Jingulu | |
Códigos de língua | ||
ISO 639-1: | --
| |
ISO 639-2: | --- | |
ISO 639-3: | jig
|
Jingulu (Djingili) é uma das línguas aborígenes da Austrália , sendo falada pelo povo Jingulu do Território do Norte da Austrália, na área histórica do “Elliott District Community Government Council”. Trata-se de uma língua ameaçada de extinção que tinha em 1997 algo entre 10 e 15 falantes,[1] com os maios jovens já na casa dos 50. Cerca de 20 adicionais tinham certo domínio da língua. Note-se ainda que a língua quase não era usada no dia-a-dia, senso substituída pelo inglês ou ou crioulo australiano.[2]
Escrita
[editar | editar código-fonte]Jingulu usa uma forma do alfabeto latino bastante limitada em letras: as vogais são A, O e U;, não se usam as consoantes C, F, G, H, P, Q, S, T, C, Y, Z, porém, usam-se as formas Ly, Ny, Rd, Rl, Rn, Rr, Ry
Fonologia
[editar | editar código-fonte]Vogais
[editar | editar código-fonte]Jingulu tem 3 sons vogais:[3]
Anterior | Central | Posterior | |
---|---|---|---|
Fechada | i /i/ | u /u/ | |
Aberta | a /a/ |
A vogal fechada /i/ pode ser percebida como [i], [ɨ] ou [e]; a vogal fechada /u/ é mais percebida como [u], mas também como [o] e [ɔ]; e a vogal aberta /a/ como [a], [ʌ], [æ] ou [ə].[3]
O comprimento da vogal é contrastante, resultando em vogais longas /aː/, /iː/ e/uː/. Na ortografia /aː/ (longo) aparece como aa, en quanto que as outras duas aparecem como consoante homorgânicas, iyi e uwu}, respectivamente.[3]
Harmonia vogal
[editar | editar código-fonte]Uma característica importante da fonologia Jingulu é a harmonia vocálica. Jingulu apresenta uma harmonia vocália regressiva o que significa que as vogais de raízes nominais ou verbais podem se sujeitar a alterações devidas aos sufixos que tenham uma vogal fechada que estejam diretamente junto à raiz. A harmonia vogal afeta as vogais abertas nas raízes, as quais se tornam fechadas. Devido ao pequeno inventário de vogais do Jingulu, A vogal aberta /a/ estará sujeita a modificação, tornando-se sempre /i/.[4]
- ngaja + -mindi-yi = ngijimindiyi
- ver + 1dl.inc-fut = "nós vamos ver"
- ngarrabaj + -wurru-nu = ngirribijiwurrunu
- contar + 3pl-past = "eles contaram (aquilo pra ele)"
Porém, se a harmonia vocálica for ativada e a raiz da palavra contiver uma vogal fechada, nenhuma das vogais fechadas à esquerda da fechada serão sujeitas a mudanças.
- warlaku + -rni = warlakurni
- cão macho + fem = cadela
- ankila + -rni = ankilirni
- primo segundo + fem = prima segunda[4]
Consoantes
[editar | editar código-fonte]Jingulu tem 17 sons consoantes:[5]
Periférica | Laminal | Apical | |||
---|---|---|---|---|---|
Bilabial | Velar | Palatal | Alveolar | Retroflexa | |
Plosiva | b /b/ | k /ɡ/ | j /ɟ/ | d /d/ | rd /ɖ / |
Nasal Oclusiva | m /m/ | ng /ŋ/ | ny /ɲ/ | n /n/ | rn /ɳ / |
Vibrante | rr /r/ | ||||
Aproximante | w /w/ | y /j/ | r /ɻ / | ||
ly /ʎ/ | l /l/ | rl /ɭ / |
Há poucas evidências mostrando que as retroflexivas podem ser contrastantes . A maioria dos falantes de Jingulu não faz distinção entre as consoantes retroflex e suas equivalentes alveolares. Muitas vezes servem apenas como alofones. No entanto, há um número de pares mínimos, nos quais existe, de fato é uma distinção. Exemplos. dirnd- "escola" e dind- "moer"; mininmi "Acacia victoriae" e mirnirnmi "saída de incêndio"; e walu "testa and warlu "queimadura."[6]
As semivogais, /w/ e /j/, podem não ser pronunciadas quando no início da palavra, o que também ocorre com /ŋ/. Essa última pode ser substituída por uma semivogal.[7]
- widij- "amarrar" pode ser percebida como /widij-/ ou /idij-/
- yidaangka "em poucos dias" pode ser percebida como /jidaːŋka/ ou /idaːŋka/
- ngirrm- "fazer" pode ser percebida como /ŋirm-/, /irm-/ ou /jirm-/
- nguny- "dar" pode ser percebida como /ŋuɲ-/, /uɲ-/ ou /wuɲ-/
Notas
[editar | editar código-fonte]- ↑ Ethnologue
- ↑ Pensalfini 1997, p. 23
- ↑ a b c Pensalfini 1997, pp. 53–54
- ↑ a b Pensalfini 1997, p. 97
- ↑ Pensalfini 1997, p. 56
- ↑ Pensalfini 1997, pp. 58–59
- ↑ Pensalfini 1997, pp. 63–64
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Pensalfini, Robert J. (1997), Jingulu Grammar, Dictionary, and Texts, MIT
- Chadwick, Neil (1968), «Djingili (North Australia) in a comparative perspective», Oceania, 38 (3): 220–228
- Chadwick, Neil (1968), A descriptive study of the Djingili language
- Chadwick, Neil (1975), A Descriptive Study of the Djingili Language, ISBN 0-85575-040-5
- Chadwick, Neil (1989), The relationship of Jingulu and Jaminjungan
- Pensalfini, Robert J. (1995), Jingulu-English English-Jingulu draft dictionary
- Pensalfini, Robert J. (1999), Case Suffixes as Discourse Markers in Jingulu
- Pensalfini, Robert J. (2000), Optional disagreement and the case for feature hierarchies
- Pensalfini, Robert J. (2001), «On the Typological and Genetic Affiliation of Jingulu», in: Simpson, Jane; Nash, David; Laughren, Mary; Austin, Peter; Alpher, Barry, Forty years on Ken Hale and Australian languages, Pacific Linguistics, pp. 385–399
- Pensalfini, Robert J. (2001), «Part of Speech Mismatches in Modular Grammar: New Evidence from Jingulu», Linguistic Variation Yearbook, 1: 209–227, doi:10.1075/livy.1.09pen
- Pensalfini, Robert J. (2002), «Vowel harmony in Jingulu», Lingua, 112: 561–586, doi:10.1016/s0024-3841(01)00061-4
- Pensalfini, Robert J. (2003), Verbs as Spatial Deixis Markers in Jingulu
- Pensalfini, Robert J. (2003), A grammar of Jingulu: an Aboriginal language of the Northern Territory, ISBN 0-85883-558-4
- Black, Paul (2007), «Lexicostatistics with massive borrowing: the case of Jingulu and Mudburra», Australian Journal of Linguistics, 27 (1): 63–71, doi:10.1080/07268600601172959