Função exponencial natural
A função exponencial natural, denotada ex ou exp(x) é a função exponencial cuja base é o número de Euler (um número irracional que vale aproximadamente 2,718281828). A exponencial natural é caracterizada por ser idêntica à sua própria derivada.[1] [2]
A função exponencial natural surge na teoria das equações diferenciais na modelagem de grandezas que variam de forma proporcional a si mesmas aparecendo em problemas em física, química, engenharia, biologia matemática e economia.
Representação | ou |
Inversa | |
Derivada | |
Integral indefinida |
O gráfico de y = ex é uma curva de inclinação positiva e crescente. O gráfico está totalmente acima do eixo das abcissas e cresce mais rápido à medida que x aumenta. O eixo x é uma assíntota horizontal pois a curva se aproxima arbitrariamente de zero quando x é negativo. A declividade da reta tangente é sempre igual à coordenada y no ponto de tangência. A função inversa é o logaritmo natural ln(x), em função disso, alguns textos antigos se referem à função exponencial natural como antilogaritmo.[3]
Em geral, a variável x pode ser qualquer número real ou complexo. A função exponencial natural pode ser generalizada na função exponencial matricial ou, mesmo, para objetos matemáticos completamente distintos, ver, por exemplo, teorema espectral.
No estudo da análise matemática, a função exponencial natural em conjunto com o logaritmo natural pode ser usada para definir a função exponencial y=ax como y=eln(a)x onde a>0 e a≠1.[2]
Definição formal
[editar | editar código-fonte]A função exponencial natural ex pode ser formalmente caracterizada de diversas maneiras distintas, porém equivalentes. Em particicular, podemos defini-la pela seguinte série de potências:[2][4]
Aqui, n! indica o fatorial de n, isto é, o produto de todos os números naturais inferiores ou iguais a n.
A mesma expressão pode ser obtida a partir da expansão em série de Taylor da exponencial quando se usa uma definição alternativa.
Menos frequentemente a função, y=ex é definida como a solução da seguinte equação integral:
Ou ainda como o seguinte limite:[5]
A função exponencial natural pode também ser definida como a única função diferenciável y=f(x) que satifaz o seguinte problema de valor inicial:
Finalmente, a função exponencial natural é a única função contínua y=f(x) que satisfaz:[2]
Propriedades
[editar | editar código-fonte]A exponencial natual satisfaz as seguinte propriedades[2]:
- A função y = ex é contínua e diferenciável para todo x.
- A derivada da função y = ex é a própria função y = ex.
- A função y = ex é positiva e crescente para todo número real x.
- ex+y = ex ey
- A curva y = ex jamais toca o eixo x, embora se aproxime de zero para valores negativos de x, isto é:
- Os valores de y=ex crescem ilimitadamente, isto é:
- A função y=ex cresce mais rápido que qualquer potência, isto é, para todo n natural, temos:
Usando o logaritmo natural, pode-se definir funções exponenciais mais genéricas, como abaixo:
Função exponencial e equações diferenciais
[editar | editar código-fonte]A maior importância das funções exponenciais nos campos das ciências é o fato de que essas funções são múltiplas de suas próprias derivadas:
Se a taxa de crescimento ou de decaimento de uma variável é proporcional ao seu tamanho, como é o caso de um crescimento populacional ilimitado, juros continuamente computados ou decaimento radiativo, então a variável pode ser escrita como uma função exponencial do tempo.
A função exponencial então resolve a equação diferencial básica
e é por essa razão comumente encontrada em equações diferenciais. Em particular a solução de equações diferenciais ordinárias pode freqüentemente ser escrita em termos de funções exponenciais, ver Equação diferencial linear.
Função exponencial no plano complexo
[editar | editar código-fonte]A série de potências que define o exponencial natural dada por
converge absolutamente para todo número complexo z e converge uniformemente em cada subconjunto limitado do plano complexo. A função exponencial natural está definida em todo plano e satisfaz as seguintes propriedades:[4]
- A restrição de ez à reta real coincide com a função exponencial natural real.
- A função exponencial no plano complexo é uma função holomórfica que é periódica com o período imaginário .
- Se t é um número real, então, (relação de Euler)
- Para todo número complexo z, existe w tal que ew = z.
Através destas propriedades, obtém-se que
onde a e b são valores reais. Essa fórmula conecta a função exponencial com as funções trigonométricas, e essa é a razão que estendendo o logaritmo natural a argumentos complexos resultam na função multivalente ln(z). Nós podemos definir como uma exponenciação mais geral: para todos os números complexos z e w. Essa exponencial é também uma função multivalente. As leis exponenciais mencionadas acima permanecem verdade se interpretadas propriamente como afirmações sobre funções multivalentes.
Função exponencial para matrizes e álgebras de Banach
[editar | editar código-fonte]A definição de função exponencial exp dada acima pode ser usada palavra por palavra para cada álgebra de Banach, e em particular para matrizes quadradas. Neste caso temos
se (deveríamos adicionar a fórmula geral envolvendo comutadores aqui)
- ex é invertível com inverso e-x
- a derivada da exp no ponto x é aquela descrição linear que transforma u em u·ex.
No contexto das álgebras de Banach não comutativas, como as álgebras de matrizes ou operadores no espaço de Banach ou de Hilbert, a função exponencial é freqüentemente considerada como uma função de um argumento real:
onde é um elemento fixo da álgebra e é qualquer número real. Essa função tem importantes propriedades:
Mapa exponencial nas álgebras de Lie
[editar | editar código-fonte]O "mapa exponencial" que passa uma álgebra de Lie a um grupo de Lie compartilha as propriedades acima, o que explica a terminologia. De fato, desde que R é uma álgebra de Lie de um grupo de Lie de todos os números positivos reais com multiplicação, a função exponencial para argumentos reais é um caso especial da situação da álgebra de Lie. Similarmente, desde que a álgebra de Lie M (n, R) de todas as matrizes reais quadradas pertence ao grupo de Lie de todas as matrizes quadradas invertíveis, a função para matrizes quadradas é um caso especial do mapa exponencial da álgebra de Lie.
Referências
- ↑ Goldstein, Lay; Asmar Schneider (2006). Brief calculus and its applications 11 ed. [S.l.]: Prentice–Hall
- ↑ a b c d e Rudin, Walter (1976). «8». Principles of Mathematical Analysis 3 ed. [S.l.]: McGraw-Hill
- ↑ "Inverse Use of a Table of Logarithms; that is, given a logarithm, to find the number corresponding to it, (called its antilogarithm)…" – p.12 of Converse and Durrell, Plane and spherical trigonometry, C.E. Merrill co., 1911.
- ↑ a b Walter Rudin, Real and Complex Analysis, McGraw-Hill, 3rd ed., 1986, ISBN 978-0-07-054234-1, page 1
- ↑ Eli Maor, e: the Story of a Number, p.156.