Cneu Otávio (cônsul em 87 a.C.)
Cneu Otávio | |
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Cônsul da República Romana | |
Consulado | 87 a.C. |
Morte | 87 a.C. |
Cneu Otávio (português brasileiro) ou Cneu Octávio (português europeu) (m. 87 a.C.; em latim: Cneus Octavius) foi um político da gente Otávia da República Romana eleito cônsul em 87 a.C. com Lúcio Cornélio Cina. Otávio morreu durante seu mandato, durante o caos que seguiu à conquista de Roma por Cina e Caio Mário. Era filho de Cneu Otávio, cônsul em 128 a.C., e sobrinho de Marco Otávio, um dos principais adversários das reformas de Tibério Graco em 133 a.C.. Era também primo em terceiro grau de Caio Otávio, o pai do futuro imperador romano Augusto. Lúcio Otávio, cônsul em 75 a.C., era seu filho e Cneu Otávio, cônsul em 76 a.C., seu sobrinho.
Carreira
[editar | editar código-fonte]Apesar de ter fracassado em algum momento de sua carreira numa eleição para edil, por volta de 90 a.C., Otávio foi eleito pretor e, no ano seguinte, recebeu o comando propretorial de alguma província oriental[1] In 88 a.C., estava de volta em Roma e foi nomeado cônsul seguinte, sob a condição de jurar, junto com seu colega, o senador popular Lúcio Cornélio Cina, que iria manter as alterações instituídas pelo cônsul Sula e nem iria tentar retirar-lhe o comando da Primeira Guerra Mitridática.[2] Extremamente religioso, Otávio manteve sua promessa.[3]
Otávio não era, originalmente, um aliado de Sula; ele não gostou nada de sua marcha sobre Roma e nem de sua vingança pessoal contra Caio Mário que resultou em seu exílio. Porém, ele era um optimate no Senado Romano e não confiava no programa popular de Cina.[4] Estas diferenças políticas garantiram que os dois cônsules começassem a discutir logo no início de 87 a.C. sobre as políticas governamentais, especialmente por conta da determinação de Cina em conceder a cidadania romana a todos os povos da Itália romana e de espalhar os novos cidadãos e libertos entre todas as tribos romanas. Ele também propôs chamar de volta a Roma Mário e seus aliados.[5] Esta nova inclusão eleitoral foi duramente criticada por Otávio, que, eloquente e energeticamente, discursava contra ela no Senado.
Guerra contra Cina
[editar | editar código-fonte]O assunto chegou a um limite quando os tribunos da plebe que apoiavam Otávio vetaram uma lei na Assembleia do povo. Cina e seus aliados começaram a usar a violência para intimidar estes mesmos tribunos para que retirassem seu veto, resultando numa revolta aberta no Fórum Romano.[6] Otávio rapidamente juntou um grupo armado de optimates e atacou Cina, que foi obrigado a fugir da cidade. Durante o confronto, os aliados de Otávio assassinaram abertamente um grande número de aliados recém-incorporados, abusando da prerrogativa de Otávio de, como cônsul, poder justificar os assassinatos.[7]
Otávio então retirou, ilegalmente, de Cina o seu consulado e sua cidadania e fez eleger em seu lugar Lúcio Cornélio Mérula.[8] Ao saber que Cina havia conseguido o apoio do exército de Ápio Cláudio Pulcro, em Nola, Otávio e o Senado começaram a preparar Roma para suportar um cerco, enquanto, em paralelo, eram enviados apelos aos vários promagistrados nas colônias para que viessem apoiar o Senado. Pompeu Estrabão relutava, inicialmente, em ajudar Otávio, mas acabou levando suas tropas para perto de Roma, acampando perto da Porta Colina.[9]
Quando Cina e Mário começaram seu cerco de Roma, Otávio tentou separar os dois ao oferecer a todos os aliados itálicos que estavam apoiando Cina a cidadania se eles se rendessem até o final do ano. Estrabão, enquanto isso, jogando um jogo-duplo tanto com Otávio quanto com Cina, tentou convencer Otávio a tentar negociações com este.[10] Um ataque das forças marianas tomou o Janículo, mas foram repelidas por Otávio e Estrabão, apesar de Otávio ter sofrido grandes perdas.[11] Suas perdas e a morte repentina de Estrabão logo depois baixaram demasiadamente o moral de suas tropas. Otávio perdeu mais de 6 000 homens nesta batalha (Estrabão fala em 11 000, ambos os generais retratados como lutando num combate contra uma praga que voava em torno de seu exército.
Morte
[editar | editar código-fonte]Embora Otávio tenta tentado resistir ao golpe de Cina, ele foi incapaz de evitar que o Senado chegasse a um acordo com Cina, que entrou em Roma já como novo cônsul.[12] Embora Cina tenha feito uma vaga promessa de que Otávio não correria perigo, este foi convencido por um grupo de colegas a abandonar o fórum e para se estabelecer no Janículo com uma minúscula de força de proteção. Ele se recusou a escapar quando Caio Márcio Censorino e uma pequena força de cavalaria atacou o Janículo, capturando-o. Otávio foi então decapitado por Censorino, que levou sua cabeça até Cina, que pregou-a, com muitas outras, na Rostra, no Fórum Romano.[13]
Acredita-se que Otávio tenha defendido princípios muito fortes em sua política e era conhecido por sua honestidade. Plutarco, que o discute em seus capítulos sobre as vidas de Mário e Sula, descreve Otávio como sendo "de boa reputação". Infelizmente, ele era também lento para agira, o que contribuiu para seu fracasso final contra Cina.[14]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Cônsul da República Romana | ||
Precedido por: Lúcio Cornélio Sula I |
Lúcio Cornélio Cina I 87 a.C. com Cneu Otávio |
Sucedido por: Lúcio Cornélio Cina II com Caio Mário VII |
Referências
- ↑ Broughton, pg. 26; Smith, pg. 8
- ↑ Broughton, pgs. 39-40
- ↑ Keaveney , pg. 73
- ↑ Keaveney, pg. 72
- ↑ Broughton, pg. 46; Lovano, pg. 32
- ↑ Lovano, pg. 33
- ↑ Lovano, pgs. 33-34
- ↑ Broughton, pg. 46
- ↑ Lovano, pg. 39
- ↑ Lovano, pgs. 39-40
- ↑ Broughton, pgs. 48-49; Lovano, pg. 41
- ↑ Lovano, pg. 45
- ↑ Lovano, pg. 47
- ↑ Smith, pg. 8
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Broughton, T. Robert S. (1952). The Magistrates of the Roman Republic. Volume II, 99 B.C. - 31 B.C. (em inglês). Nova Iorque: The American Philological Association. 578 páginas
- Lovano, Michael, The Age of Cinna: Crucible of Late Republican Rome (2002) (em inglês)
- Keaveney, Arthur, Sulla: The Last Republican (1982) (em inglês)
- Este artigo contém texto do artigo «Cneus Octavius» do Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology (em domínio público), de William Smith (1870).