2 - Geracao - Modernista - Prosa - Introdução e Vidas Secas

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O romance de 1930

2ª Geração
Romance regionalista
• Realidade específica de
uma região

Particularidade Tipos humanos


s geográficas específicos

Práticas
Linguagem sociais
própria semelhantes
O Romance de 30
• Herança romântica (romances regionalistas)

Queriam retratar de
Diferença: não há uma maneira realista a vida
idealização e sacrificada e desumana
subjetividade romântica do sertanejo: romances
neorrealistas

A literatura, portanto, redescobre


o sertão
Sertão Quem daqui conhece o
sertão?

• A origem da palavra “sertão” é controvertida. Alguns


afirmam ser derivada de um vocábulo de origem
angolana: “muceltão”, que quereria dizer “lugar
interior”, “terra entre terras”, “local distante do mar”.
O vocábulo angolano teria sido alterado para “celtão”
e depois “certão” até adquirir a forma atual “sertão”.

• Outra versão, mais aceita, atribui a palavra “sertão”


ao étimo latino “desertanu”, utilizado para designar
regiões interioranas, longe do litoral porém não
necessariamente de clima árido e que teria sido
modificado para “desertão” e depois, apenas “sertão”.
Fotográfo: Jefte Kerison, sertão paraibano
Fotográfo: Jefte Kerison, sertão angolano
Fotográfo: Jefte Kerison, sertão
do Rio Grande do Norte
Regionalismo de 30
Características gerais
• Caráter documental – registro da realidade social;
• denúncia da realidade brasileira – país atrasado,
vítima da colonização, fundamentado no latifúndio;
• diferença dos centros urbanos – consciência de
classe, organização das massas assalariadas;
• influências do romance realista russo e do marxismo;
Na arte – Asa Branca
(Gonzagão)
Quando olhei a terra ardendo Inté mesmo a asa branca
Bateu asas do sertão
Qual a fogueira de São João
Entonce eu disse, adeus, Rosinha
Eu perguntei a Deus do céu, uai Guarda contigo meu coração
Por que tamanha judiação? Entonce eu disse, adeus, Rosinha
Eu perguntei a Deus do céu, uai Guarda contigo meu coração
Por que tamanha judiação? Hoje longe muitas léguas
Numa triste solidão
Espero a chuva cair de novo
Que braseiro, que fornalha Pra mim vortar, ir pro meu sertão
Nenhum pé de plantação
Por falta d'água, perdi meu gado Quando o verde dos teus olhos
Morreu de sede meu alazão Se espalhar na plantação
Eu te asseguro, não chore não, viu
Por farta d'água, perdi meu gado Que eu voltarei, viu, meu coração
Morreu de sede meu alazão Eu te asseguro não chore não, viu
Que eu voltarei, viu, meu coração
Retirantes (1944),
Cândido Portinari
Regionalismo de 30
Características gerais
• relações entre literatura e realidade – função literária
≅ função social;
• personagens devem estar próximas dos homens
concretos;
• expor a realidade – compromisso de transformá-la;
• tipos – coletivização das personagens a fim de
apresentar um amplo painel humano;
• problemas individuais tornam-se problemas coletivos.
Descolament
o geográfico
• A ficção brasileira sai do
eixo Rio-São Paulo e se
desloca para Maceió – AL:
• José Lins do Rego, Rachel
de Queiroz, Graciliano
Ramos
• E para a Bahia: Jorge
Amado
Características do autor
• Principal romancista da geração de 1930;
• engajamento político de esquerda, comunista;
• ultrapassa tendências regionalistas – atinge o
universal;
• PARTICULAR UNIVERSAL;
• atinge dimensão universal a partir de um exemplo
individual.
Primeiro livro do autor em terceira pessoa –
maior objetividade;

capítulos relativamente independentes –


cada um apresenta um ritmo próprio;
Característica
s do romance
o romance surge a partir de um conto que
se transformaria no capítulo “Baleia”;

