Álcool combustível
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Álcool combustível pode ser um biocombustível (bioetanol) produzido, geralmente, a partir da cana-de-açúcar, mandioca, batata,[1] milho e beterraba. E pode ser um combustível sintético, produzido de recursos naturais renováveis como carvão (etanol de carvão),[2] madeira (metanol) [3] e de recursos não renováveis (como derivados do petróleo).[4]
História
[editar | editar código-fonte]Ele é utilizado desde o início da indústria automotiva, servindo de combustível para motores a explosão do tipo ciclo Otto. Porém, com a utilização de combustíveis fósseis, no começo do século XX, mais barato e abundante, o etanol tornou-se uma opção praticamente ignorada.
A utilização do etanol que sem dúvida é a mais frequente, e que se iniciou tão logo surgiram os primeiros motores a combustão interna,[5] é seu uso como combustível: a maior parte da produção de álcool do mundo é destinada a fins energéticos, e a maior parte utilizada para fins energéticos é etanol [6] (ver: Energia sustentável). Neste aspecto, também é usado misturado à gasolina, (ver: Misturas comuns do álcool combustível) para aumentar a resistência a compressão dela (octanagem).[7] Governos têm estimulado estas substituições já visando o esgotamento das reservas naturais de combustíveis fósseis.[8]
No século XXI, estuda-se o uso do etanol na produção do hidrogênio "verde".[9] Este tipo de hidrogênio, é denominado "verde" pois é obtido com o uso fontes energéticas "limpas".[9]
Alemanha
[editar | editar código-fonte]Durante a Segunda Guerra Mundial, os mísseis V-2 utilizaram como combustível, álcool feito a partir de batatas.[10]
Brasil
[editar | editar código-fonte]A primeira experiência de uso do etanol como combustível no Brasil aconteceu no ano de 1925,[11] com a criação do primeiro carro a álcool do país.[12] Em 1927, a Usina Serra Grande Alagoas foi a primeira do país a produzir etanol combustível (conhecido como USGA).[13] Outras misturas de etanol combustível surgiram no país durante este período: Azulina, Motorina e Cruzeiro do Sul entre outras.[14] No início da década seguinte, com a queda nos preços do petróleo, estes empreendimentos não tiveram condições de prosseguir.
A partir da crise do petróleo, na década de 1970, o Governo brasileiro, numa atitude isolada internacionalmente, criou o programa Pró-álcool, e o etanol novamente recebeu as atenções como biocombustível de extrema utilidade.
Enquanto o governo promovia estudos econômicos para a sua produção em grande escala, oferecendo tecnologia e até mesmo subsídios às usinas produtoras de açúcar e álcool, as indústrias automobilísticas instaladas no Brasil na época - Volkswagen, Fiat, Ford, General Motors e Chrysler - adaptavam seus motores para receber o álcool combustível. Daí, surgiriam duas versões no mercado: motor a álcool e a gasolina.
O primeiro carro a álcool lançado foi o Fiat 147 em 1978. Daí até 1986, o carro a álcool ganhou o gosto popular dos brasileiros, sendo que a quase totalidade dos veículos saídos das montadoras brasileiras naquele ano utilizava esse combustível.
A partir de então, o consumo de álcool apresentou queda gradual. Os motivos passam pela alta no preço internacional do açúcar, o que desestimulou a fabricação de álcool. Com o produto escasseando no mercado, o Governo brasileiro iniciou a importação de etanol dos Estados Unidos, em 1991, ao tempo que ia retirando, progressivamente, os subsídios à produção, promovendo a quase extinção do Pró-Álcool. A queda no uso desse biocombustível também se deveu, ao longo da década de 1990, a problemas técnicos nos motores a álcool, incapazes de um bom desempenho nos períodos frios, principalmente. Durante a década, com altas inesperadas no preço do petróleo, o álcool seria misturado à gasolina, numa taxa em torno de vinte por cento, como forma de amenizar o preço da gasolina ao consumidor.
No início do século XXI, na certeza de escassez e de crescente elevação no preço dos combustíveis fósseis, priorizam-se novamente os investimentos na produção de etanol por um lado e, por outro, um amplo investimento na pesquisa e criação de novos biocombustíveis. Diante de uma situação nacional antiga e inconstante, justamente causada pelas altas e baixas do petróleo, as grandes montadoras brasileiras aprofundaram-se em pesquisas e, dessa forma, lançaram uma tecnologia revolucionária: os carros dotados de motor bicombustível ou Flex, fabricados tanto para o uso de gasolina quanto de álcool em qualquer proporção.
