Espada de Osmã
A Espada de Osmã (em turco: Taklide-Sei[1] ou Osman Kılıcı) era um importante arma de cerimónia que era usada durante a entronização dos sultões do Império Otomano.[2] A espada deve o seu nome a Osmã I, o fundador da dinastia otomana. A tradição começou quando Osmã foi cingido com a espada do Islão pelo seu mentor e sogro Xeique Edebali.[3] O cingimento com a espada era uma cerimónia vital que ocorria nas duas semanas a seguir à ascensão ao trono. Tinha lugar no complexo funerário da Mesquita de Eyüp, numa encosta da margem sul do estuário do Corno de Ouro, em Istambul.
Apesar da distância entre o Palácio de Topkapı, onde residia o sultão, e Eyüp ser curta, o monarca embarcava com grande pompa num barco para subir o Corno de Ouro. O complexo funerário de Eyüp foi mandado construir por Maomé II, o Conquistador (r. 1432–1481) em honra de Abu Aiube Alançari, um companheiro do Profeta Maomé que teria morrido durante o primeiro cerco muçulmano de Constantinopla (r. 674–678). Assim, o cingimento da espada ocorria em terreno considerado sagrado e ligava o recém-entronizado sultão tanto aos seus antepassados do século XIII como à pessoa do Profeta.[4]
O facto do emblema pelo qual o sultão era entronizado ser uma espada era altamente simbólico: mostrava que o cargo de que era investido era em primeiro lugar e acima de tudo o de um guerreiro. A Espada de Osmã era cingido ao novo sultão pelo Xarife de Cónia, um dervixe Mevlevi que era chamado a Istambul para esse propósito. Esse privilégio estava reservado aos homens daquela ordem sufista desde o tempo em que Osmã I estabeleceu a sua residência em Cónia, antes da capital ser movida para Bursa e depois para Constantinopla.[5]
Até ao final do século XIX, a entrada na Mesquita de Eyüp para assistir à cerimónia do cingimento da espada estava vedada a não muçulmanos. O primeiro a quebrar esta tradição foi Maomé V (r. 1909–1918), cuja cerimónia foi aberta a pessoas de vários credos religiosos. Ocorrida a 10 de maio de 1909, a ela assistiram representantes de todas as comunidades religiosas do império, nomeadamente o patriarca grego, o hahambaşı (o rabino que liderava espiritualmente a comunidade judaica) e um representante a Igreja Arménia. O facto de ter sido autorizado que não muçulmanos vissem a cerimónia possibilitou que o The New York Times publicasse uma descrição muito pormenorizada dela, em sido admitidos.[6] O irmão e sucessor de Maomé V, Mehmet VI, foi ainda mais longe, autorizando a filmagem da cerimónia. Dado ter sido o último sultão otomano reinante, a sua cerimónia do cingimento da Espada de Osmã é a única registada em filme.[7]
Notas e referências
[editar | editar código-fonte]- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Sword of Osman», especificamente desta versão.
- ↑ M'Gregor 1854
- ↑ Hasluck 2007, pp. 604–622
- ↑ Bagley 1969, p. 2
- ↑ Quataert 2005, p. 93
- ↑ «Girding on the Sword of Osman» (PDF). The New York Times: 2. 18 de setembro de 1876. ISSN 0362-4331. Consultado em 19 de abril de 2009
- ↑ «New Sultan Breaks Moslem Traditions» (PDF). The New York Times: 4. 11 de maio de 1909. ISSN 0362-4331. Consultado em 19 de abril de 2009
- ↑ Abdullah Kirbaçoglu (cinematographer) (4 de julho de 1918). Crowning of Mehmed VI as last Sultan of the Ottoman Empire in 1918
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Bagley, Frank R. C. (1969). The Last Great Muslim Empires. Leiden: Brill. ISBN 978-90-04-02104-4. OCLC 310742207. Consultado em 19 de abril de 2009
- Hasluck, Frederick William (2007) [First published 1929]. «XLVI. The Girding of the Sultan». In: Hasluck, Margaret. Christianity and Islam Under the Sultans. II. [S.l.]: Read Books. pp. 604–622. ISBN 978-1-4067-5887-0. Consultado em 2 de maio de 2009
- M'Gregor, J. (1854). «The Race, Religions, and Government of the Ottoman Empire». New York: Leavitt, Trow, & Co. The Eclectic Magazine of Foreign Literature, Science, and Art. 32. 376 páginas. OCLC 6298914. Consultado em 25 de abril de 2009
- Quataert, Donald (2005). The Ottoman Empire, 1700–1922 2nd ed. [S.l.]: Cambridge University Press. ISBN 978-0-521-83910-5. OCLC 59280221. Consultado em 18 de abril de 2009