característica circular e sem fim da


“odisséia” dos retirantes – começa em
“Mudança” e termina em “Fuga”.
“Na planície avermelhada os juazeiros alargavam duas
manchas verdes. Os infelizes tinham caminhado o dia
inteiro, estavam cansados e famintos.”
“Mudança”
Espaço físico
• O espaço é indeterminado – caráter universal da experiência da seca
no sertão;
• simbiose entre paisagem hostil e vida humana miserável;
• determinismo (Neonaturalismo) - influência do meio sobre o homem
que o habita;
• espaço hostil = homem animalizado.
Tempo
• Indeterminado – confere caráter universal à
narrativa;
• história em ciclo, espiral – inicia-se com a
fuga de uma seca e termina com a fuga de
outra;
• caráter incessante dos tormentos da seca
sobre a vida do sertanejo, como se ela (a
seca) fosse eterna;
• o tempo predominante não é cronológico, os
fatos não ocorrem na ordem em que são
narrados;
• tempo psicológico – os fatos se desenrolam a
partir da memória e da interioridade das
Linguagem
• Linguagem enxuta e seca, como a realidade retratada;
• vocabulário pobre e mirrado como a realidade morta do sertão;
• economia de linguagem, dizer o mínimo necessário – dificuldade de
comunicação das próprias personagens.
Capacidade comunicativa
• Personagens carentes de linguagem, quase mudos –
aproximam-se dos bichos;
• desprovidos de linguagem – deixam de ser seres racionais;
• busca pela linguagem – meio de compreender a realidade que
os cerca (a natureza hostil e a autoridade injusta);
• conflitos de linguagem das personagens – busca do próprio
escritor por uma via de expressão dessa realidade;
• seres de linguagem – tão poderosos como a seca;
• a exploração e a dominação são exercidas por aqueles que
detêm o poder da comunicação.
Personagens
• Duplamente vitimados – pela seca e pela
exploração econômica;
• ignorância, incapacidade verbal e falta de
autoconsciência – animalização;
• carência total – não têm direito nem à terra nem à
linguagem;
• desumanização – tornam-se seres brutos,
coisificados, reificados (do latim res, coisa);
• perambulam por um mundo incompreensível, em
busca unicamente da sobrevivência;
• suas trajetórias oscilam do nada ao nada – ao
invés de do nada ao ser;
• indivíduos fechados, semimudos, presos à
ignorância e ao analfabetismo.
Discurso indireto livre
• Narrador revela o interior das personagens;
• meio-termo – objetividade do narrador em terceira
pessoa e subjetividade do narrador em primeira
pessoa;
• atmosfera de imobilidade – pouca ação, predomínio
da análise psicológica;
• revelação do universo mental fragmentado das
personagens.
Discurso indireto livre
Fabiano também não sabia falar. Às vezes largava nomes
arrevesados, por embromação. Via perfeitamente que tudo
era besteira. Não podia arrumar o que tinha no interior. Se
pudesse... Ah! Se pudesse, atacaria os soldados
amarelos que espancam as criaturas inofensivas.
Bateu na cabeça, apertou-a. Que faziam aqueles sujeitos
acocorados em torno do fogo? Que dizia aquele
bêbado que se esgoelava como um doido, gastando
fôlego à toa?
Sentiu vontade de gritar, de anunciar muito alto que eles não
prestavam para nada. Ouviu uma voz fina. Alguém no
xadrez das mulheres chorava e arrenegava as pulgas.
Rapariga da vida, certamente, de porta aberta. Essa
também não prestava para nada. Fabiano queria berrar
para a cidade inteira, afirmar ao doutor juiz de direito, ao
delegado, a seu vigário e aos cobradores da prefeitura que
ali dentro ninguém prestava para nada. Ele, os homens
acocorados, o bêbado, a mulher das pulgas, tudo era uma
lástima, só servia para agüentar facão. Era o que ele queria
dizer.
Considerações finais
• Em Vidas secas, Graciliano denuncia não só os
problemas brasileiros, mas de todos os homens
explorados pelo sistema capitalista excludente;
• no âmbito brasileiro, há a denúncia do sistema de
concentração de terras nas mãos de poucos, lançando
milhares na indigência;
• há também a denúncia do atraso do Nordeste e da
miséria dessa região, em contraposição ao progresso
do Sul.

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