Colégio Naval
Colégio Naval | |
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Fachada do colégio em 2019 | |
País | Brasil |
Corporação | Marinha do Brasil |
Subordinação | Diretoria de Ensino da Marinha |
Missão | Ensino militar |
Sigla | CN |
Criação | 25 de fevereiro de 1949 (75 anos)[1] |
Aniversários | 15 de agosto |
Lema | Esperança da Armada Brasileira |
História | |
Condecorações | Ordem do Mérito Militar[2] |
Insígnias | |
Brasão | |
Comando | |
Comandante | Capitão de Mar e Guerra Leonardo Araujo Poppius[3] |
Sede | |
Página oficial | www |
O Colégio Naval (CN) é uma instituição de ensino militar localizada na enseada Batista das Neves, no município de Angra dos Reis, estado do Rio de Janeiro, cuja missão é preparar candidatos para o ingresso no curso de graduação da Escola Naval, responsável pela formação de oficiais da Marinha do Brasil.
A Instituição
[editar | editar código-fonte]O Colégio Naval é uma tradicional instituição da Marinha do Brasil, com mais de setenta anos de existência. Tem por objetivo a formação de seus Alunos para o posterior ingresso na Escola Naval, quando passam, então, a ser aspirantes. Os candidatos nele ingressam, anualmente, por concurso público. O curso dura três anos e equivale ao Ensino Médio, acrescido de instrução naval especializada.
É reconhecido nacionalmente como centro de excelência no ensino secundário no país, condição comprovada pelos últimos resultados obtidos pela instituição em avaliações realizadas pelo Governo Federal em todas as escolas públicas do Ensino Médio.
Desde 1998 porta a insígnia da Ordem do Mérito Militar, concedida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.[2]
O aniversário da instituição é comemorado anualmente no dia 15 de agosto.
Histórico[4]
[editar | editar código-fonte]A necessidade de preparar jovens para a Marinha, antes mesmo do ingresso à Escola Naval, data do século XIX. Buscava-se, então, incutir o gosto pelo mar e pelas coisas marinheiras, além de proporcionar uma sólida formação intelectual, moral e militar-naval. Para tanto, até o Colégio Naval dos nossos dias, muitos passos foram dados.
Assim é que, pelo Decreto nº 4679, de 17 de janeiro de 1871, foi estabelecido no Arsenal de Marinha da Corte, no Rio de Janeiro, um Externato, que consistia de um curso, de um ano, para o ensino das matérias preparatórias do curso da Escola de Marinha. Em seguida, pela Lei nº 2670, de 20 de outubro foi autorizada a criação do Colégio Naval, primeiro educandário militar de nível médio do Brasil, efetivada pelo Decreto nº 6440, de 28 de dezembro de 1876, assinado pela Princesa Isabel, então ocupando a Regência do Trono. Teve como um dos primeiros formandos (1876) o Almirante Antonio Coutinho Gomes Pereira,[5] o qual foi posteriormente Ministro da Marinha entre 1918 e 1919.
Assim o novo Colégio previa três anos de curso preparatório, em caráter de internato, suprimindo-se o Externato de Marinha. Sua inauguração ocorreu em fevereiro de 1877, com 58 Alunos precedentes de 14 províncias, instalando-se em prédio do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro, hoje ocupado pelo SSPM. Os docentes, escolhidos criteriosamente, eram oficiais que pertenciam ao Quadro do Magistério Naval.
Entretanto, a designação Colégio Naval teve breve existência. A elevada despesa que acarretava, o baixo índice de procura, a rígida rotina diária, que a muitos afugentava, conduziram a sua extinção. Desse modo, em 26 de junho de 1886, pelo Decreto nº 9611, reuniu-se em um só estabelecimento a Escola de Marinha e o Colégio Naval, sob a denominação de Escola Naval, onde se estabeleceram os seguintes cursos: o Curso Preparatório (três anos), o Curso Superior (três anos) e o Curso de Náutica (em duas séries, para civis).
No início do século XX, o General Honório de Souza Lima, ilustre filho de Angra dos Reis, usando seu prestígio junto ao Presidente Hermes da Fonseca, convenceu-o a aceitar a doação de extenso terreno que a Câmara de Vereadores de Angra dos Reis fazia à Marinha, destinada à edificação de uma escola militar.
Assim em 1911, teve início a obra que resultou no atual Colégio Naval, cujo, encarregado da empreitada foi o Capitão Rosalvo Mariano da Silva, idealizador do projeto arquitetônico. O local escolhido foi a Enseada da Tapera, logo denominada Enseada Batista das Neves, em Angra dos Reis. Em 1914, terminada a construção, tão imponente ficara o prédio que o então Ministro da Marinha, Almirante Alexandrino de Alencar, aproveitou para aí fixar a Escola Naval, onde funcionou até 1920. A partir desse ano, tendo a Escola Naval voltado ao Rio de Janeiro, passou a funcionar naquele local a Escola de Grumetes Almirante Batista das Neves, onde permaneceu até 1949.