No Brasil, o termo "Álcool" foi substituído para "Etanol" a partir de setembro de 2010 por conta de uma resolução da ANP.[15] Na década de 2020, o país estuda o emprego de etanol e vinhoto (um resíduo de sua produção) para a fabricação de hidrogênio verde.[16][17] Neste mesmo período pesquisa-se o uso de etanol, como substituto do hidrogênio puro, no abastecimento de células de combustível automotivas.[18][19]
China
[editar | editar código-fonte]Em 2017, a China criou a primeira usina para produção de etanol de carvão do mundo.[20] Normalmente o álcool combustível, do tipo bioetanol, é produzido através de fermentação/destilação de matéria-prima de origem vegetal (biomassa). Na China estes métodos são considerados inconvenientes, por causa da escassez de terras para a agricultura.[21] O país tem grandes reservas de carvão e, usando-as na produção de etanol pretende poupar as terras aráveis destinado-as para a produção de alimentos.[22] A produção inicial foi de 100 000 toneladas métricas mas, para o ano de 2020, é esperada uma produção dez vezes maior.[23]
Estados Unidos
[editar | editar código-fonte]O empresário Henry Ford defendia o uso de bioetanol como combustível, por acreditar que tornaria-se economicamente mais viável que os derivados do petróleo.[1] Durante a II Guerra Mundial o exército dos Estados Unidos Manteve uma usina em Omaha (Nebraska) para a produção e realização experiências com bioetanol.[24] Ainda durante a II Guerra Mundial, em algumas regiões do país, o álcool combustível foi usado em máquinas agrícolas e automóveis.[25]
Reino Unido
[editar | editar código-fonte]Em 1908, o Reino Unido realizou experiências, na África, com etanol extraído da cana-de-açúcar e de cactos, em motores de caminhões.[1] Na I Guerra Mundial, o British Alcohol Motor Fuel Committee prosseguiu com a pesquisa.[1]
Suécia
[editar | editar código-fonte]A partir de 2007, a frota de ônibus de Estocolmo passou a ser equipada com motores a álcool, movidos por bioetanol de fabricação brasileira.[26] Depois de uma década, cerca de 600 destes veículos eram movidos por bioetanol.[26]
Galeria
[editar | editar código-fonte]-
Informação em uma bomba de combustível na Califórnia.
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Vista panorâmica da Destilaria Costa Pinto em Piracicaba, fábrica que produz açúcar e etanol combustível além de outros tipos de álcool.
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Escala utilizada para medir o Grau INPM nas nas bombas dos postos brasileiros.
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
- ↑ a b c d Henry Ford and Grass-roots America. Autor: Reynold M. Wik. University of Michigan Press, 1973, págs. 143 a 145, (em inglês) ISBN 9780472061938 Adicionado em 22/03/2018.
- ↑ Springer - Biological production of ethanol from coal synthesis gas. J. R. Phillips, K. T. Klasson, E. C. Clausen & J. L. Gaddy. Setembro de 1993, (em inglês) Acessado em 22/03/2018.
- ↑ Encyclopædia Britannica - Methanol chemical compound (em inglês) Acessado em 22/03/2018.
- ↑ Betalabservices - Etanol sintético: Tendências e fornecimento em nível global. Acessado em 22/03/2018.
- ↑ «O etanol como combustível». Como tudo funciona. Consultado em 23 de outubro de 2011. Arquivado do original em 27 de maio de 2011.
O álcool etílico é utilizado como combustível desde o nascimento dos automóveis, na tentativa de adaptar os motores recém inventados para a sua utilização.
- ↑ «Álcool - Etanol Brasileiro». biodieselbr.com. Consultado em 23 de outubro de 2011.
O Brasil é o país mais avançado, do ponto de vista tecnológico, na produção e no uso do etanol como combustível [...]. A produção mundial de álcool aproxima-se dos 40 bilhões de litros, dos quais presume-se que até 25 bilhões de litros sejam utilizados para fins energéticos. O Brasil responde por 15 bilhões de litros deste total.
- ↑ «APLICAÇÃO DO MÉTODO DE ANÁLISE DOS COMPONENTES PRINCIPAIS COM ESPECTROSCOPIA RAMAN EM SISTEMAS DE ETANOL-METANOL.» (PDF). Centro Universitário de Franca. 1 páginas. Consultado em 23 de outubro de 2011.
