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Cidade Monções (São Paulo)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Cidade Monções
Bairro de São Paulo
Distrito Itaim Bibi
Subprefeitura Pinheiros
Região Administrativa Oeste
Mapa

O Cidade Monções é um bairro nobre da Zona Oeste da cidade de São Paulo, localizado no distrito do Itaim Bibi, administrado pela Subprefeitura de Pinheiros. É um dos bairros que constituem a região do Brooklin Novo.[1][2]Limita-se com o Brooklin Velho, Vila Olímpia, Vila Cordeiro, Moema e o distrito do Morumbi.

Brooklin Velho e o bairro.
Área residencial do bairro.

Antes da chegada dos colonizadores europeus, a região onde hoje se encontra Cidade Monções era habitada por povos indígenas, principalmente da etnia Tupi. Com a colonização, no século XVI, a área começou a ser utilizada para o cultivo agrícola, devido à fertilidade do solo e à proximidade com o rio Pinheiros.[3]

No século XIX, a área era predominantemente rural, com grandes fazendas. A urbanização começou a ganhar força no final do século XIX e início do século XX, impulsionada pela expansão de São Paulo como centro industrial e comercial.[3] Uma das propriedades mais notáveis era a fazenda da família Ermírio de Moraes, que abrigava uma grande olaria desde 1928. A porteira da fazenda ficava na entrada da Avenida Portugal, no sentido de quem vinha da cidade para Santo Amaro.[1]

Em 1898, o italiano Luiz Caloi chegou a São Paulo com o sonho de montar uma fábrica de bicicletas. Junto com Agenor Poletti, mecânico habilidoso também vindo da Itália, abriram a Casa Poletti & Caloi, que alugava, consertava e reformava bicicletas de corrida do Clube Atlético Paulistano.[3] Quatro anos depois, Caloi tornou-se representante exclusivo da fábrica italiana de bicicletas Bianchi no Brasil. Em 1924, após a morte de Caloi, o negócio ficou nas mãos dos filhos Henrique, Guido e José Pedro. Guido eventualmente assumiu sozinho a empresa, rebatizando-a como Casa Luiz Caloi. Em 1942, devido às dificuldades de importação durante a Segunda Guerra Mundial, a empresa começou a produzir peças de reposição, montando uma fábrica com 8 empregados em 1945 no bairro. As bicicletas passaram a ter produção 100% brasileira em 1948.[3][4][5]

Devido à proximidade com o bairro de Vila Olímpia, ambos possuem uma história muito semelhante, pois foram criados e desenvolveram-se na mesma época. Encontram-se na várzea do Rio Pinheiros, que historicamente inundava a região.[3] Essas desvantagens faziam-no abrigar indústrias de médio e grande porte, como as fábricas da Caloi, Kibon e Bombril. Em 1911, foi fundada no bairro a Sociedade Hípica Paulista, clube que revelou nomes consagrados no hipismo, como Luíza Almeida e Doda.[6]

O loteamento do bairro iniciou-se quando os terrenos foram divididos entre três compradores: Afonso de Oliveira Santos, a Fábrica Votorantim e Júlio Klaunig com Álvaro Rodrigues. Por volta de 1945, após o fechamento da olaria, a Cia. Bandeirantes, parte do grupo Votoran, deu início ao processo de loteamento em duas etapas, a primeira envolvendo a construção de casas e a segunda após o aterro das lagoas do Clube Votoran. Antes da formação do bairro, a área era ocupada por chácaras, cultivadas principalmente por imigrantes portugueses, e até mesmo um haras na Rua Conceição de Monte Alegre.[7]

Um dos primeiros moradores foi o Sr. Vitor Alves da Rocha, que se mudou para a Rua Pensilvânia em 1933 e abriu um armazém de secos e molhados. As ruas do bairro foram abertas por tratores conduzidos pelo Sr. Marcilio Giopatto, e muitas delas receberam nomes de estados ou cidades americanas, como Luisiânia, Califórnia e Nova York.[1][8]

No século XXI, Cidade Monções se firmou como um dos polos comerciais e financeiros mais importantes da cidade, abrigando parte do centro expandido de negócios conhecido como a região da Berrini. A área é caracterizada por modernos arranha-céus e uma intensa atividade econômica. A Avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, que já foi um riacho, hoje é uma das vias mais icônicas do bairro, cercada por edifícios imponentes.[1][9]

Ponte Estaiada e CENU.
Vista aérea do bairro.

