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Conflito entre Chade e Líbia

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Conflito entre Chade e Líbia

Faixa de Aouzou, destacada em vermelho.
Data 29 de janeiro de 197811 de setembro de 1987
Local Chade
Desfecho Vitória do Chade
Mudanças territoriais Chade ganha o controle da Faixa de Aouzou
Beligerantes
Líbia Chade
 França
Zaire

Auxiliado por:
 Estados Unidos
 Egito
Sudão
Comandantes
Muammar al-Gaddafi
Massoud Abdelhafid
Khalifa Haftar  Rendição (militar)
Abdullah Senussi
Ahmed Oun
Abu-Bakr Yunis Jabr
Abdel Fatah Younis
Chade Hissène Habré
Chade Hassan Djamous
Chade Idriss Déby
França Valéry Giscard d'Estaing (1974-1981)
França François Mitterrand (1981-1988)
Mobutu Sese Seko
Baixas
7 500+ mortos
1 000+ capturados
800+ Veículos blindados
28+ aeronaves
1 000+ mortos

O Conflito entre Chade e Líbia foi um estado de guerra com eventos esporádicos de violência no Chade entre 1978 e 1987, entre as forças do Chade e da Líbia. A Líbia tinha sido envolvida nos assuntos internos do Chade antes de 1978 e antes da ascensão ao poder de Muammar al-Gaddafi na Líbia em 1969, começando com a extensão da Guerra Civil do Chade para norte do Chade, em 1968. [1] O conflito foi marcado por uma série separada de quatro intervenções da Líbia no Chade, que ocorreram em 1978, 1979, 1980-1981 e 1983-1987. Em todas essas ocasiões, Kadhafi tinha o apoio de várias facções que participam na guerra civil, enquanto os adversários da Líbia encontraram o apoio do governo francês, que interveio militarmente para salvar o governo do Chade em 1978, 1983 e 1986.

O padrão militar da guerra em si foi delineado em 1978, com os líbios fornecendo armas, artilharia e apoio aéreo aos seus aliados no Chade e com a infantaria a assumir a maior parte da luta. [2] Este padrão mudou radicalmente em 1986, para o fim da guerra, quando todas as forças do Chade unidas à oposição à ocupação do norte do país pela Líbia, com um grau de unidade que nunca havia sido visto antes, no Chade. [3] Esta privou as forças da Líbia de sua infantaria habitual, exatamente quando viram-se enfrentando um exército móvel, com mísseis anti-tanque e anti-aéreos, cancelando assim a superioridade da Líbia em poder de fogo. O que se seguiu foi a chamada "Guerra dos Toyota", em que as forças líbias foram derrotadas e expulsas do Chade, pondo fim ao conflito.

Dentre os motivos que explicariam o envolvimento do Regime Líbio com o Chade, aponta-se que a razão inicial seria o interesse em anexar a Faixa de Aouzou, uma estreita faixa territorial no extremo norte do Chade que era reivindicada como parte da Líbia, em razão de um tratado ratificado no período colonial[1], e que foi tomada pelo Regime Líbio em 1973[4]. Segundo o historiador Mário Azevedo, a partir de 1972, o Regime Líbio passou a ter dentre seus objetivos: a transformação do Chade em um estado cliente da Líbia, uma república islâmica modelada no Jamairia, que manteria estreitas relações com a Líbia, para garantir seu controle sobre a Faixa de Aouzou; expulsão dos franceses da região, e a utilização daquele país como uma base para expandir sua influência na África Central. [5]

Zona controlada pelo GUNT no Chade em 1986/1987 (verde claro), "linha vermelha" nas latitudes 15 e 16 (1983 e 1984) e a Faixa de Aouzou ocupada pela Líbia (verde escuro).
  • Em 1973, o Regime Líbio ocupou a Faixa de Aouzou, um território rico em urânio e outros minerais;
  • No final de 1980, milhares de soldados líbios ingressaram no território do Chade para apoiar um dos lados na Guerra Civil daquele país;
  • Em novembro de 1981, o governo do Chade pediu a retirada dos militares líbios, cujo número era calculado entre 7.000 a 10.000 homens, para ser substituído por forças de paz da Organização da Unidade Africana (OUA). Tal retirada foi parcial, pois tropas líbia continuaram a ocupar a Faixa de Aouzou;
  • Em junho de 1982, Goukounin Oueddei, que presidia o Chade apoiado pela Líbia foi derrubado por Hissène Habré, apoiado pela França, e muitos dos funcionários e militares do governo deposto buscaram refúgio na Líbia ou na Faixa de Aouzou;
  • Em 1983, após diversos combates, a Líbia e a França concordaram em retirar suas tropas do Chade, a França cumpriu o acordo em 1984, mas as tropas líbias continuaram a intervir no conflito e mantiveram o controle de cerca de 40% do território, ocupando a porção setentrional daquele país;
  • Em 1986, Goukounin Oueddei anunciou de seu exílio na Líbia, que ele estava disposto a negociar com o novo governo, tal declaração não foi apoiada por todos os rebeldes do Chade que eram apoiados pelo regime líbio. Por sua vez, os líbios receberam tal declaração como uma traição e condenou o Oueddei à prisão domiciliar. A luta continuou no território do Chade, com o governo apoiado pela França e pelos Estados Unidos, e os rebeldes apoiados pela Líbia e pela União Soviética;
  • Em agosto de 1989 o Chade e a Líbia assinaram um acordo de paz mediado pela Argélia, embora as incursões da Líbia no Chade tenham continuado até 1990;
  • Em agosto de 1990, o Chade anunciou que os dois lados concordaram em submeter a controvérsia sobre a Faixa de Aouzou ao Tribunal Internacional de Justiça;
  • Em dezembro de 1990, Hissène Habré foi derrubado por Idriss Déby, dirigente rebelde apoiados pela Líbia, e cerca de 2.250 prisioneiros de guerra líbios foram libertados e retornaram ao seu país, enquanto que 350 foram para os Estados Unidos pois participavam de um grupo treinado pela CIA para ser uma oposição armada ao Regime Líbio;
  • No início de 1994, o Tribunal Internacional de Justiça decidiu que o Chade teria a soberania sobre a a Faixa de Aouzou e a Líbia retirou-se daquele território definitivamente em maio daquele ano.[4]

Referências

  1. a b K. Pollack, Arabs at War, p. 375
  2. K. Pollack, p. 376
  3. S. Nolutshungu, Limits of Anarchy, p. 230
  4. a b Libya Arquivado agosto 4, 2012 no WebCite , em inglês, acesso em 24 de novembro de 2012
  5. M. Azevedo, Roots of Violence, p. 151