Finalmente, a 25 de fevereiro de 1949, foi criado o atual Colégio Naval, instituição de ensino que tem como propósito preparar jovens para constituir o Corpo de Aspirantes da Escola Naval, onde é formada a oficialidade da Marinha do Brasil. O Aluno ingressa mediante concurso público e, no período que passa no Colégio, recebe os ensinamentos do Ensino de Segundo Grau, acrescidos de instrução militar-naval especializada, ministrados por seleto corpo de Professores e Oficiais. Alia-se a este aprendizado acadêmico e militar a intensa prática desportiva, que visa aprimorar a condição física dos Aluno.
Em abril de 1951, as primeiras turmas iniciavam o ano escolar, em caráter precário na Escola Naval. A transferência do Corpo de Alunos para Angra dos Reis transcorreu em memorável viagem a bordo 10 de agosto de 1951, a bordo de dois Contra Torpedeiros. Em 15 de agosto, foram solenemente inauguradas as atividades de ensino em Angra dos Reis, com 326 alunos integrando as turmas do 1° e 2° anos.
O Estandarte do Colégio Naval foi aprovado pela portaria nº 1118, de 11 de julho de 1984 pelo então, Ministro da Marinha Almirante-de-Esquadra Alfredo Karam. Ele consiste de um campo retangular de seda prateada de 1.20m x 1.00m, debruado com torçal de azul e prata, encimado por ponta de lança, de prata, e guarnecido por duas fitas, de azul e prata, franjadas de ouro, contendo a inscrição "Colégio Naval", de ouro, numa delas, ambas pendentes de roseta azul e prata. A prata do Estandarte evoca a Marinha em seu metal clássico e o conjunto heráldico constante do mesmo, o distintivo do Colégio Naval, a ele se reporta.
Esse é o nosso Colégio Naval que atingiu a maturidade sem envelhecer, pois a cada ano que passa e em cada turma que se forma, este barco amarelo, no verde da mata fundeado, se renova, pleno de entusiasmo por acolher imberbes jovens, que a curto prazo se transformarão em Oficiais da Marinha e serão o orgulho da Nação.
No passado e no presente, permanece, ainda como objetivo, o ideal de Rio Branco:
"Dar aos jovens que se proponham à profissão do mar, um estabelecimento onde recebam instrução, educação moral e física apropriadas a seus futuros destinos".
Ensino
[editar | editar código-fonte]Concurso
[editar | editar código-fonte]Para estudar no Colégio Naval deve-se prestar o CPACN (Concurso Público de Admissão ao Colégio Naval), realizado anualmente pela DEnsM, Diretoria de Ensino da Marinha. O CPACN é constituído de duas fases, sendo que a primeira é a de Matemática e Inglês, e a segunda, constituída pelas matérias Português, Estudos Sociais, Ciências e Redação, os candidatos aprovados na primeira fase realizarão a segunda fase. O concurso é a nível de Ensino Fundamental, e é disputado a nível nacional. É um dos concursos mais difíceis e concorridos da América Latina para essa faixa etária (15-18 anos), sendo recomendado alguns anos de preparo. O concurso ainda conta com um exame de saúde e um exame físico, no qual é necessário um bom preparo físico, além do exame psicológico, ambos os testes são eliminatórios.
Adaptação
[editar | editar código-fonte]Após ser aprovado no concurso de admissão ao Colégio Naval, o candidato é submetido, antes do início do curso, ao período de adaptação. Esse período tem duração aproximada de três semanas, e tem como objetivo incutir ao "adaptando" os primeiros ensinamentos da doutrina militar e da futura rotina do curso. Durante esse tempo, o futuro Aluno permanece em regime de internato no Colégio Naval, sendo permitida a visita de parentes após a primeira semana. No final do período de adaptação, os adaptandos remanescentes da lista do início do período, além dos adicionados para preencher as vagas, executam a formatura do recebimento de platinas, que finalmente lhes confere o status de Aluno do Colégio Naval
O curso
[editar | editar código-fonte]Após o período de adaptação, o Aluno ingressa no Curso de Preparação de Aspirantes, que tem por objetivo prepará-lo para o ingresso na Escola Naval. O curso tem duração de três anos, e é composto de três principais áreas: acadêmica, física e militar. Na parte acadêmica são recebidos ensinamentos em sala de aula referentes ao curso do Ensino Médio, além de instruções atinentes ao preparo militar-naval. Na parte física, os alunos treinam com professores em suas respectivas equipes, onde recebem os ensinamentos adequados para o desenvolvimento dentro das mesmas. Na parte militar, o Aluno recebe instrução de marcha, a fim de prepará-lo para cerimônias militares, além da escala de serviço.(Poderá sair no feriado e finais de semana).