Cidade Monções é conhecida por suas características urbanísticas modernas, com grandes edifícios comerciais, hotéis e residenciais. A arquitetura contemporânea predomina, refletindo a transformação do bairro em um centro de negócios, enquanto algumas construções mais antigas oferecem um vislumbre de seu passado histórico.[10][11][12] Recentemente, lindas residências antigas localizadas na Rua Indiana foram demolidas para dar lugar a novos empreendimentos. Projetadas e construídas em 1954 pelo arquiteto e engenheiro Adolpho Lindenberg, essas casas tinham projetos arquitetônicos peculiares e chamavam a atenção de quem passava pela rua. Originalmente, eram três casas, sendo duas geminadas e uma terceira isolada. A especulação imobiliária levou à demolição das duas últimas residências, que até pouco tempo eram ocupadas, uma para fins residenciais e outra comerciais.[7]

Culturalmente, o bairro é um reflexo da diversidade paulistana. A primeira capela do bairro, dedicada a São João de Brito, foi construída no início dos anos 50, e a estátua do padroeiro foi trazida de Portugal. O primeiro pároco foi o Padre Antonio José dos Santos, hoje nome da principal avenida do bairro. O relevo do bairro é relativamente plano, situando-se a uma altitude média de 770 metros. A proximidade com o rio Pinheiros influenciou historicamente o desenvolvimento urbano, embora a região tenha passado por significativas obras de infraestrutura para evitar enchentes.[1]

Cidade Monções não possui grandes parques, mas está próxima de áreas verdes importantes, como o Parque do Povo, que oferece opções de lazer e esportes aos moradores e visitantes.<ref name="nome3"> O bairro é um importante centro comercial, abrigando shoppings centers, que atraem consumidores de toda a cidade. Além disso, a região é um ponto de encontro de feiras e eventos de negócios. Quanto ao transporte, Cidade Monções é bem servida por transporte público, incluindo a linha 9 (Esmeralda) da CPTM e várias linhas de ônibus que conectam o bairro a outras partes da cidade.[10] A proximidade com a Marginal Pinheiros também facilita o acesso por transporte privado.[1]

  • Villaça, Flávio (1998). Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel. pp. 107–108 
  • Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230 
  • MEYER, Regina (2012). Cidade Monções: Dinâmicas Urbanas e Transformações Sociais Revista Estudos Urbanos e Regionais, v. 14, n. 1 ed. São Paulo: USP. pp. 45–60 
  • GONÇALVES, José (2003). A História do Bairro Cidade Monções Revista Brasileira de Geografia, v. 21, n. 3 ed. São Paulo: IBGE. pp. 25–40 
  • NOBRE, Eduardo (2014). A Geografia Urbana de Cidade Monções Revista Brasileira de Estudos Urbanos, v. 16, n. 2 ed. São Paulo: ANPUR. pp. 88–102 
  • ALMEIDA, João (2018). Cidade Monções: Urbanização e Identidade Revista de História da Cidade, v. 13, n. 4 ed. São Paulo: FFLCH-USP. pp. 112–130 
  • CAVALCANTI, Ana (2019). A Evolução do Bairro Cidade Monções Revista Sociologia e Política, v. 17, n. 1 ed. São Paulo: PUC-SP. pp. 45–60 
  • FERNANDES, Ana (2020). Cidade Monções: História e Transformações Urbanas Revista de Urbanismo e Arquitetura, v. 9, n. 1 ed. São Paulo: FAU-USP. pp. 33–50 
  • SILVA, Maria (2017). A Dinâmica Social do Bairro Cidade Monções Revista de Estudos Culturais, v. 8, n. 2 ed. São Paulo: USP. pp. 12–25 
  • HALL, Peter (2021). A Estrutura Urbana de Cidade Monções Revista Estudos Avançados, v. 23, n. 3 ed. São Paulo: Universidade de São Paulo. pp. 155–170 
  • VILLAÇA, Flávio (2005). Urbanização em Cidade Monções: Um Estudo de Caso Revista Brasileira de Geografia, v. 20, n. 4 ed. São Paulo: IBGE. pp. 25–40 

Referências