Ill Bethisad
Ill Bethisad (que significa "O Universo" na língua fictícia Brithenig) é um projeto colaborativo de história alternativa criado em 1997 pelo neozelandês Andrew Smith e que hoje já conta com 70 participantes.[1][2]
O projeto, originalmente chamado de Projeto Brithenig, possui um caráter bastante enciclopédico, com línguas construídas, mapas, bandeiras, curtas-metragens e descrições das culturas, religiões e tecnologias da linha do tempo alternativa, além de histórias que se passam nela. Ill Bethisad pode ser considerado do gênero steampunk devido ao uso prevalente de tecnologias do século XIX e inexistência das tecnologias digitais modernas.
Pontos de divergência
[editar | editar código-fonte]O principal ponto de divergência de Ill Bethisad é um Império Romano mais forte. No entanto, a maior parte da história geral ocorre de forma similar à do mundo real, o que faz com que vários países e regiões tenham seus próprios pontos de divergência separados, entre os quais:[3]
- O latim vulgar se torna a língua "popular" não só na França e nas penínsulas Ibérica e Itálica, mas também nas Ilhas Britânicas e na Europa central, fazendo com que surjam línguas latinas alternativas, como o Brithenig (surgido nas Ilhas Britânicas) e o Wenedyk (surgido na Polônia, que nessa linha do tempo se chama Veneda).
- As partições de Veneda são interrompidas por Napoleão Bonaparte, fazendo com que a República das Duas Nações continue a existir até hoje como a República das Duas Coroas.[4] Seu território atual consiste nos territórios combinados da Polônia, Lituânia e Prússia Oriental no período entreguerras. Ela também possui uma colônia na África: a Gâmbia (parte da qual, no mundo real, pertenceu a um príncipe que era vassalo da Polônia do século XVII).
- Uma língua germânica similar ao tcheco desenvolveu-se na Boêmia (correspondente à República Tcheca no mundo real) e na Silésia sob pressão da nobreza de Habsburgo, que queria uma língua unificada em seu território.[5]
- O Exército Branco derrota os bolcheviques na Guerra Civil Russa, produzindo um governo nacionalista.[6]
- O Reino de Castela e a Coroa de Aragão nunca se fundem na Espanha.[7]
- Napoleão não ataca a Rússia e nem é derrotado na Batalha de Waterloo.[8]
- A Revolução Americana não ocorre, fazendo com que os Estados Unidos jamais surjam. Em seu lugar, há uma Liga Norte-Americana e cada um de seus estados é sujeito a uma coroa europeia.
No geral, há mais países independentes que no mundo real, e monarquias constitucionais, federações, colônias e condomínios são muito mais comuns.[5]
Na história de Ill Bethisad, línguas extintas ou minoritárias como o catalão, o baixo-alemão e gótico da Crimeia, entre outras, tornaram-se bem mais faladas e distribuídas em suas respectivas regiões que na história do mundo real. Além disso, tecnologias que caíram em desuso ou não se desenvolveram no nosso mundo são exploradas e amplamente utilizadas.[9] Por exemplo, zepelins e ecranoplanos ainda estão em uso tanto no meio militar como civil. Por outro lado, a computação ainda está engatinhando e não há nenhum Vale do Silício na América do Norte, ainda que centros de tecnologia da informação existam na Irlanda.
Línguas alternativas
[editar | editar código-fonte]Línguas artificiais desempenham um papel importante em Ill Bethisad. Pode-se dizer que o projeto seja um caldeirão, se não o berço, de um subgênero inteiro de línguas artificiais: as línguas alternativas. Até o presente momento, já foram criadas para o projeto mais de trinta línguas em níveis variados de construção.[10] Entre elas estão o Brithenig, uma língua latina com influências celtas (principalmente o galês) que surgiu nas Ilhas Britânicas no lugar do inglês,[11][12][13] Wenedyk (que é o resultado de um polonês derivado do latim),[14][15][16] boêmio (Pémišna: tcheco germanizado),[5] dálmata (uma língua latina similar ao romeno baseada na língua extinta de mesmo nome), xliponiano (língua latina que lembra superficialmente o albanês, falada na região correspondente a Epiro) e várias línguas eslavas "setentrionais", semelhantes ao finlandês, faladas na região da Carélia.[17][9]
O nome Ill Bethisad, por sua vez, significa "o universo" em Brithenig. É um calque da palavra galesa bydysawd, que vem do latim baptizatum (a mesma palavra que deu origem a "batizado" em português).