O etanol é utilizado na obtenção de bebidas alcoólicas [...]; como combustível tanto puro como coadjuvante no aumento da octanagem das gasolinas; na formulação de produtos farmacêuticos [...].
- ↑ «ETANOL, ALCOOLQUÍMICA E BIORREFINARIAS» (PDF). BNDES Setorial. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Março de 2007. 15 páginas. Consultado em 23 de outubro de 2011. Arquivado do original (PDF) em 13 de agosto de 2011.
A substituição de combustíveis fósseis por biocombustíveis tem sido estimulada pelos governos [...] pela perspectiva de esgotamento das reservas mundiais [...].
- ↑ a b Julia Azevedo. «O que é hidrogênio verde e qual sua importância?». ECycle. Consultado em 21 de setembro de 2022
- ↑ A Lucky Survivor from a Lost Land. Autor: Armin W. Becker. Trafford Publishing, 2012, pág. 19, (em inglês) ISBN 9781466963740 Adicionado em 22/03/2018.
- ↑ (em português) Instituto Nacional de Tecnologia Arquivado em 12 de outubro de 2012, no Wayback Machine. - Terças Tecnológicas apresenta um panorama das pesquisas em biocombustíveis nos últimos 90 anos. Página visitada em 8 de Janeiro de 2013.
- ↑ (em português) Brasil.Gov Arquivado em 4 de março de 2018, no Wayback Machine. - Instituto Nacional de Tecnologia (INT). Página visitada em 8 de Janeiro de 2013.
- ↑ (em português) Biodieselbr - acessado em 8 de Setembro de 2010.
- ↑ (em português) Ambiente SP Arquivado em 3 de dezembro de 2010, no Wayback Machine. - págs 42 e 43. Acessado em 8 de Setembro de 2010.
- ↑ Economia.Terra Arquivado em 14 de julho de 2014, no Wayback Machine. - Postos terão que chamar álcool de etanol, determina ANP. 11 de dezembro de 2009. Acessado em 17 de Dezembro de 2014.
- ↑ «Tecnologia brasileira quer transformar resíduo da produção de etanol em hidrogênio verde». Jornal da USP. 24 de janeiro de 2022. Consultado em 21 de setembro de 2022
- ↑ «Campeão na produção de etanol, Brasil tem vantagens na era do hidrogênio verde». www.h2verdebrasil.com.br. Consultado em 21 de setembro de 2022
- ↑ «Pesquisadores investigam como converter etanol em eletricidade e hidrogênio por meio de reforma eletroquímica». Jornal da USP. 22 de junho de 2022. Consultado em 20 de outubro de 2022
- ↑ Garcia, Rafael H.L. (15 de junho de 2021). «IPEN/CNEN e Nissan renovam parceria para lançar célula a combustível a etanol no Brasil». IPEN. Consultado em 20 de outubro de 2022
- ↑ China Daily - China creates world's first coal-to-ethanol production line. Zhang Zhihao, 17 de Março de 2017, (em inglês) Acessado em 28/03/2018.
- ↑ Asian Scientist - World’s First Coal-To-Ethanol Plant Up And Running In China.
- ↑ China Daily - Facility first to get ethanol from coal. Zhang Zhihao, 20 de Março de 2017, (em inglês) Acessado em 28/03/2018.
- ↑ The Star - Turning coal into pure ethanol. 18 de Março de 2017, (em inglês) Acessado em 28/03/2018.
- ↑ Renewable Fuel Standard: Potential Economic and Environmental Effects of U.S. Biofuel Policy.
Autores: National Research Council, Division on Engineering and Physical Sciences, Board on Energy and Environmental Systems, Division on Earth and Life Studies, Board on Agriculture and Natural Resources, Committee on Economic & Environmental Impacts of Increasing Biofuels Production.
National Academies Press, 2012, pág. 17, (em inglês) ISBN 9780309187510 Adicionado em 22/03/2018. - ↑ Distilled in Maine: A History of Libations, Temperance & Craft Spirits. Autora: Kate McCarty. Arcadia Publishing, 2015, pág. 105, (em inglês) ISBN 9781625853288 Adicionado em 22/03/2018.
- ↑ a b «Etanol completa uma década de uso em caminhões e ônibus europeus». Jornal Paraná. 29 de setembro de 2017. Consultado em 19 de novembro de 2019