João Ducas (césar)
João Ducas | |
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Usurpador | |
Reinado | 1074 |
Antecessor(a) | Miguel VII |
Sucessor(a) | Miguel VII |
Nascimento | século XI |
Morte | c. 1088 |
Cônjuge | Irene Pegonitissa |
Descendência | Andrônico Ducas Constantino Ducas |
Dinastia | Ducas |
Pai | Andrônico Ducas |
Religião | Cristianismo |
João Ducas (em grego: Ιωάννης Δούκας; romaniz.: Iōannēs Doukas; m. c. 1088) foi o filho de Andrônico Ducas, um nobre paflagônio que serviu como governador do Tema da Mésia, e que pode ter sido o irmão mais novo do imperador bizantino Constantino X Ducas (r. 1059–1067). João Ducas foi o avô paterno de Irene Ducena, esposa do imperador Aleixo I Comneno (r. 1081–1118).
Biografia
[editar | editar código-fonte]Carreira como césar
[editar | editar código-fonte]João Ducas, a quem foi dada a dignidade de césar por seu irmão Constantino X, foi um dos membros mais influentes da aristocracia cortesã da morte de seu irmão até o período de Aleixo I Comneno. Sua riqueza derivou de propriedades na Trácia e Bitínia, e foi um amigo intimo do historiador Miguel Pselo, com quem trocou vasta correspondência.[1] Embora é geralmente documentado pelas fontes como um membro da corte, havia começado sua carreira como general, com o posto de estratego.[2]
João Ducas esteve envolvidos no cenário desde 1057, quando tornou-se conselheiro de Constantino X, e em 1061 quando frustou uma tentativa de golpe contra o imperador.[2] Quando seu irmão falece em 1067, João veio à tona como protetor natural dos direitos de seu sobrinho Miguel VII Ducas (r. 1071–1078).[3] Sua posição como césar e a influência de sua família no senado significa que estava por trás da oposição dos oficiais da corte para o casamento da imperatriz mãe Eudócia Macrembolitissa com Romano IV Diógenes (r. 1068–1071).[4] Ao longo dos próximos três anos, tornou-se o pior inimigo do imperador, e sua intriga significa que o césar passou a maior parte do reinado de Romano ausentado de suas propriedades na Bitínia.[5] Foi aqui que ele soube que seu filho Andrônico Ducas havia se juntado e então desertado o imperador na desastrosa campanha que terminou na batalha de Manziquerta em 1071.[6]
O cativeiro de Romano deu a João a oportunidade de retornar para a corte a pedido de Eudócia Macrembolitissa. Unindo forças com Miguel Pselo, o césar fez a imperatriz compartilhar poder com seu filho, e então forçou-a a tornar-se freira e se aposentar dos assuntos da corte em outubro de 1071.[7] Ele logo tornou-se o chefe de facto do governo em nome de Miguel VII, ordenando a ele a não reconhecer Romano como imperador, declarando que Romano tinha sido elevado para o trono para agir para Miguel, que era agora capaz de administrar o império. O césar enviou seus filhos Andrônico e Constantino para capturar Romano IV,[8] que tinha sido libertado do cativeiro e, assim, assegurar o reinado de seu sobrinho Miguel VII.[9] João Ducas inicialmente concordou em permitir a Romano resignar a púrpura e retirar-se para um mosteiro. Mas seu ódio era tamanho que renegou o acordo e ordenou que ele fosse cegado, enviando-o uma mensagem escarnicada parabenizando-o pela perde de seus olhos enquanto morria da infecção das feridas.[10][11] Com a eliminação de Romano, João e Miguel Pselo foram supremos na corte.[12]
O césar foi arruinado, contudo, por um de seus próprios instrumentos, o eunuco Niceforitzes.[13] Por 1073, o eunuco tinha ganho a confiança de Miguel VII, que se voltou contra seu tio. O césar foi forçado a retirar-se para suas grandes propriedades, onde se divertia caçando nas florestas próximas às margens do Bósforo.[5]
Rebelião de 1074
[editar | editar código-fonte]No meio tempo, o progresso dos turcos seljúcidas despertou o governo bizantino em ação, reunindo um exército de mercenários sob o comando de Isaac Comneno. Os mercenários normandos, liderados por Roussel de Bailleul, rebelaram-se contra os bizantinos, esmagando um exército imperial, e tentando estabelecer um reino independente na Anatólia.[14][15] A situação na Ásia Menor era agora tão terrível, que em 1074, Miguel foi forçado a pedir que seu tio assumisse o comando de um exército imperial e derrotasse os mercenários normandos. Fixando seu quartel-general em Dorileia, os dois exércitos encontraram-se próximo da ponte sobre o rio Zompi, uma das grandes linhas de comunicação entre Constantinopla e as províncias centrais da Ásia Menor. Traído por seus mercenários francos e pela retirada vergonhosa das reservas asiáticas sob o comando do futuro imperador Nicéforo III Botaniates (r. 1078–1081), João foi derrotado e capturado com seu filho Andrônico.[16] Os mercenários vitoriosos então começaram a avançar para as margens do Bósforo, com uma força de alívio sob o filho mais novo de João, Constantino, desintegrando-se quando seu comandante repentinamente morreu.[17] Para libertar seu filho que estava ferido, João deu como reféns seus netos João Ducas e Miguel Ducas.[18]