Vários idiomas do nosso mundo também são de algum modo diferentes em Ill Bethisad. Já outros, tais como o alemão, o italiano e o russo, parecem ser exatamente iguais. Em muitos casos, como os do espanhol, inglês e japonês, as mudanças são ligeiras e afetam, sobre tudo, a ortografia e as latinizações. Um exemplo é a língua da Galícia, que é chamada de ruteno (em vez de ucraniano) e é escrito com o alfabeto polonês em vez de cirílico.[18] Já outras mudanças são mais drásticas: o croata do mundo de Ill Bethisad, por exemplo, é uma língua eslava inventada muito mais próxima do tcheco do que do croata do nosso mundo,[19] e o dálmata dessa linha do tempo parece ter muito mais influência eslava.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- Culturas de Ill Bethisad (em inglês)
- Wiki de Ill Bethisad (em inglês)
Referências
- ↑ bethisad.com
- ↑ The Dictionary of Made-Up Languages: From Elvish to Klingon, The Anwa, Reella, Ealray, Yeht (Real) Origins of Invented Lexicons by Stephen D Rogers
- ↑ Ytterbion's Rules of Creation
- ↑ «Republic of the Two Crowns». Steen.free.fr. Consultado em 21 de dezembro de 2013
- ↑ a b c Jan Oliva, Virtuální vlasnictví (diplomová práce), Hradec Králové 2006, p. 6.
- ↑ «RUSSIA in Ill Bethisad». Steen.free.fr. Consultado em 21 de dezembro de 2013
- ↑ «History of Castile and Leon - IBWiki». Ib.frath.net. Consultado em 21 de dezembro de 2013
- ↑ Jakub Kowalski, Wymyślone języki, em: Relaz.pl, 2 de março de 2007.
- ↑ a b Jan Havliš, "Výlet do Conlangey", in: Interkom, 2008/3 (243), pp. 17-21.
- ↑ «IB Languages - IBWiki». Ib.frath.net. 12 de abril de 2012. Consultado em 21 de dezembro de 2013
- ↑ Sarah L. Higley. Audience, Uglossia, and CONLANG: Inventing Languages on the Internet. M/C: A Journal of Media and Culture 3.1 (2000).
- ↑ Arika Okrent, In the Land of Invented Languages: Esperanto Rock Stars, Klingon Poets, Loglan Lovers, and the Mad Dreamers Who Tried to Build a Perfect Language, 2009, str. 321.
- ↑ Mikael Parkvall, Limits of Language. Almost Everything You Didn't Know You Didn't Know about Language and Languages, 2008, p. 131.
- ↑ Dorota Gut, : Now@ Mow@ ("New Language"), in: Wiedza i Życie, February 2004.
- ↑ Ziemowit Szczerek, Świat, gdzie Polska nie jest Polską, em: Interia.pl, 26 de setembro de 2008.
- ↑ Anna-Maria Meyer, Wiederbelebung einer Utopie: Probleme und Perspektiven slavischer Plansprachen im Zeitalter des Internets, p. 266, 2014, ISBN 9783863092337
- ↑ Tilman Berger, Vom Erfinden Slavischer Sprachen, in: M. Okuka & U. Schweier, eds., Germano-Slavistische Beiträge. Festschrift für P. Rehder zum 65. Geburtstag, München 2004, pp. 24-25.
- ↑ «Hołowna Storinka - IBWiki». Ib.frath.net. Consultado em 21 de dezembro de 2013
- ↑ «Croatian - IBWiki». Ib.frath.net. Consultado em 21 de dezembro de 2013