O Corpo de Alunos é dividido em três anos escolares. Os recém matriculados após o período de adaptação tornam-se Alunos do 1º ano. Os Alunos são divididos em Companhias, sendo que cada uma delas é dividida em Pelotões. No CN, o comando dos Pelotões e Companhias é exercido pelos Alunos mais antigos, sendo que há um Comandante de Companhia, este Oficial, responsável por cada Companhia. O Corpo de Alunos, por sua vez, tem seu comando exercido pelo Comandante do Corpo de Alunos, normalmente um Oficial Superior. Tem como principal honraria acadêmica e militar-naval o Prêmio Honra ao Mérito Excepcional,[6] que até o final de 2018, havia sido alcançado por apenas 10 (dez) formandos, contados desde sua criação, em 1956, pelo Almirante-de-Esquadra Antonio Alves Câmara Junior.
NAE
[editar | editar código-fonte]Anualmente, em sistema de rotação das sedes, é realizada a NAE, competição esportiva entre as três escolas de formação das três Forças Armadas, Marinha, Exército e Aeronáutica, representadas respectivamente por Colégio Naval, EsPCEx e EPCAr. A competição tem como lema a "Amizade através do desporto", e tem por objetivo promover o companheirismo e o espírito de camaradagem entre os Alunos das três escolas. A NAE consta no calendário esportivo do CN como a principal competição esportiva do ano, e é composta das seguintes modalidades: Atletismo, Futebol, Natação, Tiro, Vôlei, Basquete, Xadrez, Orientação, Esgrima, Judô e Triatlon Militar. Na NAE de 2009, o CN obteve expressivos resultados, tendo vencido nas modalidades Atletismo, Esgrima (Individual), Futebol, Natação e Triatlo Militar (Individual).
A NAE é realizada há 48 anos, tendo sido interrompida de 1992 a 1995, com o encerramento da atividades da EPCAr. Durante esse período, foram realizadas competições apenas entre a EsPCEx e o CN sob o nome de NAVEX.
A última edição da NAE (48°) foi realizada no ano de 2016, no Colégio Naval em Angra dos Reis e contou com a presença de alunos, técnicos e torcidas das três forças que presenciaram quebra de recordes.
Infraestrutura
[editar | editar código-fonte]O Colégio Naval dispõe de ampla infra-estrutura para atender às necessidades para a formação dos Alunos. Além das salas de aula, onde são minstradas as matérias, e dos laboratórios de química e línguas, o CN possui também um ginásio poli-esportivo coberto com três quadras, quadras ao ar livre de futsal, vôlei, basquete e tênis. Há também campo de futebol, pista de atletismo, academia, estande de tiros, duas piscinas, sendo uma de 25 metros e outra olímpica, de 50 metros. Além da parte esportiva, há também capela, bar (lanchonete), lavanderia, auditório, salão de jogos e salão de recreação dos Alunos. As três turmas ficam em alojamentos separados, todos num prédio de três andares. Há também um alojamento reservado para visitantes. O refeitório dos alunos, nas horas das refeições, comporta todos os alunos. No interior do CN existe também uma boa estrutura médica, com enfermaria, farmácia e centros odontológico e de fisioterapia.
SAG (Sociedade Acadêmica Greenhalgh)
[editar | editar código-fonte]Mantendo a estrutura das mais tradicionais escolas do mundo, o Colégio Naval tem uma sociedade acadêmica - a "Sociedade Acadêmica Greenhalgh" (SAG) -, a qual mantém diversos grêmios culturais e biológicos, além de organizar eventos de relevância no Ano Cultural do Corpo de Alunos como o Concurso de Oratória, o Concurso Literário e o Festival Interno da Canção. A SAG publica ainda, anualmente, a revista dos alunos, intitulada "A Fragata", a qual segue o mesmo padrão editorial dos Yearbook das academias militares de todo o mundo. A SAG é integrada pelos próprios Alunos, escolhidos por meio de eleição que ocorre durante o segundo ano do curso, em que os candidatos montam a chapa que disputará os cargos, ocupados durante o terceiro ano.
Ver também
[editar | editar código-fonte]- Escola Naval (Brasil)
- Escola Preparatória de Cadetes do Exército
- Escola Preparatória de Cadetes do Ar
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Colégio Naval. «Histórico». Consultado em 16 de março de 2021
- ↑ a b BRASIL, Decreto de 30 de março de 1998.
- ↑ Colégio Naval. «Comandante». Consultado em 17 de março de 2021
- ↑ «Histórico | Colégio Naval». www.marinha.mil.br. Consultado em 22 de outubro de 2023
- ↑ «Antônio Coutinho Gomes Pereira». Wikipédia, a enciclopédia livre. 22 de outubro de 2023. Consultado em 22 de outubro de 2023
- ↑ Santiago, Ronald dos Santos. «Prêmio Honra ao Mérito excepcional». Revista Marítima Brasileira. 3º Trimestres / 2018