Roussel, não tendo certeza que sua força mercenária poderia derrubar o imperador em Constantino, decidiu agir como o general chefe para seu próprio imperador. Ele proclamou João Ducas imperador, facilmente persuadindo seu prisioneiro para assumir o título e destronar seu sobrinho ingrato, e eles continuaram em seu caminho para Constantinopla. Miguel VII e Niceforitzes estavam profundamente preocupados com a segurança deles. Eles formaram uma aliança com Solimão (r. 1077–1086), concluindo uma trégua formal entre os bizantinos e os turcos, em que Miguel deu a Solimão o governo das províncias que os turcos seljúcidas estavam em posse.[16] Os turcos concordaram em fornecer um exército para lutar em nome de Miguel, e este exército moveu-se rapidamente para o monte Sofão, onde João Ducas e Roussel estavam acampados. Os mercenários foram emboscados e, embora Roussel conseguiu escapar,[15] João foi capturado, terminando a rebelião. Após algum tempo como cativo seljúcida, João foi resgatado por seu sobrinho. Miguel permitiu que mantivesse sua visão na condição de que renunciaria todas as suas ambições imperiais e se tornaria um monge, como uma precaução adicional.[5]
Retorna à política
[editar | editar código-fonte]O tonsurado césar manteve alguma influência em acontecimentos políticos. Com o colapso da autoridade imperial no reinado e Miguel VII, aconselhou seu sobrinho a abdicar e tornar-se um monge quando Nicéforo III Botaniates ameaçou Constantinopla em 1078. Mais tarde orientou seu neto Miguel Ducas a procurar um padre disposto a realizar a cerimônia de casamento entre Nicéforo III e a imperatriz Maria da Alânia, a esposa do então deposto Miguel VII.[19][20] Em 1081 foi com seu neto João Ducas para Esquizia onde Aleixo Comneno foi proclamado imperador em detrimento de Nicéforo III.[21][22] Foi também João Ducas, que arranjou o casamento de sua neta Irene Ducena com Aleixo Comneno sobre as objeções da mãe deste último, Ana Dalassena. Nesta mudança das circunstâncias, abandonou o hábito monástico e Aleixo permitiu a ele retomar sua antiga posição de césar. Permanecendo parte da corte, continuou a aconselhar o imperador até sua morte ca. 1088.[5]
Família
[editar | editar código-fonte]Nem João nem seu irmão Constantino X foram descendentes do ramo masculino da antiga família Ducas que extinguiu-se após uma revolta durante a minoridade do reinado de Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959). Foi descendente da linha feminina, e sua família foi originalmente chamada Ducitzes, para marcar a inferioridade da casa moderna, que tinha assumido o nome de Ducas.[23] Por sua esposa Irene Pegonitissa, João Ducas teve ao menos dois filhos, ambos que morreram antes dele:[24]
- Andrônico Ducas, que foi o pai de Irene Ducena;
- Constantino Ducas, que morreu em 1074.[17]
Referências
- ↑ Nesbitt 2003, p. 46.
- ↑ a b Rosser 2011, p. 160.
- ↑ Norwich 1993, p. 343.
- ↑ Norwich 1993, p. 345.
- ↑ a b c d Erro de citação: Etiqueta
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- ↑ Norwich 1993, p. 352.
- ↑ Norwich 1993, p. 355.
- ↑ Norwich 1993, p. 356.
- ↑ Finlay 1864, p. 43.
- ↑ Norwich 1993, p. 357.
- ↑ Finlay 1864, p. 44.
- ↑ Norwich 1993, p. 358.
- ↑ Norwich 1993, p. 359.
- ↑ Finlay 1864, p. 52.
- ↑ a b Norwich 1993, p. 360.
- ↑ a b Finlay 1864, p. 53.
- ↑ a b «Narrative Units for 1074» (em inglês). Consultado em 18 de setembro de 2013
- ↑ Kazhdan 1991, p. 1184.
- ↑ Skoulatos 1980, p. 203.
- ↑ Norwich 1996, p. 3.
- ↑ Polemis 1968, p. 66.
- ↑ Skoulatos 1980, p. 146.
- ↑ Finlay 1864, p. 16.
- ↑ Garland 2002, p. 238.
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Garland, Lynda (2002). Byzantine Empresses: Women and Power in Byzantium, AD 527–1204 (em inglês). Nova Iorque e Londres: Routledge. ISBN 978-0-415-14688-3
- Finlay, George (1864). History of the Byzantine and Greek Empires from 1057 - 1453 (em inglês). 2. Edimburgo: William Blackwood & Sons
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Nesbitt, John William (2003). Byzantine authors: literary activities and preoccupations ; texts and translations dedicated to the memory of Nicholas Oikonomides. Leida: Brill. ISBN 9004129758
- Norwich, John Julius (1993). Byzantium: The Apogee (em inglês). Londres: Penguin Books. ISBN 0-14-011448-3
- Norwich, John Julius (1996). Byzantium: The Decline and Fall (em inglês). Londres: Penguin Books. ISBN 0679416501
- Polemis, Demetrios I. (1968). The Doukai: A Contribution to Byzantine Prosopography. Londres: The Athlone Press. ISBN 0-19-504652-8
- Rosser, John H. (2011). Historical Dictionary of Byzantium. Lanham, Marilândia, EUA: Scarecrow Press. ISBN 0810874776
- Skoulatos, Basile (1980). Les personnages byzantins de I'Alexiade: Analyse prosopographique et synthese. Lovaina-a-Nova: Nauwelaerts