Dever implica poder
Dever implica poder é um princípio ético atribuído a Immanuel Kant que afirma que se um agente é moralmente obrigado a fazer determinada ação, essa ação deve ser possível.
Segundo o filósofo, "Pois se a lei moral ordena que devemos agora ser homens melhores, segue-se de modo ineludível que devemos também poder sê-lo".[1] Além disso, "[...] ação deverá sempre ser possível sob as condições naturais, quando o dever se lhe aplica; [...]".[2]
Kant acreditava que esse princípio era uma liberdade categórica cujo limite era livre-arbítrio, em oposição à liberdade hipotética de David Hume.[3] Existem várias maneiras de postular esse o princípio como, por exemplo, o argumento de que é errado culpar pessoas por coisas que elas não podem controlar.
Nesse sentido, se postulamos o princípio de que dever implica poder numa lógica deôntica alética proposicional como , podemos tomar a contrapositiva dessa implicação, que será . Lê-se a primeira fórmula como "Se é obrigatório fazer p, então é possível fazer p". A segunda, por outro lado, é lida como "Se é impossível fazer p, então não é obrigatório fazer p".[4]
Referências
- ↑ KANT, Immanuel. A religião nos limites da simples razão, trad. Artur Morão, Lisboa: Edições, v. 70, 2008, p. 60.
- ↑ KANT, Immanuel. Crítica da razão pura (1781). Lisboa: Fundação Kalouste Gulbenkian, 1989, p. 472.
- ↑ "Ought implies can". The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Bunnin, Nicholas and Yu, Jiyuan (eds). Blackwell Publishing. 2004. Blackwell Reference Online. 4 December 2011.
- ↑ Stern (2004). «Does 'Ought' Imply 'Can'? And Did Kant Think It Does?». Utilitas. 16: 42–61. doi:10.1017/S0953820803001055